310 likes | 917 Views
Existencialismo -I. O drama da existência . Definição .
E N D
Existencialismo -I O drama da existência www.nilson.pro.br
Definição • O termo existencialismo designa o conjunto de tendências filosóficas que, embora divergentes em vários aspectos, têm na existência o ponto de partida e o objeto fundamental de reflexões. Por isso, podemos designá-las mais propriamente de filosofias de existência, no plural. • O que é existir? • Implica nas relações do homem consigo, com os outros seres humanos, com os objetos culturais e com a natureza. • Podem ser determinadas (Ex: leis da física) • Ou indeterminadas (resultam da nossa liberdade ou do acaso, sendo possíveis acontecer ou não) • Visão dramática da condição humana • Albert Camus: ‘a única questão filosófica séria é o suicídio’ www.nilson.pro.br
Conceitos característicos do existencialismo • Ser Humano: é entendido como uma realidade imperfeita, aberta e inacabada, que foi ‘lançada’ ao mundo e vive sob riscos e ameaças. • Liberdade Humana: não é plena, mas condicionada às circunstâncias históricas da existência. Neste sentido, querer não se identifica com poder. Homens e mulheres agem no mundo superando ou não os obstáculos que lhes apresentam. • Vida Humana: não é um caminho seguro em direção ao progresso, ao êxito e ao crescimento. Ao contrário, é marcada por situações de sofrimento, como doença, dor, injustiças, luta pela sobrevivência, fracassos, velhice e morte. Assim, não podemos ignorar o sofrimento humano, a angústia interior, a exploração social. É preciso considerar estes aspectos adversos da vida e encará-los. • Surgidas propriamente no século XX, as filosofias da existência sofreram influência do pensamento de alguns filósofos do período anterior, considerados, por isso pré-existencialistas. Entre eles, destacam-se Schopenhauer, Kierkegaard, Nietzsche e Husserl. www.nilson.pro.br
Arthur Schopenhauer (1788 – 1860) • O maior opositor do pensamento hegeliano, acusando-o de charlatanismo por construir sua filosofia segundo os interesses do Estado prussiano. De fato a dialética hegeliana legitimava todas as formas de governo e instituições, mesmo as mais nefastas. Por isso, Schopenhauer denominava Hegel como ‘acadêmico mercenário’. • Como filósofo, apesar de sua vasta cultura, seria reconhecido muito tardiamente, nos últimos anos de sua vida. www.nilson.pro.br
Na obra O mundo como vontade e representação, sustenta que, como o conhecimento é uma relação na qual o objeto é percebido pelo sujeito, o homem não conhece as coisas como elas são, mas como elas podem ser percebidas e interpretadas, uma retomada de ______? Opondo-se à possibilidade de saber absoluto que Hegel preconizava. • Para o filósofo, ‘tudo o que o mundo inclui ou pode incluir é inevitavelmente dependente do sujeito, não existindo, senão, para o sujeito. O mundo é representação’. Não há uma realidade absoluta, para existir o conhecimento do mundo, é preciso existir o sujeito. www.nilson.pro.br
A ‘representação do mundo’ seria para ele como uma ‘ilusão’, pois o objeto conhecido é condicionado pelo sujeito. Mas, diferente de Kant, admite ser possível alcançar a essência das coisas, através do insight intuitivo, um tipo de iluminação. Processo no qual a arte possuiria grande relevância, pois a atividade estética permitiria ao homem a compreensão da verdade. Pela arte, o sujeito se desprenderia de sua individualidade para fundir-se no objeto, numa entrega pura e plena. Nesse ponto Schopenhauer era um romântico. www.nilson.pro.br
O Pessimista • Sua filosofia, por outro ângulo, se caracteriza por uma visão pessimista do homem e da vida. Para ele, o ser humano seria essencialmente vontade, o que o levaria a desejar sempre mais, produzindo uma insatisfação constante. Essa vontade, que se expressa nas ações humanas, seria parte de uma vontade que anima todas as coisas da natureza. E, se a essência do homem e do mundo é essa vontade insaciável, Schopenhauer identifica aí a origem das lutas entre os homens, da dor e do sofrimento • A história é, para ele, a história de lutas, na qual ‘a infelicidade é a norma’, a regra geral. Temos, portanto, a recusa da concepção racionalista da história, elaborada por Hegel, segundo a qual a história possui um sentido e progride em direção a uma maior liberdade. • Para Schopenhauer, apenas pela arte se ascende, ou seja, o abandono de si, pode o homem se libertar da dor. www.nilson.pro.br
Sören Kierkegaard (1813 – 1855) • Também contestou a supremacia da razão como único instrumento capaz de estabelecer a verdade, tal como Hegel propunha. • Como pensador cristão, defendeu o conhecimento que se origina da fé. Kierkegaard afirmava que a existência humana possui três dimensões: • A dimensão estética: na qual se procura o prazer; • A dimensão ética: na qual se vivencia o problema da liberdade e da contradição entre o prazer e o dever • A dimensão religiosa: marcada pela fé. • De acordo com o filósofo, cabe ao homem escolher em que dimensão ele quer viver, já que se trata de dimensões que se excluem entre si. Essas dimensões podem ser entendidas, também como etapas pelas quais o homem passa durante a sua existência: primeiro viria a estética, depois a ética e, por último, a religiosa, que seria a mais elevada. www.nilson.pro.br
Sua principal crítica em relação a Hegel é que sua filosofia não leva em consideração a subjetividade humana. • Influenciou profundamente os irracionalistas e os existencialistas, postulando que nenhum sistema de pensamento consegue dar conta da experiência ampla e única da vida individual. • Opondo-se a abstração hegeliana, Kierkegaard procurou destacar as condições específicas da existência humana e incorporá-las às reflexões filosóficas , por isso é chamado de ‘o pai do existencialismo’. www.nilson.pro.br
Em sua obra, procurou analisar os problemas da relação existencial do homem com o mundo, consigo mesmo e com Deus: • A relação do homem com o mundo – outros seres humanos e a natureza – é dominada pela angústia, que é entendida como o sentimento profundo que temos ao perceber a instabilidade de viver num mundo de acontecimentos possíveis, sem garantia de que nossas expectativas sejam realizadas. • ‘Não possível, tudo é possível’ • Assim, vivemos num mundo onde tanto é possível a dor como o prazer, o bem como o mal, o amor como o ódio, o favorável como o desfavorável. www.nilson.pro.br
A relação do homem consigo é marcada pela inquietação e pelo desespero. Isso ocorre por duas razões fundamentais: ou porque o homem nunca está plenamente satisfeito com as possibilidades que realizou, ou porque não conseguiu realizar o que pretendia, esgotando os limites do possível e fracassando diante de suas expectativas. • A relação do homem com Deus seria talvez a única via para a superação da angústia e do desespero. Contudo, é marcada pelo paradoxo de ter de compreender pela fé o que é incompreensível pela razão. www.nilson.pro.br
Friedrich Wilhelm Nietzsche (1844 – 1900) • Nasceu na cidade de Röcken (na Prússia) atual Alemanha. Filho de um culto pastor protestante ascendia à uma linhagem de pastores. • Possuía um gênio brilhante, tendo estudado grego, latim e hebraico (tendo lido os evangelhos nessas línguas) foi professor de teologia e filosofia. Em 1869, tornou-se professor titular de Filosofia na universidade da Basiléia. • A partir da leitura de O mundo como vontade e representação, sentiu-se profundamente atraído pelas reflexões filosóficas. • Nietzsche foi, sem dúvida alguma, um dos maiores gênios da humanidade, embora muito incompreendido, ele foi um homem a frente do seu tempo, do nosso tempo e de muitos que ainda virão. www.nilson.pro.br
Alguns conceitos principais de Nietzsche • Apolíneo e Dionisíaco: na obra ‘O nascimento da tragédia’, o filósofo estabelece a distinção entre os dois princípios mencionados. O Apolíneo advém do deus grego Apolo (deus da razão, da clareza, da ordem), por conseguinte, O Dionisíaco provém de Dionísio (deus da aventura, da música, da fantasia, da desordem). • Para Nietzsche, esse dois princípios ou dimensões complementares da realidade, foram separados na Grécia socrática, que, optando pelo culto à razão, secou a seiva criadora da filosofia, contida na dimensão dionisíaca. www.nilson.pro.br
A genealogia da moral • Nietzsche tece uma critica veemente aos valores morais, propondo uma nova abordagem: a da averiguação genealógica da moral, isto é, o estudo da formação histórica dos valores morais. • Sua conclusão foi de que não existem as noções absolutas de BEM e MAL. Para ele, as concepções morais são elaboradas pelos homens, a partir dos interesses humanos. Ou seja, são produtos histórico-culturais. No entanto, as religiões, principalmente o judaísmo e o cristianismo, impõem esses valores humano como se fossem produtos da ‘vontade de Deus’. • Segundo sua filosofia, grande parte das pessoas acomoda-se a uma ‘moral de rebanho’, baseada na submissão irrefletida aos valores dominantes da civilização cristã e burguesa. • A fim de resolver tal problema propôs a ‘tresvaloração dos valores’, conceito que se encontra ao longo de toda sua obra. www.nilson.pro.br
Nietzsche se valia da escrita aforismática. Aforismo é uma máxima, isto é, uma sentença curta que exprime um conceito, um conselho ou um ensinamento. • Basicamente, em seus aforismos, trata de diversos temas, como religião, moral, artes, ciências, etc. seu conjunto revela, no entanto, uma crítica profunda e impiedosa à civilização ocidental. Crítica à massificação, à visão de mundo burguesa, ao conservadorismo cristão, entre outros assuntos. Debateu também o valor da existência humana. www.nilson.pro.br
Niilismo • Segundo a analise de Nietzsche, no momento em que o cristianismo deixou de ser a ‘única verdade’ para se tornar uma das interpretações possíveis do mundo, toda a civilização ocidental e seus valores absolutos foram postos em xeque. Nesse contexto, ocorre uma escalada do Niilismo que deve ser entendido como um sentimento opressivo e difuso, próprio às fases agudas de ocaso de uma cultura. O niilismo seria a expressão afetiva e intelectual da decadência. • O niilismo moderno apontado por Nietzsche assenta-se, entre outras coisas, na afirmação da morte de Deus, que é interpretada como a rejeição à crença num ser absoluto e transcendental, capaz de traçar para todos os humanos ‘o caminho, a verdade e a vida’. www.nilson.pro.br
Assim, por meio do niilismo, o homem moderno vivencia a perda de sentido dos valores superiores de nossa cultura. Por essa ótica, o niilismo seria o sentimento coletivo de que nossos sistemas tradicionais de valoração, tanto no plano do conhecimento quanto no ético-religioso, ou sóciopolítico, ficaram sem consistência e já não podem mais atuar como instâncias doadoras de sentido e fundamento para o conhecimento e a ação. • ‘Ouse conquistar a si’ talvez seja a grande indicação nietzscheana àqueles que buscam viver a ‘liberdade da razão’, sem conformismo, resignação ou submissão. www.nilson.pro.br
Edmund Husserl (1859-1938) • Formulou o método de investigação filosófica conhecido como fenomenologia. Surgiu primeiramente na atmosfera da matemática, posteriormente desenvolveu-se na psicologia e na filosofia. • O método fenomenológico consiste, basicamente, na observação e descrição rigorosa do fenômeno, isto, é daquilo que se manifesta, aparece ou se oferece aos sentidos ou à consciência. Dessa maneira, busca-se analisar como se forma, para nos, o como de nossa experiência, sem que o sujeito ofereça resistência ao fenômeno estudado nem se desvie dele. O sujeito deve, portanto, orientar-se para o fenômeno. Sua consciência será sempre consciência de alguma coisa. A fenomenologia se apresenta como a investigação das experiências conscientes (fenômenos), ou seja, ‘o mundo da vida’, que Husserl denomina com o termo Lebenswelt. www.nilson.pro.br
Martin Heidegger (1889 – 1976) • Rompendo com a tendência dominante da filosofia moderna que, desde Descartes, estava voltada para a teoria do conhecimento, este alemão retomou a questão da ontologia, a investigação do ser. Para ele, o problema central da filosofia é o ser, a existência de tudo. • ‘a questão que me preocupa não é a existência do homem e sim a questão do ser em seu conjunto e enquanto tal’ • Para Heidegger, o ente é a existência, a manifestação dos modos de ser. • O ser é essência, aquilo que fundamenta e ilumina a existência ou os modos do ser. • A partir dessa diferenciação é possível estabelecer duas fases da filosofia heideggeriana. Na primeira, ela busca o conhecimento do ser através da análise do ente humano, da existência humana. Na segunda, o ente sai do primeiro plano e o próprio ser torna-se a chave para a compreensão da existência. www.nilson.pro.br