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A HISTÓRIA DA FARMÁCIA MAGISTRAL: A história da farmácia está fortemente associada a “magias, teologia, alquimia, dogmas e também à ciência”. A HISTÓRIA DA FARMÁCIA MAGISTRAL.
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A HISTÓRIA DA FARMÁCIA MAGISTRAL: A história da farmácia está fortemente associada a “magias, teologia, alquimia, dogmas e também à ciência” .
A HISTÓRIA DA FARMÁCIA MAGISTRAL • A arte de selecionar, extrair, preparar e manipular drogas de origem vegetal, animal e mineral é tão antiga quanto o aparecimento do homem na terra, de tal forma que a “História da Farmácia” se mistura com a “História da nossa Civilização”. O aparecimento da Farmácia se dá quando o homem começa a usar os recursos naturais como fonte medicinal contra dores, doenças, injúrias e até mesmo contra a morte.
A HISTÓRIA DA FARMÁCIA MAGISTRAL • Até a chegada do século XX a farmácia era essencialmente magistral; as manipulações envolviam o uso da água, folhas, plantas, extratos de origem vegetal, mineral e animal, como medicamentos. • O conhecimento dos antigos era passado de geração a geração, resultando no aprimoramento destas técnicas. Este conhecimento era ainda enriquecido com algum “mistério e magia”, típicos da época. • Muitos procedimentos eram descritos por tribos indígenas através de seus pajés e líderes.
A HISTÓRIA DA FARMÁCIA MAGISTRAL • “A arte dos boticários” tem estado sempre associada a “mistérios” e ao “mundo dos espíritos”; uma estreita interface entre “o real e o imaginário”; • Na Bíblia encontramos a presença do “boticário ou perfumista” existindo vários relatos no Antigo Testamento que descrevem a “arte de manipular”; • A profissão do “boticário” ou “perfumista” aparece então como uma das primeiras da humanidade.
Relatos presentes no Antigo Testamento: 1- Êxodo 30:25. “Manipulação” do óleo da unção, preparado por Moisés: “Com esses ingredientes (mirra de primeira qualidade, cana odorífera, óleo de oliva etc) farás o óleo para a sagrada unção, um ungüento composto segundo a arte do perfumista”.
2- Ezequiel 47:12. Uso de plantas como remédio: “E sobre ambas as margens do rio crescerão árvores frutíferas das mais variadas espécies, cujas folhas não murcharão e cujos frutos nunca acabarão; amadurecerão de mês em mês, pois aquelas águas vêm do Santuário. Os frutos servirão de alimento e as folhas de remédio”.
2000 AC: Encontramos vários relatos da Civilização Chinesa (Imperadores Chineses SHEN NUNG, CHIN-NONG e outros) descrevendo a administração de drogas de origem vegetal sob a forma de extratos. Naquela época percebia-se que era bem mais fácil e agradável ingerir um extrato do que a planta na sua íntegra. Inicialmente, utilizou-se o processo mais simples de preparação, a maceração em água, e com o passar do tempo, foi-se associando a ação do calor assim como o uso de outros solventes (vinho e vinagre). Como formas farmacêuticas utilizadas existiam: cataplasmas, enemas, loções, infusões, decocções e outras.
1552 AC: Civilização Egípcia: coleção de cerca de 800 prescrições, na qual são citadas mais de 700 drogas (“Ebers Papyrus”). Como formas manipuladas são descritas: supositórios, enemas, formas para inalação, ungüentos, infusões, pílulas, colírios, emplastros etc). Encontramos também a descrição de equipamentos como: gral (“mortar”), moinhos manuais, peneiras e balanças. .
1552 AC Curiosidades da civilização egípcia: fórmulas para estancar hemorragias; para tratar o diabetes, diarréias; fórmulas para impedir o choro descontrolado de crianças; prevenir o aparecimento de cabelos brancos; fórmulas para fazer crescer cabelo; fórmulas para conservação dos dentes e outras.
460-370 AC: “A era de Hipócrates” Teoria Hipocrática dos humores: “o primeiro passo para o sucesso do tratamento é a purificação do corpo”. Defende o uso de sangrias, purgativos, eméticos, enemas e sudoríferos. Hipócrates: o “pai da medicina”
460-370 AC: “A era de Hipócrates” • Hipócrates fundamentou a sua prática médica (e a sua forma de compreender o organismo humano, incluindo a personalidade) na teoria dos quatro humores corporais (sangüíneo, fleumático, biliar ou bílis amarela e atrabiliar ou bílis negra) que, consoante as quantidades relativas presentes no corpo, levariam a estados de equilíbrio (eucrasia) ou de doença e dor (discrasia).
Início da era do Cristianismo100 DC Dioscorides: “farmacêutico botânico”. Discutiu a origem egípcia de 80 drogas vegetais na publicação De materia medica libri quinque (publicação de 5 volumes). Curiosidade: Foi o primeiro a usar o vinho como anestésico e como cauterizador de feridas.
130-200 DC: “A era de Galeno” • Claudius Galeno foi o maior médico grego depois de Hipócrates. • Foi um dos autores mais produtivos de todas as épocas, tendo escrito cerca de 500 tratados médicos, além de 250 publicações em áreas como filosofia, direito e gramática. • Suas publicações incluem descrições de numerosas drogas, assim como fórmulas e métodos de manipulação.
130-200 DC: “A era de Galeno” • Galeno foi um marco dentro da farmácia, principalmente devido ao grande número de formulações por ele desenvolvidas. Em sua homenagem temos os termos: “Farmácia Galênica”, “Produtos Galênicos”, “Desenvolvimento Galênico”, dentre outros. • Dentre estas muitas formulações temos o “cold cream” (Galen’s Cerate), base de creme desenvolvida originalmente por Claudius Galen e utilizada até os dias de hoje.
COLD CREAM (F. BRAS. I) FÓRMULA Cera de abelhas......................................................15% Óleo mineral............................................................50% Borato de sódio.........................................................1% Água destilada..........q.s.p.................................... 100% Indicação: hidratação das camadas superiores da epiderme, reforço da função de « barreira » protetora da pele.
1240: A Farmácia é “separada” da Medicina na Europa • Separação feita pela primeira vez pelo Imperador Alemão Frederick II, que entendendo o crescimento da complexidade e variedade do número de drogas, exigiu que aqueles que fossem trabalhar com estas substâncias se especializassem e dedicassem total atenção a esta arte. • Começam a aparecer as primeiras farmácias na Europa.
1498 • Publicada a Primeira Farmacopéia: “The Nuovo Receptario” (Florence, Italy); • É dado “status oficial” a profissão farmacêutica e todos os “boticários” devem segui-la.
1540: “A era de Paracelso” Paracelso é o pseudônimo do suíço Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim. • Médico aos 23 anos fez avançar grandemente os estudos da química, introduzindo o uso de substâncias químicas (enxofre, mercúrio, sal) para a cura de doenças.
1540: “A era de Paracelso” • Paracelso também introduziu na terapêutica o preparo e o uso medicinal de tinturas e extratos alcoólicos. • Seus estudos vieram a constituir uma das bases da química moderna e da farmacologia.
1617 • Organizada a primeira sociedade de farmacêuticos em Londres: “Master, Wardens and Society of the Art and Mystery of the Apothecaries of the City of London”
Séculos XVII e XVIII nos E.U.A.: • Em 1640, John Winthrop, primeiro governador de Massachusetts, importou drogas e plantas nativas da Nova Inglaterra, para que fossem manipuladas segundo a “arte e o mistério dos boticários” e utilizadas pelos cidadãos americanos. Foram manipuladas substâncias como: cobre, enxofre e ferro; preparações de antimônio e mercúrio; drogas vegetais, dentre outras. • 1752: Surge a primeira Farmácia Hospitalar Americana (medicamentos manipulados e drogas “manufaturadas”), na Filadélfia.
Século XIX: • Publicação da Farmacopéia Americana (1820). • Verifica-se nos séculos XVIII e XIX um grande número de drogas sendo utilizadas, a maioria de origem vegetal, tais como: cáscara sagrada, gelsemium, tabaco, erva santa etc.
A Revolução Industrial: • A revolução industrial, associada a descoberta de novas drogas de origem sintética, começa a mudar o “cenário” farmacêutico; • O isolamento dos constituintes ativos das drogas de origem vegetal permite identificar a estrutura química destas, fazendo surgir uma nova fonte de drogas: aquelas obtidas por reações químicas conduzidas em laboratório.
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s • Década de 40- 50 – Descontinuidade da manipulação. • Grande fomento do Processo Industrial - manipulação cede espaço a remédio feito por máquina. • Perda da personalização e desaparecimento paulatino da Atenção Farmacêutica. • Farmacêuticos perdem o referencial da assistência humanística.
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s • 1930s: cerca de 75% das prescrições eram “manipuladas”; • 1950s: este número cai para 26%; • 1962: somente 3 a 4 % são “manipuladas”; • 1973: menos de 1% se destinam a Farmácia Magistral.
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s Como conseqüência destes acontecimentos: • Entre as década de 60 e 80 o currículo de FARMÁCIA nos coloca apenas com uma perspectiva industrial da profissão.
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s • A reforma Universitária de 1968 ( lei 5540 de 1968 ), é realizada segundo um entendimento de obediência aos preceitos contidos no acordo MEC/USAID. • Foi elaborada uma resolução, que estabeleceu o currículo mínimo para os cursos de farmácia.
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s A preocupação do relator fixou-se em justificar o desvio completo das atividades da Farmácia, quando conclui que “ a industria farmacêutica moderna é essencialmente uma industria de transformação (..) e (...) a farmácia é um estabelecimento predominantemente comercial, com artesanato técnico em involução”
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s • A sociedade organizada reage de forma lenta as modificações • Esta mesma sociedade foi verificando que as necessidades terapêuticas não eram atendidas pela oferta industrial ao longo destes quase 30 anos de predominância industrial absoluta. • Aparece a oportunidade para suprir esta demanda reprimida e fundamentalmente necessária.
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s • Escassez de novas descobertas pelos processos tradicionais de síntese química; • Efeitos secundários decorrentes do uso de fármacos sintéticos; • Mudança no “perfil do consumidor”; • Necessidade de ajuste de doses (retorno das receitas “personalizadas”).
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s • Ressurge a farmácia com manipulação e ocupa um espaço importante na Assistência Farmacêutica. • Passaram a ser economicamente viáveis e seu crescimento é bastante acentuado. • O trabalho começa empírico com Boas Práticas baseadas no bom senso e responsabilidade profissional.
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s • Ao longo destes quase vinte anos, o trabalho prossegue de forma empírica, sem qualquer respaldo legal, o que provocou algumas intercorrências. • O “Faz-se segundo a arte” estava dicotomizado dos modernos modelos de qualidade agora vigentes (normas ISO).
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s • Começa a preocupação com as Boas Práticas tanto por parte do segmento quanto por parte dos órgãos fiscalizadores. • Surge a RDC 33/2000 – Regulamentação de cunho rigoroso elaborada com a intenção de definir o lugar e os limites que a Farmácia deveria ocupar para produzir com qualidade e segurança.
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s Isto permitiu a percepção de um grande potencial de ajuda na terapêutica e foi bastante incentivado por determinadas especialidades médicas. Fármacos até então negligenciados pela cadeia produtiva passaram a ser utilizados e alguns tiveram o seu retorno na produção industrial. Sulfasalasina / hidroxizine / oxoralem etc...
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s A farmácia com manipulação com o seu lugar diferenciado garantido, começa a buscar novos espaços. Alguns aspectos técnicos de Boas Práticas ainda não estavam de todo sedimentados e compreendidos e outros verificou-se a necessidade de aperfeiçoar.
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s • A Farmácia começa a avançar no sentido de diversificar seu potencial. • Passa a manipular um grande número de fármacos dos mais diversos grupos farmacológicos e formas farmacêuticas seguindo prescrições médicas. • Com estes avanços em seu espaço de atuação torna-se necessário se avaliar os novos critérios de Boas Práticas que irão nortear o trabalho de manipulação no sentido de garantir qualidade e menor risco sanitário. ( RDC 354 ).
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s A partir de 2004 a Anvisa entende ser necessário um aperfeiçoamento das regras de Boas Práticas. Preocupa-se principalmente com a manipulação de substâncias tais como hormônios e antibióticos. Decide pela divisão em novos níveis de complexidade e após um longo e extenuante debate (CP 31) a Diretoria Colegiada da Anvisa promulga a RDC 214/2006, extinguindo as RDC 33 e RDC 354.
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s • RDC 67 / 2007
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s Pontos críticos ainda são objetos de cuidado tais como: • 1. Armazenamento de insumos –Infra-estrutura de estoque, laudo de análise, fracionamento de matéria prima,teste de identificação etc.. • 2 .Tratamento de água – cuidados com o sistemas (pops mais rigorosos)
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s 4. Garantia da qualidade – documentação – rastreabilidade. 5. Controle de qualidade – área ou local definido, procedimentos e metodologia, novos ensaios obrigatórios tais como uniformidade de conteúdo 6. Instalações – Plantas desatualizadas,adaptadas, área de paramentação, sistemas de exaustão etc..
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s • A realidade do ressurgimento deste segmento e o direito inalienável de atuar (a exemplo do que ocorre em todos os países do mundo). • A necessidade de sua atividade como elemento de apoio na Assistência e Atenção Farmacêuticas, permitindo uma melhor interação médico-farmacêutico – paciente (personalização do medicamento)
A Manipulação nos Dias de Hoje (Séc: XXI): • O número de prescrições manipuladas vem crescendo largamente nos dias de hoje. Esta é uma tendência mundial que se justifica, dentre outros fatores, pela grande versatilidade que a farmácia magistral possui. • Farmacêuticos são criativos e têm a habilidade de formular preparações individualizadas e específicas para cada paciente. • É nossa obrigação produzir medicamentos de alta qualidade, estando sob a nossa responsabilidade a integridade e a qualidade do produto final, seja ele manipulado por nós ou por técnicos treinados e supervisionados por farmacêuticos.
O Renascimento da Farmácia Magistral: 1980s A incapacidade da Atividade Industrial de prover os medicamentos na dose e nas formas farmacêuticas necessárias aos diversos tipos de tratamento e que podem ser plenamente satisfeitas com o exercício magistral. Que a segurança de suas ações advirá de uma adaptação a uma legislação, bem elaborada e tecnicamente exeqüível, devendo desta forma determinar as limitações necessárias a sua atividade magistral, não objetivando o cerceamento ou o impedimento de sua autonomia.