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“E aí, tudo bem com você?”. Aprendi que esta pergunta é perigosa. Quando eu a ouço, penso logo naquela historinha do cara que trazia sua égua no carro e sofreu um acidente. (se você não lembra, leia abaixo; se lembra, pule a parte da história...)
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Aprendi que esta pergunta é perigosa. Quando eu a ouço, penso logo naquela historinha do cara que trazia sua égua no carro e sofreu um acidente. (se você não lembra, leia abaixo; se lembra, pule a parte da história...) Seu Manuel pensou melhor e decidiu que os ferimentos que sofreu num acidente de trânsito eram sérios o suficiente para levar o dono do outro carro ao tribunal. No tribunal, o advogado do réu começou a inquirir seu Manuel:- O Senhor não disse na hora do acidente: "Estou muito bem"? E Manuel responde:- Bem, vou lhe contar o que aconteceu. Eu tinha acabado de colocar minha mula favorita na caminhonete..- Eu não pedi detalhes! - interrompeu o advogado - Só responda à pergunta:O senhor não disse na cena do acidente: "Estou muito bem"?- Bem, eu coloquei a mula na caminhonete e estava descendo a rodovia...O advogado interrompe novamente e diz:- Meritíssimo, estou tentando estabelecer os fatos aqui. Na cena do acidente, este homem disse ao patrulheiro rodoviário que estava bem. Agora,várias semanas após o acidente ele está tentando processar meu cliente, e isso é uma fraude.
- Por favor, poderia dizer a ele que simplesmente responda à pergunta? Mas, a essa altura, o Juiz estava muito interessado na resposta de seu Manuel e disse ao advogado: • Eu gostaria de ouvir o que ele tem a dizer. Seu Manuel agradeceu ao Juiz e prosseguiu: - Como eu estava dizendo, coloquei a mula na caminhonete e estava descendo a rodovia quando uma pick-up atravessou o sinal vermelho e bateu na minha caminhonete bem na lateral. Eu fui lançado fora do carro para um lado da rodovia e a mula foi lançada pro outro lado. Eu estava muito ferido e não podia me mover. De qualquer forma, eu podia ouvir a mula zurrando e grunhindo e, pelo barulho, eu pude perceber que o estado dela era muito ruim. Logo após o acidente, o patrulheiro rodoviário chegou ao local. Ele ouviu a mula gritando e zurrando e foi até onde ela estava.Depois de dar uma olhada nela, ele pegou a arma e atirou bem entre os olhos do animal. Então, o policial atravessou a estrada com sua arma na mão, olhou para mim e disse: • "Sua mula estava muito mal e eu tive que atirar nela. Como o senhor está se sentindo? • "O que o Sr. falaria, Meritíssimo ???"
Pois é... É assim que me sinto quando alguém me pergunta “Tudo bem com você?”. Já aprendi que uma das piores coisas que posso fazer é dizer que não estou bem. Ai de mim se eu fizer isso...
Se a gente diz que não está tudo bem, a outra pessoa pergunta o porque. Aí, naturalmente, você diz os seus porquês. Por exemplo, “tou achando o trabalho meio chato” ou “ando me sentindo sozinho”...
Bem, aí a outra pessoa vêm com um monte de soluções brilhantes para os nossos problemas. De repente a gente percebe que tudo é fácil. Trabalho chato? Mude de área! Solidão? Faça um cursinho e conheça pessoas... Mas é claro que a gente já pensou nas soluções óbvias. E não as achou tão óbvias assim, senão já as tinha colocado em prática. Então a gente começa a rebater os argumentos dos outros... “olha, fazer tal coisa não dá, por isso e por aquilo”...
Ai de você por ousar rebater os conselhos “brilhantes” do teu amigo! Agora ele vai te detonar: “Mas você realmente não tá a fim de melhorar! Tudo que a gente fala você rebate!” Agora você virou um criminoso vil, que está mal porque quer! Teus problemas têm soluções óbvias, qualquer argumento que você diga é por causa da tua cabeça dura e do teu complexo masoquista.
É como a historinha do seu Manuel. O teu “amigo” que pergunta se tá tudo bem com você é o policial. O revólver é o bando de soluções “brilhantes” e óbvias que ele vai ter para todos os teus problemas. Ao invés de levar “tiro”, não é muito melhor você simplesmente responder “eu estou bem”? ;-) ACBA