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TRANSTORNOS DE ANSIEDADE. Mariangela Gentil Savoia CAISM FCM ISCMSP AMBAN – Ipq – HC - FMUSP APORTA. ANSIEDADE.
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TRANSTORNOS DE ANSIEDADE Mariangela Gentil Savoia CAISM FCM ISCMSP AMBAN – Ipq – HC - FMUSP APORTA
ANSIEDADE • Emoção de desconforto que os seres humanos experienciam em resposta a um perigo presente que os faz se preparar para uma situação que reduza ou previna a sua ocorrência: sensação de apreensão quanto a algum perigo futuro bem delineado • Processo passageiro • Característica permanente de personalidade • Processos transitórios e/ou predisposições ou traços duradouros de personalidade
O QUE É ANSIEDADE É um estado emocional composto por 3 aspectos: • Fisiológico: dores, tremores, contraturas, tensão, calafrios, adormecimento. • Cognitivo: Nervosismo, apreensão, insegurança, dificuldade de concentração, sensação de estranheza, preocupação, antecipação catastrófica. •Comportamental: fuga e esquiva ` hipervigilância insonia congelamento
O QUE NOS DEIXA ANSIOSOS? • A ansiedade é uma reação emocional de defesa frente a sinais de perigo. • Sinais são: indícios, prenúncios, presságios, avisos • Exemplo de sinais: Fumaça é sinal de fogo ? Vento é sinal de chuva ?
O que nos deixa ansiosos? Ansiedade inata Existem situações nas quais todos nós reagimos com ansiedade (sinais de perigo universais) Ansiedade aprendida Em outras situações, alguns aprenderam a reagir com ansiedade enquanto outros não.
FUNÇÕES DA ANSIEDADE • Diminuir o desconforto ( impulso) • Aumentar o grau de vigília • Ampliar a capacidade de agir em situações de estresse • Sintoma predominante de um grupo de transtornos
Ansiedade Inata e Aprendida 5 tipos de estímulos fóbicos (Gray) • 4 inatos (universais) 1) intensidade: Estímulos que eliciam reação ansiosa à distância. Visual, auditivo, pelo odor. 2)Novidade: estímulos súbitos. Susto, medo de estranhos, de situações novas. 3)Perigo evolutivo especial: valor adaptativo. Sombra do predador, altura, escuro. 4) Interações sociais. • Aprendidos por condicionamento
Ansiedade Inata e Aprendida • Sinais universais de perigo: • Exemplo: Barulho • Escuro • Altura • Animais e Insetos • Mudança brusca no ambiente • Contato social • Contato com Estranhos
Os pensamentos podem interferir na ansiedade? • Sim, nossas reações emocionais são influenciadas pelo modo como interpretamos as situações. • Se interpretarmos uma situação como ameaçadora • tendemos a ter reações emocionais de acordo com • essa interpretação (Ansiedade), e não de acordo • com o perigo “real” da situação • Quando a ameaça é suscitada por uma “percepção equivocada”, a resposta do “programa de ansiedade” é também inadequada.
Os pensamentos podem interferir na ansiedade? Situação (qualquer) Pensamento (interpretação catastrófica) Emoção (ansiedade) Comportamento (fuga e esquiva)
Exemplo de pensamento catastrófico Barulho na porta São bandidos querendo arrombar a porta Meu filho está chegando Alegria, satisfação Ansiedade Apenas seu filho chegando em casa
A ansiedade é uma vivência universal • Os principais sinais e sintomas da ansiedade patológica são compartilhados pelos indivíduos normais e sujeitos ansiosos
QUANDO A ANSIEDADE SE TORNA UM TRANSTORNO • Contínuo entre apreensão até ataques de pânico • Impedimento do comportamento • Grau de sofrimento • Frequência • Intensidade
Transtornos ansiosos são uma condição na qual a ansiedade, como sintoma diretamente relatado ou observado, está anormalmente elevada ou é desproporcional ao contexto ambiental • São os transtornos mentais mais freqüentes na população • Levam a comprometimentos funcionais duradouros (profissional, pessoal)
EVOLUÇÃO CONCEITUAL • PSIQUIATRIA PRÉ-FREUDIANA: Não existia um conceito unitário de Ansiedade, cada sintoma era atribuído a uma causa específica. “Síndrome do coração irritável” (cardiovasculares) “Cólon irritável” (gastrintestinais) “Delírio emotivo” (neurológicas)
EVOLUÇÃO CONCEITUAL FINAL DO SÉCULO XIX Início do conceito de Ansiedade (Freud 1894), ao descrever uma síndrome distinta “neurose de ansiedade ou neurose de angüstia” caracterizada por: *sintomas objetivos ou somáticos e *sintomas subjetivos (vivências psicológicas)
Neurose de angústia • 4 grupos de sintomas:irritabilidade generalizada, expectativa e apreensão ansiosa crônica (não preocupação) NUCLEAR ataques de ansiedade eevitação fóbica secundária
Apreensão x preocupação • De acordo com Freud: • A expectativa ansiosa está cronicamente presente porém pode vir à consciência cronicamente sob a forma de preocupações ou de ataques de angústia
Modelo psicanalítico • Mudanças na psiquiatria americana durante e após a segunda guerra • Aceitação do trauma como condicionador de doença mental • Papel político dos grupos organizados e do ativismo social dentro da administração de veteranos • Surge a primeira DSM em 1952
Evolução conceitual:grupo de St. Luis e DSM-III • Forte insatisfação no início dos anos 70 • Uso de critérios operacionais (RDC, 1972) • Embate teórico final dos anos 70:necessidade de avançar para classificações mais empíricas (Kraepelin) x décadas de experiência em trabalho psicoterápico psicanalítico • 1980 DSM III abandona conceito de neurose
APRESENTAÇÕES CLÍNICAS FORMAS DE ANSIEDADE LIVRE FLUTUANTE (TÔNICA) ANSIEDADE GENERALIZADA PAROXÍSTICA (ICTAL) SITUACIONAL ESPONTÂNEA (ATAQUES DE PÂNICO) ESTÍMULOS EXTERNOS (FOBIAS) ESTÍMULOS INTERNOS (OBSESSÕES)
O QUE É UM TRANSTORNO ANSIOSO • Presença de estados emocionais persistentes • nos quais a ansiedade patológica desempenha • papel fundamental • Estados ansiosos repetitivos causando sofrimento e/ou prejuízo no funcionamento cotidiano do • Indivíduo, e que não se devem à presença de • outros quadros clínicos.
TRANSTORNOS DE ANSIEDADE - DSM IV-R • Transtorno de Pânico • Agorafobia • Fobias específicas • Fobia social • Transtorno de Ansiedade generalizada • Transtorno obsessivo-compulsivo • Transtorno de Estresse pós-traumático
Qual a frequência do problema? • Transtornos de Ansiedade 23% • Transtorno do Pânico 3% • Fobia Social 13,3% • Agorafobia 6% • Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) 2% • Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) 3%
Relevância médico social dos transtornos ansiosos • Custo Social dos Transtornos AnsiososDIRETO: demanda desta população pelos sistemas de saúde.INDIRETOS: conseqüências individuais nos casos não tratadosECA: um em cada cinco portadores procura tratamento (80% em CG)Os resultados sugerem forte disfunção vocacional
TRANSTORNO DE PÂNICO • O transtorno de pânico é caracterizado por ataques de pânico inesperados e recorrentes acerca do quais a pessoa se sente constantemente preocupada. • O ataque de pânico é um período inconfundível de medo intenso ou desconforto, no qual quatro ou mais dos seguintes sintomas aparecem abruptamente e alcançam um pico em dez minutos.
Palpitações sudorese falta de ar sensação de aperto na garganta tremor náusea e/ou desconforto intestinal fraqueza Ondas de frio ou calor Tontura pressão na cabeça dor ou pressào no peito sensação de irrealidade ou de estar distante de si mesmo anestesias e sensação de formigamento Sintomas
Dificuldade para relaxar, tremores, dores diversas e inespecíficas medo de ter um infarto, medo de ficar louco.medo de perder o controle medo de morrer Medo de desmaiar reação de susto a pequenos estímulos irritação insônia procura ficar em locais de onde possa sair facilmente caso venha a passar mal Sintomas
Epidemiologia • Maior incidência entre as mulheres - • Primeira manifestação entre 21 e 35 anos • Raro iniciar após os 40 anos • Parece não haver variação transcultural
Pânico - Fatores predisponentes • Fatores emocionais e ambientais estão relacionados e interagindo com uma disfunção biológica básica no momento de eclosão das crises e na sua progressão para o aparecimento do transtorno de pânico. Gentil (1986)
Pânico - Fatores predisponentes • DSM - ansiedade de separação na infância e perda súbita de suportes sociais. • Klein (1980) relata a incidência relativamente alta de ansiedade de separação em criança nos pacientes com agorafobia e ataques de pânico • Yeragami et al. (1989) demonstram a evidência de associação entre ansiedade de separação e transtorno de pânico
Pânico - Fatores predisponentes • A perda de alguém importante, perda de suporte social, freqüentemente antecede o transtorno de pânico • Perda relacionada com o ano que antecedeu o primeiro episódio de pânico. Faravelli & Pallanti (1989)
Pânico - Fatores predisponentes • Relação contígua entre stress psicossocial e o primeiro ataque de pânico. Pollard et al. (1989) • Eventos estressores tinham impacto significativamente maior nos sujeitos ansiosos do que os sujeitos não ansiosos. Rapee et alli (1990)
Pânico - Fatores predisponentes • Pacientes de pânico relacionaram maior exposição a stress psicossocial do que os obsessivos compulsivos, não no último ano, que era semelhante, mas durante a vida toda Loof et al .(1989) • Associações entre a morte da mãe e divórcio/separação dos pais na infância com agorafobia e ataques de pânico. Tweed et al. (1989)
Pânico - Fatores predisponentes • Shear ( 1990) os mecanismos de desenvolvimento do transtorno de pânico em resposta a stress psicossocial não estão bem elucidados, embora a alta prevalência de stress psicossocial anterior ao primeiro ataque de pânico tenha sido demonstrada e relacionada com a vulnerabilidade do sujeito, os mecanismos de desenvolvimento desta vulnerabilidade não são conhecidos.
Pânico - Fatores predisponentes • Roth et al. (1992) encontraram maior reatividade a stress nos pacientes com pânico comparados ao grupo controle • Associação presente nas dificuldades de enfrentamento a eventos estressores, e pelo significado que atribuem a eles. Repertório não apropriado de expressão da resposta ao stress, estratégias de enfrentamento (coping). Savoia (1995)
Pânico • Ênfase na vulnerabilidade ao estresse e não aos eventos estressantes em si. Klein ( 1990) • Vulnerabilidade às situações de estresse tem sido demonstrada por Shear (1990) e Bennet & Stirling (1998).
LIFE EVENTS • Associação freqüente entre esses eventos e a primeira manifestação do pânico • Perda de suporte social freqüentemente antecede o transtorno do Pânico • Ênfase na vulnerabilidade ao estresse
Os eventos diários tem um impacto maior no aumento de ansiedade nos pacientes com pânico. O paciente precisa aprender a programar o stress na sua vida.
Pânico - fatores intervenientes no relato de eventos do passado • Os pacientes de pânico divergem quanto ao número, tipo e significância do stress psicossocial relatados quando analisados em dois momentos, antes e após tratamento; examinando como cada sujeito não apenas escolhe as alternativas, mas como as analisa e as ordena de acordo com sua significância. Savoia (1995)
Pânico - fatores intervenientes no relato de eventos do passado • O transtorno de pânico influi na percepção dos relatos do passado, avaliando-os como mais estressantes e ameaçadores. O tratamento efetuado melhora não apenas os sintomas referidos, como também as avaliações cognitivas de suas vidas, com relação inclusive a estratégias de coping utilizadas Savoia (1995)
Pânico - fatores intervenientes no relato de eventos do passado • O transtorno de pânico influi na avaliação do paciente do seu próprio comportamento no passado, percebendo-o como menos eficaz frente a uma situação estressante. • Este transtorno influi na percepção de situações e comportamentos passados de maneira negativa.
Pânico - fatores intervenientes no relato de eventos do passado • A tendência desses pacientes é de analisar os eventos não só como mais estressantes e ameaçadores, mas também de se perceber como menos capaz de enfrentá-los, quando estão "doentes."
Pânico - fatores intervenientes no relato de eventos do passado • Estudo sobre a avaliação de perfil de personalidade, através do MMPI encontrou valores altos nas escalas relacionadas a sintomatologia do transtorno antes do tratamento . Valores menos patológicos após o tratamento e no grupo de remissão prolongada, menos patológico o perfil avaliado pelo MMPI. Ito et al.(1994)
Pânico - fatores precursores dos ataques • Ansiedade • Percepção e sensação de controle • Expectativa sobre a ocorrência do ataque de pânico • Percepção de sintomas somáticos • Kenardy et. al. ( 1992)