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CRISTIANO BENITES OLIVEIRA A QUESTÃO SOCIAL DA RECICLAGEM UM ESTUDO SOBRE REFLEXIVIDADE, DESIGUALDADE E ARTICULAÇÃO DE REDES SOCIOPOLÍTICAS NO RIO GRANDE DO SUL Orientador: Dr. Emil Albert Sobottka 2010. 1.6 AS RELAÇÕES E A REFLEXIVIDADE DE PESQUISA
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CRISTIANO BENITES OLIVEIRAA QUESTÃO SOCIAL DA RECICLAGEMUM ESTUDO SOBRE REFLEXIVIDADE, DESIGUALDADE EARTICULAÇÃO DE REDES SOCIOPOLÍTICAS NO RIO GRANDE DO SULOrientador: Dr. Emil Albert Sobottka2010
1.6 AS RELAÇÕES E A REFLEXIVIDADE DE PESQUISA 1.6.1 Aspectos das experiências do pesquisador enquanto sujeito de pesquisa As experiências deste pesquisador junto aos atores do MNCR/RS são tipificadas como forma de elucidar os nexos que interligam os conjuntos destas experiências mesmas [...] três diferentes âmbitos de experiência que se encontram imbricados neste processo investigativo: a experiência pessoal, a experiência sociopolítica e a experiência acadêmica. 1.6.1.1 Aspectos da aproximação pessoal em relação aos catadores [...] certas imagens da Vila Pontilhão em Gravataí povoam o imaginário de minha infância, quando ia passar férias na casa dos meus avós. Eles moravam na Vila São Vicente na periferia de Gravataí. 1997 – Ingresso na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 1998 – Início da participação no Movimento Estudantil (ME). 1999 – Unificação dos grupos (TLMD e NESPA) na “Resistência Popular”. Assim na Vila Pontilhão, venho a se constituir um “Comitê de Resistência Popular” que consistia numa organização de caráter comunitário que tinha por finalidade lutar pelas demandas sociais daquela vila. 2000 – Constituição do “Coletivo pela Universidade Popular” (COLUP), coletivo pautado pela extensão universitária independente. 2000 – Incêndio do galpão da Vila Pontilhão e transferência para o novo galpão da Santa Tecla.(p. 46-51).
1.6.1.2 Aspectos da experiência de engajamento sociopolítico 2001 – Fundação do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). 2001 – Atuação nos cursos de formação da “Federação das Associações dos Recicladores do Estado do Rio Grande do Sul” (FARRGS). 2001 – Primeira demonstração pública feita pelo MNCR/RS no Largo Glênio Perez no dia 6 dezembro de 2001, em referência ao aniversário dos 53 anos da promulgação da Declaração dos Direitos Humanos. 2002 – Experiência de trabalho na catação no bairro Restinga na Associação dos Trabalhadores Urbanos pela Ação Ecológica. 2004 – Coordenação da escola de educação infantil comunitária “Ecos da Infância”. 2005 – Atuação em projeto de formação do MNCR na Região Sul e coordenação do Projeto Cadeia Produtiva da Reciclagem com o objetivos de articulação produtiva em nível estadual.. 1.6.1.3 Aspectos da experiência de pesquisa acadêmica [...] as limitações da condição de ator e a demanda por dar respostas às problemáticas sociais, políticas e econômicas dos catadores foram os elementos que definiram a escolha da própria temática de estudo sobre a constituição da reflexividade em um contexto desigual em que são articuladas redes sociopolíticas. Esta escolha que resulta, por conseguinte, de opções éticas e valorativas encontra-se circunscrita, portanto, no âmbito da política e não da ciência (Sobottka, 2005, p. 52) (p. 52-58).
1.6.2 Expectativas próprias ao pesquisador enquanto sujeito de pesquisa [...] as experiências vivenciadas pelo pesquisador encontram-se interligados através de três tipos de expectativas: o primeiro tipo se relaciona à construção de uma carreira profissional, cujo êxito está vinculado à conquista de uma “vocação consistente” através de uma “razoável dose de interesse próprio” por parte do pesquisador (SOBOTTKA, 2005, p. 48-49) (p. 59). O segundo, diz respeito à expectativa compartilhada entre o pesquisador e o grupo de atores sociais a cerca da construção de soluções às suas problemáticas e questões através de uma prática política e socialmente engajada (Ibid.). O terceiro tipo de expectativa se refere à necessidade constante no campo das ciências humanas de aperfeiçoamento, ampliação e atualização constante dos conhecimentos e métodos das ciências sociais colocados à disposição dos pesquisadores através das instituições acadêmicas (SOBOTTKA, 2005, p. 48-49). [...] através da produção científica atualizada se consegue avaliar, de modo qualificado, os aspectos da abrangência das políticas que procuram equacionar a questão social da reciclagem desvendando “o alcance de políticas propostas e mesmo as implicações de sua ignorância” (Ibid.) (p. 59).
Profissionalização Engajamento Reflexividade Retribuição Conjuntos de experiências e expectativas do pesquisador em relação à sua própria pesquisa Fonte: O autor (2010)
1.7 A CONSTRUÇÃO DOS OBJETOS DE PESQUISA ENTRE ATORES E PESQUISADOR O que ocorre é uma dialética na produção de sentidos entre os “pesquisadores” e seus “pesquisados”. [...] há uma mudança ocorrida na minha compreensão sobre o que é “lixo”. Mudança esta originada a partir da minha relação com os catadores. Estas alterações, em termos das percepções sobre os materiais recicláveis, protagonizadas pelos catadores foram interpretadas por Fischer (1989, p. 52) como um importante elemento constituinte das identidades dos catadores pelo seu olhar “atento ao que possa representar sobra (que se torna sinônimo de matéria-prima) e sobrevivência” (p. 62). [...] o pesquisador deixa-se assim “transportar pelo fluxo do processo” ao colocar a disposição dos atores “as diferentes linguagens dentro das quais o problema é definido” (NAVARINI, 2005, p. 183) (p. 64).
Fotografia 1 – A reutilização de materiais no espaço doméstico de um catador Fotografia 2 – A reutilização de materiais no espaço de trabalho dos catadores Fonte: o autor (2010)
Instituições Burocratização Alteridade negativa Mercado oligopsônico Mercantilização Coalizões distributivas Alocação autoritária de recursos Experiências Expectativas Discriminação Favorecimento Clientelismo Trabalho precário Assistencialismo Criminalização Catadores As relações que causam a questão social da reciclagem Fonte: O autor (2010)
Fotografia 3 – Fragmento de imagem das condições de trabalho dos catadores em 1960 Fonte: LIXO, a esperança dos pobres (1960) Fotografia 4 – Fragmento de imagem das condições de trabalho dos catadores em 2010 Fonte: o autor (2010)
CATADORES DE GALPÃO CARRINHEIROS CATADORES DE LIXÃO CARROCEIROS MORADORES DE RUA Composição do MNCR
2.3 A DELIMITAÇÃO PRELIMINAR DA QUESTÃO SOCIAL DA RECICLAGEM Instituições Burocratização Alteridade negativa Mercado oligopsônico Mercantilização Coalizões distributivas Alocação autoritária de recursos Experiências Expectativas Discriminação Favorecimento Clientelismo Trabalho precário Assistencialismo Criminalização Catadores As causas e os encaminhamentos vigentes da questão social da reciclagem Fonte: O autor (2010)
Instituições Burocratização Alteridade negativa Mercado oligopsônico Mercantilização Solidariedade política Política pública Espaço sociopolítico Protagonismo Tradução Articulação Alocação autoritária de recursos Coalizões distributivas Expectativas Experiências Identidade Coordenação Interlocução Sobrevivência Valorização profissional Direitos Discriminação Favorecimento Clientelismo Trabalho precário Assistencialismo Criminalização Questão Social da Reciclagem Catadores Quadro Interpretativo do MNCR O quadro interpretativo do MNCR/RS no contexto da questão social da reciclagem Fonte: O autor (2010)
Instituições Burocratização Alteridade negativa Mercado oligopsônico Mercantilização Solidariedade política Política pública Espaço sociopolítico Protagonismo Tradução Articulação Alocação autoritária de recursos Coalizões distributivas Expectativas Experiências Identidade Coordenação Interlocução Sobrevivência Valorização Direitos Discriminação Favorecimento Clientelismo Trabalho precário Assistencialismo Criminalização Questão Social da Reciclagem Catadores Quadro Interpretativo do MNCR Quadro Interpretativo da Rede Os quadros interpretativos do MNCR/RS e da rede sóciopolítica no contexto da questão social da reciclagem Fonte: O autor (2010)
ENTRE A DESIGUALDADE DO CONTEXTO E A DIVERSIDADE DE REDE Em um contexto repleto de desigualdades em termos sociais, políticos e econômicos não há como haver o estabelecimento de quadros interpretativos delimitados de forma fixa e rígida, pois estes são constantemente permeados pelas relações que causam as mesmas desigualdades (p. 147). [...] as conflitualidades estabelecidas no interior de uma articulação sociopolítica não podem ser encaradas como algo negativo. Muito antes pelo contrário, a existência de conflitos contribui para a constituição de espaços onde a homogeneidade não é imposta aos diferentes atores. Nestes espaços, o conflito deve ser legitimado como uma condição para que seja instaurado o exercício do direito à diversidade (GUIZARDI; PINHEIRO, 2006, p. 798) (p. 148).
Muito obrigado!Contato:Cristiano Benites OliveiraCristiano@fld.com.br