E N D
1. APRENDER ANTROPOLOGIA FRANÇOIS LAPLANTINE
3. Desse primeiro confronto visual com a alteridade nasce a grande questão: aqueles que acabaram de serem descobertos pertencem a humanidade?
O critério para saber se convém atribuir-lhes um estatuto humano era essencialmente religioso.
4. Surgem nessa época duas ideologias concorrentes:
a recusa do estranho,
a fascinação pelo estranho.
5. A FIGURA DO MAL SELVAGEM E DO BOM CIVILIZADO Do século XIV ao XVIII os índios eram chamados de “selvagens” ou “naturais”.
Eles estavam aos olhos do europeu fora da cultura civilizada, imersos na natureza(eram mais uma espécie de bicho).
6. A questão era: será que o índio é homem ou animal? Critérios para responder a essa pergunta:
A aparência física: eles andavam nus ou vestidos com pele de animais;
Os comportamentos alimentares: “eles comem carne crua” e alguns eram canibais;
A inteligência tal como pode ser apreendida a partir da linguagem (os europeus não entendiam a linguagem dos índios);
7. Estado: não possuíam organização estatal nos moldes europeus
Organização familiar e sexualidade: família extensa, sexualidade incontida, incesto.
Os índios eram definidos não pelo que eram realmente mas pelo critério da falta de elementos europeus: sem religião, sem moral, sem escrita, sem arte, sem passado, sem futuro...
8.
O nativo é o inverso do civilizado e mal por definição. Portanto, a conquista ou o massacre estão justificados.
9. A FIGURA DO BOM SELVAGEM E DO MAL CIVILIZADO Ideia romântica do selvagem enquanto feliz, puro, inocente, protetor da natureza
Índio como um ser puro x civilização européia: degradada, corrompida.
10. A imagem que o ocidental fez da alteridade não parou de oscilar. Pensou-se alternadamente que o selvagem :
Era um monstro , um animal com figura humana;
Levava uma existência infeliz e miserável ou vivia num estado de beatitude adquirindo sem esforços os produtos maravilhosos da natureza;
Era trabalhador e corajoso ou essencialmente preguiçoso;
11. Não tinha alma;
Era um anarquista;
Era admiravelmente bonito ou feio;
Era um embrutecido sexual;
Era um animal, um vegetal, uma coisa sem valor.
12. O século XVIII:a invenção do conceito de homem séculos XIV ao XVI (renascimento): primeira interrogação sobre a existência múltipla do homem;
século XVII: a ideia da razão, de cogitus, é o centro das discussões, e tudo o que não se encaixa na lógica da razão (loucos, crianças, selvagens, mulheres) é considerado anormal;
13.
No século XVIII, a discussão sobre o homem será retomada (constituição de um projeto antropológico sobre o homem, com o objetivo de transformar a antropologia em ciência).
14. Bibliografia: LAPLANTINE,François - “a pré-história da antropologia: a descoberta das diferenças pelos viajantes do século XVI e a dupla resposta ideológica dada daquela época até nossos dias” (pg 37-54) e “o século XVIII: a invenção do conceito de homem” (pg 54-62), In: Aprender Antropologia, Brasiliense, São Paulo, 1991.