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O sindicato: séc. XXI. Reflexões sobre o futuro do sindicalismo Prof. José Meneleu Neto (UECE). Começando. Qual seria o resultado das jornadas grevistas do final dos 70 no ABC se a conjuntura econômica fosse recessiva?
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O sindicato: séc. XXI Reflexões sobre o futuro do sindicalismo Prof. José Meneleu Neto (UECE)
Começando... • Qual seria o resultado das jornadas grevistas do final dos 70 no ABC se a conjuntura econômica fosse recessiva? • O setor monopolista da economia confrontou a política salarial da ditadura? • A luta econômica dos sindicatos foi decisiva? • As tendências de longo prazo já haviam se manifestado?
Cenários conjunturais e tendências de longo prazo • Dois cenários prévios sobre a conjuntura da acumulação de capital, do mercado de trabalho e da luta sindical no Brasil: • Década dos anos 1990; • Década dos anos 2000. • Ciclo de longo prazo da reestruturação capitalista: 1990-(...).
Os “anos de chumbo”: 1990-99 • A década de 90 e mudança de tendência dos indicadores da situação do trabalho no Brasil. • Após décadas de progressivo aumento no trabalho assalariado e formalização das relações de trabalho houve drástica regressão no mercado de trabalho, • Aumento do desemprego, crescimento dos vínculos de trabalho vulneráveis, queda dos rendimentos reais e concentração da renda.
Ciclo longo de desestruturação do trabalho • Crescimento do desemprego estrutural; • Queda do níveis de salário; • Retrocesso do poder sindical: • queda nas taxas de sindicalização; • Diminuição do número de greves; • Desemprego e mudanças no mercado de trabalho: • fragmentação; • Precarização do trabalho (subproletariado tardio).
A partir do governo Collor, o desemprego iniciou uma trajetória de crescimento; Foi interrompida no período de 93 a 95, durante a fase expansiva do Plano Real; Retomada após os sucessivos choques monetários e creditícios adotados pelo governo FHC para a política de sobrevalorização do real; A permanência do desemprego elevado, acompanhado pelo desemprego de longa duração; Efeitos desse processo sobre a crise social: cresce a exclusão social, a miséria, a desesperança e a marginalidade. Sobra desemprego, falta crescimento...
O paradigma da flexibilidade: ataque ao trabalho organizado • O velho paradigma de relações de trabalho: emprego por tempo integral, de longa duração, protegido pela legislação trabalhista e pelos contratos de trabalho acordados pelos sindicatos, • Na década de 90, o “paradigma flexível”: • Os vínculos vulneráveis vão aumentando sua participação no mercado de trabalho. • Crescem o assalariamento sem carteira assinada, • O trabalho de autônomos que operam em condições precárias, • O emprego doméstico, • A ocupação de crianças e idosos • O núcleo protegido dos empregos diminui e aumenta a margem dos vulneráveis.
Crise do sindicalismo • O elemento fundamental para o enfraquecimento sindical foi a política econômica de taxas de desemprego elevadas; • Queda significativa das negociações trabalhistas nos anos 90, acompanhada por uma redução não menos importante das greves de conquistas de direitos; • Dentre as poucas greves do período, predominaram as de natureza defensiva, relacionadas a atrasos de salários, 13º salário, não pagamento de benefícios e por desrespeito aos acordos e convenções coletivas; • Ausência de perspectivas para além do economicismo e ausência de uma formação de novo tipo.
A precarização do trabalho • O que causou a precarização? • a abertura econômica que desestruturou as cadeias produtivas da indústria brasileira? • a sobrevalorização da moeda, que afetou a agroindústria? • a modernização tecnológica poupadora de força de trabalho; • política econômica que privilegia a especulação financeira?
Evolução do desemprego oculto por trabalho precário no Brasil: 1989-99
Evolução do desemprego oculto por desalento no Brasil: 1989-99
Anos 2000: cenário cambiante • 1996 a 2003 foi desfavorável para os reajustes salariais no âmbito das negociações coletivas: 43%1 das negociações resultaram na obtenção de reajustes inferiores ao INPC-IBGE. Em 2003, esse percentual atingiu 60%. (Dieese) • Em período de baixas taxas de crescimento econômico, a depreciação real dos salários torna possível a redução de custos mais importante das empresas.
As condições gerais da economia brasileira: 2004 a 2006: • Em 2004, o crescimento econômico de 5,7% e a queda da inflação (em torno de 6% a.a.) combinaram-se positivamente para o poder de barganha dos trabalhadores. • As taxas de desemprego permaneceram elevadas, mas em declínio.
Negociações e acordos... • Entre 2004-03 as convenções coletivas possuem reajustes superiores à inflação em proporções mais elevadas que a verificada nos acordos coletivos. • Os dados sugerem que na comparação com as convenções coletivas, as negociações por empresa apresentaram maiores dificuldades para obter reajustes mais vantajosos para os trabalhadores nos três anos abordados.
Negociação coletiva e salários • A combinação de condições econômicas de baixa inflação e crescimento provocou um descolamento das negociações dos reajustes salariais segundo os limites estreitos da inflação acumulada. • A presença pequena, mas estável, de alternativas aos reajustes salariais (iguais ou não à inflação), abriu a oportunidade de discussão, não apenas dos reajustes, mas da projeção de despesas salariais das empresas ao longo do ano.
Características dos acordos: 2004-06 • A elevação dos valores reais do salário mínimo tendeu a diminuir as possibilidades de flexibilização para baixo das despesas das empresas com remuneração. (pisos) • Novas condições de barganha com a ampliação da pauta das negociações nos seus itens de remuneração. • negociações de aumento real nos reajustes, • as possibilidades de negociações de escalonamentos e abonos salariais, • proximidade dos pisos de diversas categorias em relação ao salário mínimo legal vigente. • As condições da economia melhoraram as condições de barganha dos sindicatos.
Considerações finais • Os ciclos conjunturais da economia brasileira são cruciais, pois os sindicatos ainda são predominantemente economicistas; • O ciclo longo da reestruturação está em marcha e deve ser considerado no âmbito da crise sindical atual e do seu futuro; • A importância crescente da PLR e outras formas de remuneração variável na negociações representa uma síntese entre a dinâmica capitalista de curto e de longo prazo.
Para além do economicismo... • Formação sindical de novo tipo; • Formação política; • Formação humana; • Resgatar o sindicalismo como núcleo de organização da luta de classes; • Necessidades e possibilidades...
“Perguntei pra mim mesmo: que tipo de friezabaixou sobre esses desgraçados?Quem os levou à torpeza?Quem os fez baixar o nível?Vocês precisam ajudá-los, rápido, coitados.Se não, vai acontecer algo que vocês acham impossível...”Bertold Brecht