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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – INSTITUTO DE LETRAS TEORIA E PRÁTICA DA LEITURA – TURMA A – 2013. Oficina de leitura Vozes poéticas da cidade. Camila Rodrigues Boff Caroline Ozório Wink. Centeno Fotografia. Público-alvo.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – INSTITUTO DE LETRAS TEORIA E PRÁTICA DA LEITURA – TURMA A – 2013 Oficina de leitura Vozes poéticas da cidade Camila Rodrigues Boff Caroline Ozório Wink Centeno Fotografia
Público-alvo 15 alunos, com idades variadas (entre 14 e 17 anos), que estejam cursando o primeiro ano do Ensino Médio em uma escola da rede pública de Porto Alegre. Justificativa e objetivos centrais A escolha da temática propõe que o aluno lance um novo olhar para a cidade onde vive, de forma a repensá-la em sua complexidade e dinamicidade. Objetiva-se que esse sujeito possa se apropriar, de maneira crítica, do espaço urbano para participar ativamente de sua “reconstrução”.
Justificativa e objetivos centrais Em nossas últimas experiências docentes, percebemos a recusa dos alunos em ler e escrever poesia, considerada como um gênero literário distante e, por isso, desinteressante. Essa problemática configura-se para nós como uma possibilidade: dado o reconhecimento da importância da leitura poética, por que não proporcionar uma discussão sobre as diferentes manifestações da poesia em nosso contexto sociocultural? Assim, nosso principal objetivo é mostrar a presença da poesia no cotidiano urbano, através de um novo olhar para a cidade que os alunos habitam. Seja através de frases deixadas pelos muros, intervenções poéticas ou canções populares, esperamos que, após as reflexões provocadas pela oficina, eles possam perceber que a poesia pode estar em qualquer lugar, dentro da vida de todos e de qualquer um.
Número de horas/aula A oficina de leitura “Vozes poéticas da cidade” está organizada em três encontros de 2h/aula (logo, um total de 6h/aula). Recursos necessários Projetor audiovisual, conexão com Internet, caixas de som ou rádio, fotocópias individuais dos textos a serem lidos, folhas pautadas e de ofício, canetas hidrográficas e lápis de cor.
Resultados esperados Esperamos que, após a realização das atividades de leitura e interpretação, os alunos comecem a ser mais receptivos ao texto poético e à sua fruição (Barthes, 2006), e que, futuramente, tornem-se leitores críticos e maduros, capazes de articular processamentos descendentes e ascendentes (Kato, 1985). Além disso, espera-se que os alunos percebam, uma vez que são tantas as formas de ver e significar a cidade, que as interpretações não são dadas, mas construídas por um sujeito inserido numa história. Formas de avaliação Entendemos a avaliação como uma atividade contínua, que acompanha o trajeto do aluno pelo processo de construção do conhecimento. Nessa perspectiva, levaremos em consideração a participação e o engajamento dos alunos nas atividades realizadas, visando à construção conjunta do conhecimento. Também serão importantes no processo de avaliação as produções escritas dos alunos. Através desses recursos, poderemos estabelecer o que foi produtivo ou não na realização da oficina.
Unidade temática “Mantenha os olhos atentos e a cabeça erguida. A cidade quer se comunicar e tem algo a lhe dizer” (ColetivoOlhe os Muros). A unidade temática da oficina é “a cidade e suas vozes”. Nesta perspectiva, propõe-se uma reflexão sobre o espaço urbano na modernidade. Espera-se que os alunos possam, no decorrer das oficinas, (re)construir seu olhar para a cidade onde vivem, tendo em vista que, conforme Freire (1982), a leitura da palavra provoca uma releitura crítica da leitura anterior de mundo.
Oficina 1 A poesia nas ruas de Porto Alegre 2h/aula Centeno Fotografia
Para começar a conversa Em duplas ou trios, discuta com seus colegas e anote as informações que julgar importantes: Atualmente, vocês moram em Porto Alegre? Como caracterizam o lugar onde vivem? Qual percurso realizam diariamente para chegar à escola? Que meio de transporte utilizam? Enquanto se dirigem à escola, prestam atenção nas ruas, prédios, muros e elementos que compõem os locais por onde passam ou costumam estar distraídos? Expliquem. Pensem em como Porto Alegre era no tempo de seus pais e avós. De lá para cá, houve grandes modificações na cidade? Justifiquem. Agora, sob a orientação do professor, organize-se em roda e compartilhe suas discussões com a turma. Enquanto os colegas relatam suas experiências, reflita: há diferentes percepções sobre Porto Alegre? O que pode explicar a diferença (ou a igualdade) dos pontos de vista?
A Porto Alegre de Quintana Antes e depois Mario Quintana Porto Alegre, antes, era uma grande cidade pequena. Agora, é uma pequena cidade grande. Agora que você leu o poema de Quintana, responda às questões: Podemos afirmar, partir da leitura, que Porto Alegre não sofreu modificações ao longo do tempo? Por quê? Que marcas de temporalidade são trazidas no texto? O que significa dizer que Porto Alegre é uma “grande cidade pequena” e uma “pequena cidade grande”? A inversão na ordem dos adjetivos altera o sentido dos versos? A visão do poema sobre Porto Alegre “agora” é positiva ou negativa? Justifique e diga se você concorda com essa visão.
A poesia está na rua? A fotografia acima está disponível no blog do projeto coletivo “Olhe os muros”. Você conhece esse blog? Se não, do que imagina que se trata?
A respeito da mensagem escrita no muro, responda: • Em que ambientes e suportes costumamos encontrar poesias? É o mesmo que propõe a afirmação escrita no muro? • Você concorda que “a poesia está na rua”? Por quê? • A mensagem escrita nesse muro pode ser considerada um grafite ou uma pichação? • Em sua opinião, há poesia nas ruas de Porto Alegre? Por quê? Sob a orientação do professor, discuta as suas respostas com os colegas. http://olheosmuros.tumblr.com/
Oficina 2 (Não) existe amor em São Paulo 2h/aula Centeno Fotografia
Leitura e audição Não existe amor em SP Criolo Não existe amor em SPUm labirinto místicoOnde os grafites gritamNão dá pra descreverNuma linda fraseDe um postal tão doceCuidado com doceSão Paulo é um buquêBuquês são flores mortasNum lindo arranjoArranjo lindo feito pra você Não existe amor em SPOs bares estão cheios de almas tão vaziasA ganância vibra, a vaidade excitaDevolva minha vida e morra afogada em seu próprio mar de felAqui ninguém vai pro céu Não precisa morrer pra ver DeusNão precisa sofrer pra saber o que é melhor pra vocêEncontro duas nuvens em cada escombro, em cada esquinaMe dê um gole de vidaNão precisa morrer pra ver Deus https://www.youtube.com/watch?v=gzAku4z2ay0
De maneira geral, sintetize a opinião sobre a cidade de São Paulo que está exposta na canção. • Que argumentos são utilizados para afirmar que “não existe amor em SP”? • Releia o terceiro verso, no qual há uma referência aos grafites que compõem a cidade de São Paulo, e responda: • Sabemos que grafites não podem, realmente, “gritar”. Portanto, que sentidos podemos atribuir a essa afirmação? • No verso “Os bares estão cheios de almas tão vazias”, percebemos o uso de dois adjetivos com sentidos opostos (cheio x vazio). A aproximação de palavras opostas é um recurso expressivo denominado antítese. A partir disso, responda: • Que efeitos de sentido a utilização da antítese causa na canção? • No poema de Mário Quintana, há a utilização do mesmo recurso expressivo? Justifique. • Pesquise no dicionário o significado da palavra “fel”. Qual sentido ela assume na canção? • Agora que você ouviu a canção, relembre o poema de Quintana e nossas discussões no encontro anterior. Você acredita que exista amor em Porto Alegre? Justifique.
Uma outra opinião Quando dois textos conversam entre si, dizemos que eles têm uma relação de intertextualidade. A mensagem escrita no muro abaixo estabelece intertextualidade com a letra da canção? Que elementos de ambos os textos embasam sua resposta? olheosmuros.tumblr.com
Para pensar e debater Como podemos observar, existem diferentes opiniões sobre São Paulo. A canção a defende como uma cidade labiríntica, em que a ganância e a vaidade prevalecem; a mensagem pichada no muro, entretanto, pede “vida longa” à cidade e discorda diretamente do rapperCriolo. A canção “Não existe amor em SP”, de fato, causou diferentes reações nos ouvintes. Um de seus impactos foi a criação, na Internet, da hashtag #ExisteAmorEmSP, que posteriormente transformou-se em uma página do Facebook. Discuta com seus colegas a questão (6). Nossas opiniões sobre Porto Alegre também diferem?
Oficina 3 Nossa voz na cidade 2h/aula Centeno Fotografia
Assistir e debater Para iniciarmos nossas discussões hoje, vamos assistir ao trailer do documentário “Cidade Cinza” (duração 2min43s). Fique atento às imagens, cores e opiniões que são retratadas. https://www.youtube.com/watch?v=7NpppZaGfJo#t=137
Como Os Gêmeos descrevem a cidade de São Paulo? • Segundo Os Gêmeos, São Paulo é uma realidade da qual você precisa fugir. Que formas de escape eles apresentam? • No trailer, são apresentados dois olhares diferentes sobre o grafite. Caracterize-os. • De acordo com Ise, “a gente é muito pobre de cultura para apagar a cultura que tem nas ruas”. Você concorda com essa afirmação? Justifique. • Segundo a canção “Não existe amor em SP”, os grafites gritam na cidade. A partir do trailer, que sentidos podemos atribuir a essa afirmação? • Relembre a mensagem escrita no muro que vimos em nosso primeiro encontro (“A poesia está na rua”). Em sua opinião, o grafite é uma forma de difundir a poesia (ou a arte) nas ruas?
Produção escrita Durante os três encontros de nossa oficina, discutimos textos relacionados à cidade e suas manifestações poéticas. Agora, convidamos você e seus colegas a propagar a poesia no nosso cotidiano escolar: • Escreva um poema no qual você descreva a cidade onde mora, demonstrando qual seu ponto de vista sobre ela.
Montagem do varal de poesias A fim de difundir a poesia no nosso cotidiano, vamos expor os poemas escritos durante a oficina em um varal de poesias no pátio da escola. A montagem do varal será realizada coletivamente, sob a mediação do professor, como encerramento da oficina “Vozes poéticas da cidade”.
Referências bibliográficas BARTHES, Roland. O prazer do texto. São Paulo: Perspectiva, 2006. CRIOLO. Nó na orelha, 2011. FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler. São Paulo: Cortez, 1982. KATO, Mary. Processos de decodificação: a integração do velho com o novo em leitura. In: O aprendizado da leitura. São Paulo: Martins Fontes, 1985. Coletivo Olhe os Muros. Disponível em: <olheosmuros.tumblr.com>.