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A Indisciplina em Entrevista…. Professores…. ► Licenciatura em Matemática (ensino de) , na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; ► Licenciatura em Humanidades – Português, Latim e Grego, na Universidade Católica Portuguesa, Faculdade de Filosofia de Braga. Professores….
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Professores… ►Licenciatura em Matemática (ensino de), na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; ►Licenciatura em Humanidades – Português, Latim e Grego, na Universidade Católica Portuguesa, Faculdade de Filosofia de Braga.
Professores… • O que entende por indisciplina? Quais as suas principais causas? • A indisciplina é tal como o próprio nome diz um desrespeito pelas normas associadas ao bom comportamento. As principais causas da indisciplina são: a falta de acompanhamento pelos pais, a necessidade de se evidenciarem e o meio em que estão inseridos também pode levar à indisciplina. • Indisciplina: desordem, rebeldia, desrespeito. Muitas vezes a falta de compreensão por parte dos pais e/ou professores.
Professores… • Qual o perfil ideal do professor para erradicar a indisciplina das suas aulas? • Na minha opinião não existe um perfil ideal, o professor deve tomar certas atitudes conforme a turma, mas principalmente um professor deve desde o início ser firme nas regras que impõe e não deve ceder. Por exemplo: se um professor disser que quem chegar depois do 2º toque tem falta, deve dar o exemplo e sempre que tal aconteça deve marcar a falta e não ceder nenhuma vez. Desta forma o professor faz-se respeitar e de certa forma disciplina os alunos. • O professor deverá ser o mais paciente e compreensivo possível, tentando ser criativo, arranjando actividades que possam estimular o interesse do aluno.
Professores… • Já teve algum caso de indisciplina? • Sim, no 7º ano tinha um aluno que não fazia nada a não ser destabilizar as aulas, até que eu comecei a ignorá-lo completamente, passado algum tempo começou a perceber que quem estava a ser prejudicado era ele e entretanto começou a dedicar-se. • Alguns. Mas nada de relevante.
Professores… • Que atitude tomaria perante uma situação grave de indisciplina? • Depende da situação, mas acima de tudo tinha que fazer ver ao aluno que estava ou tinha procedido mal. • Tentaria compreender os motivos que levaram o aluno a ter determinado comportamento. Dependendo disso talvez comunicasse aos pais a situação, caso fosse necessário.
Professores… • Tem conhecimento e segue o regulamento interno da escola ou procura estabelecer as suas próprias regras? • Tento ter conhecimento das regras da escola e tento adaptar as regras da escola com as minhas próprias regras. • Apesar de ter conhecimento e seguir o regulamento interno da escola, procuro manter algumas regras que acho relevantes para, de certa forma, motivar os alunos criando com isto um bom ambiente de aula.
Professores… • Já participou em algum conselho disciplinar? Qual a sua opinião sobre estes? • Sim. Acho que estes conselhos não resolvem nada porque normalmente o que se decide nestes conselhos é a suspensão temporária do aluno, o que no meu ver não resolve a situação. • Não.
Professores… • Na sua opinião quais os actos de indisciplina mais frequentes? • Falta de respeito quer pelo professor, quer pelos colegas e perturbação do normal decurso da aula. • Falta de educação para com os professores e até mesmo com os próprios colegas.
Professores… • Das escolas em que leccionou alguma delas era “rotulada” como problemática? • Sim, era uma escola frequentada por alunos das serras, haviam turmas de órfãos, alunos alcoólicos, alunos que não tinham dinheiro para comer chegando mesmo a desmaiar nas aulas e alunos que no tempo frio não podiam ir à escola, porque não tinham roupa para vestir. • Não.
Professores… • Acha que a participação dos pais (encarregados de educação) na vida escolar influencia o comportamento e o interesse dos alunos? • Acho que é fundamental o acompanhamento dos pais para um bom desempenho dos alunos, quer a nível de interesse, quer a nível do seu comportamento. • Bastante. Cada vez mais as crianças sentem a necessidade de ser acompanhadas.
Professores… • Durante a licenciatura considera que obteve uma boa preparação para lidar com a indisciplina? • Não, como em tudo com a prática é que se aprende e na licenciatura é tudo muito teórico. • Nunca se está preparado para lidar com este tipo de situações, pois todos nós sabemos que as crianças são uma “caixinha de surpresas”. Contudo, a preparação que tive durante a minha licenciatura fez-me prever certas situações.
Professores… • Considera-se uma professora (in)disciplinado? • Tento ser o mais disciplinada possível para dar o exemplo. • Sim, considero-me disciplinada.
Professores… • Deixe alguns conselhos para os futuros professores, no caso de se encontrarem perante um caso de indisciplina! • Tentar recriar uma relação de confiança com os alunos, mantendo a disciplina, tentar mostrar ao aluno que errou e reprimir, mas ao mesmo tempo transmitir sempre a ideia que a situação é reversível e que pode ser facilmente esquecida. • O segredo para o sucesso de um bom professor está no saber escutar, compreender e motivar.
Alunos… ► 17anos, 12º ano; ► 15 anos, 10º ano; ► 16 anos, 10º ano; ► 16 anos, 10º ano.
Alunos… • O que entendes por indisciplina? • A indisciplina, na minha opinião, é devido a uma certa rebeldia, revolta. Uma pessoa indisciplinada não é obediente e sente necessidade em contradizer a pessoa em confronto. A indisciplina é a tendência que a pessoa tem em contrariar a opinião dos outros devido, por exemplo, ao facto de ser uma pessoa extrovertida. • Para mim a indisciplina é um acto de irresponsabilidade ou rebeldia de certas pessoas. • Indisciplina para mim, é o não cumprimento de certas normas que todos devemos cumprir. É também comportamentos menos adequados em certas circunstâncias. • Indisciplina, é um acto que não está correcto.
Alunos… • Quais as suas principais causas? • Eu penso que o que leva à indisciplina é mesmo a revolta que a pessoa sente (por qualquer motivo) e, pelo facto também de ser rebelde pode induzir a indisciplina. • Eu penso que a falta de educação e a falta de ordem num determinado local, daquele ou daqueles que não se submetem à disciplina, são as principais causas da indisciplina. • A indisciplina pode ser causada por: - má educação dos pares; - sentimento de revolta destes. • Muitas vezes é a falta de educação de várias pessoas que provoca a indisciplina.
Alunos… • Achas que os professores lidam correctamente com a indisciplina? • Depende. Existem alguns professores que têm “pulso” e conseguem dominar os alunos, isto é, sabem impor-se e sabem mandar. Mas, também existem alguns professores, na minha opinião os que têm menos anos de serviço, que ainda não dominam a indisciplina, logo não lidam bem com ela. • Sim, alguns professores têm mais paciência e conseguem manter a disciplina na sala de aula, mas, por outro lado, há professores que têm menos paciência e acabam por tratar mal o aluno em causa. • Alguns professores, acho que sim. Estes conseguem impor o respeito dentro da sala de aula. Outros professores, porém não lidam muito bem, pois não conseguem manter a turma em silêncio, e não conseguem controlar as atitudes de certos alunos.
Alunos… • Já tiveste comportamentos indisciplinados? • Eu pessoalmente nunca tive. Ao longo destes anos já estive numa turma que tinha alunos indisciplinados, mas eu nunca fui. O que acontecia mais frequentemente com “n” meus colegas indisciplinados era respostas tortas para os professores e muita má educação, como seja, atirar papéis molhados para o quadro, pintar as unhas, sair pela janela e outro tipo de brincadeiras que supostamente seriam feitas só em intervalos. • Não. Já assisti a vários comportamentos indisciplinados, tais como: provocações ao professor e aos restantes elementos da turma. • Não. Nunca tive um mau comportamento muito grave.
Alunos… • Como reagiu o professor a esses comportamentos? • Quando isto aconteceu, a professora em questão não dizia nada. Para ela era igual que o aluno se interessasse ou não. Deixava as coisas correr e, por isso, é que estes comportamentos se davam. • Tive uma professora que ao “confrontar-se” com um elemento da turma, não aguentou a pressão e acabou por chorar em frente à turma e tratou mal o aluno. Como resultado desta discussão a professora pôs um processo disciplinar ao aluno.
Alunos… • Se estivesses no lugar dele o que farias? • Se fosse comigo eu não permitia, em 1º lugar o barulho que existia, pois assim nem me conseguia concentrar e isto já era meio caminho andado, porque eles iam perceber que não estávamos ali para brincar. • No lugar da professora eu teria mais calma, não trataria mal o aluno, apenas lhe passava o processo disciplinar. • Se eu estivesse no lugar do professor expulsava o aluno da aula e passava-lhe um processo disciplinar.
Alunos… • Tens conhecimento de algum caso grave de indisciplina? Quais as medidas que são tomadas pela escola para punir as alunos indisciplinados? • Não sei se é um caso grave de indisciplina, mas sei que já aconteceu na minha escola, entrarem pessoas completamente bêbadas na aula e alunos que se “pegam” e batem uns nos outros dentro e fora das salas. Normalmente estes alunos são suspensos durante alguns dias. • Sim. O aluno foi suspenso das aulas durante uma semana, não podendo entrar na escola. Durante essa semana o aluno tem faltas que não podem ser justificadas. • Sim. O aluno é punido com um processo disciplinar que vai fazer com que ele vá alguns dias para casa e não possa entrar na escola. Assim, o aluno ao faltar a aulas vai ter faltas injustificadas e com estas pode reprovar.
Alunos… • Tens conhecimento do regulamento interno da escola para casos de indisciplina? • Não tenho conhecimento. • Sim. O regulamento interno da escola encontra-se na biblioteca para quem quiser ler. • Não. • Conheço algumas regras que se encontram no regulamento, mas não sei todas.
Alunos… • A tua escola é “rotulada” como problemática ou conheces alguma que seja? Quais os motivos? • A minha não é, mas existe uma muito perto que por vezes se ouvem comentários de alunos de lá. O motivo não sei muito bem, mas sei que existe lá um grupo de alunos que se metem muitas vezes em confusões e conflitos. • Sim. A minha escola é “rotulada” como problemática, pois tem alguns elementos rebeldes, sem educação, tratam mal as pessoas, só pensam no seu bem-estar, não se importam com o bem-estar dos outros. • Sim, muitas pessoas dizem que a nossa escola é problemática. Porque às vezes geram-se muitas discussões, problemas com professores, etc.
Alunos… • Na tua opinião quais os actos de indisciplina mais frequentes? • Faltas de educação e alunos que batem uns nos outros. • A falta de respeito e de obediência, destruição de alguns espaços da escola, discussões entre as pessoas, etc. • Quando os alunos estragam certos espaços da escola, como por exemplo: - queimam caixotes do lixo; - escrevem nas paredes. • Desrespeito pelos professores e pelos funcionários da escola. Destroem instrumentos necessários para decorrer a aula, escrevem nas paredes das salas e por vezes partem os vidros das janelas.
Alunos… • Indica algumas medidas para combater a indisciplina! • Acho que suspensão não é o melhor método, pois por vezes é isso mesmo que eles querem, é ficar em casa. O que se pode fazer é que o professor, no primeiro dia marque bem as regras, não admita má educação e falta de respeito e que saiba impor-se. Pode existir uma boa relação professor-aluno se existirem regras e limites. • Tomar medidas mais drásticas para punir os alunos, ou então arranjar espaços para que os alunos estejam ocupados. • Criar uma maneira de incentivar os alunos a ter comportamentos mais adequados. Como por exemplo, tentar criar projectos para que nas aulas eles se interessem pela matéria leccionada. • Para mim, as medidas necessárias para combater a indisciplina é existir castigos mais rigorosos para que os alunos pensem duas vezes antes de cometer alguma indisciplina.
Alunos… • O que entendes por um “professor indisciplinado”? Já tiveste algum? • Um professor indisciplinado é um professor que não é organizado com a sua matéria, que se desleixa e que não sabe manter a ordem. Já tive aquele professor de quem falei anteriormente. • Um professor “ indisciplinado” é aquele que atende o telemóvel na aula, não respeita os alunos, nem os trata com igualdade, não cumpre o regulamento da escola. • Professor que não sabe dar uma aula, só sabe tratar mal os alunos, não se interessa minimamente por estes e não os respeita. Nunca tive nenhum professor com estas características todas juntas. • “Professor indisciplinado” é um professor que não sabe estar nas aulas, desrespeita os alunos e tem um comportamento “egoísta”.
Docente Entrevistadora – O que entende por indisciplina? Professora – É uma pergunta complicada. Ah... penso que tem a ver quando por qualquer razão as regras da convivência não são respeitadas, não é? O bom funcionamento da aula, o respeito pelo professor, ou pelos colegas. E – Já se confrontou com algum caso de indisciplina? P – Já, já! E – E pode explicar-me o que aconteceu? P – Recentemente tive, ahhh… há dois dias ou três um caso com um aluno devido a uma situação que não vale a pena estar a explanar que... mmm...eu repreendi-o e ele contestava todas as minhas repreensões. Em vez de acatar a repreensão porque estava em falha, não é? Não, respondia a tudo até que eu tive que zangar-me, alterar a minha voz e dizer que quando eu o repreendesse ele não tinha nada que responder de volta e que tinha mais era que calar e mudar o comportamento porque ele é que estava errado, não era eu.
Docente E – E que medidas é que tomou assim mais “drásticas”, para resolver esta situação? P – Chamei a mãe! Chamei a mãe do aluno que é a encarregada de educação. Ela já cá tinha estado e já me tinha dito que o pressionasse, que exigisse dele, que se tivesse de o castigar que o castigasse, ahhh… só que às vezes os pais não conhecem os filhos muito bem, não sabem muito bem quem têm na escola, e tive de a chamar novamente e dizer-lhe que ele, que...estava a enfrentar-me e a desautorizar-me dentro da sala de aula quando contestava... Os alunos hoje em dia acho que têm a ideia que têm muitos direitos e esquecem-se muitas vezes dos seus deveres. Eles exigem os seus direitos e esquecem-se de cumprir na parte dos deveres.
Docente E –Mas acha que esse problema também poderia ser derivado da educação que os pais lhe deram? Ou acha que não teve nada a ver com isso? P –Acho que é muito mimado em casa... ahhh...o pai é muito ausente também, porque devido à actividade profissional que desempenha não está muitas vezes em Braga, está muitas vezes fora de Braga, não dorme em casa, e a mãe está ligada ao sindicato e penso que também lhe dará pouco apoio… os pais não têm muito tempo para conversar com os filhos, não os conhecem verdadeiramente, não sabem como é que eles reagem em situações de conflito, o que é que eles pensam muitas vezes, ahhh… enchem-nos de motas e de… de coisas e acho que às vezes a parte emocional, e a educação, e as maneiras fica muito descorada, porque eles passam duas, três horas com os filhos por dia, no máximo, isto até se as coisas correrem bem, muitas vezes não almoçam com eles sequer. E portanto, estas duas horas ou três que passam por dia com os filhos não estão para se incomodar, e para estar a aborrecer-se com mais uma coisa que poderá trazer conflitos, porque quando nós intervimos com os filhos, habitualmente, dá origem a confusão, a discussão e os pais querem poupar-se disso.
Docente E –Então podemos apontar isso como a causa da indisciplina? P –A falta de acompanhamento está quase sempre ligada. Quando um aluno é mal comportado dentro da sala de aula, quase sempre está associado ao facto de andarem muito à solta, e com pouca intervenção dos pais. E –E será que me pode apontar mais alguma causa que leve à indisciplina? P –Às vezes a fase da adolescência. É uma fase de afirmação da personalidade, não é? E às vezes tentam afirmá-la pelo lado errado. O contestar dos mais velhos é uma forma de contestação. Só que há contestações e contestações, que não se podem admitir. E – Acha que as práticas actuais utilizadas pelo ensino podem também ser uma das causas? P –Não estou a perceber a pergunta.
Docente E –Por exemplo, os métodos que os professores usam, acha que também podem ser uma causa da indisciplina? P –Acho. É que há colegas nossos que permitem muitas coisas. E os miúdos precisam de ter um... É como com os pais em casa, se o pai diz de uma forma e a mãe diz de outra o miúdo fica um bocado sem saber como se localizar. E com os professores passa-se exactamente a mesma coisa. Se há dois ou três professores que são demasiado permissivos e os outros dois exigem, por exemplo, que eles cheguem antes do professor ou quando o professor chega eles já lá estão, ahhh... que não admita determinado tipo de comentários, os miúdos ficam um bocado sem saber como agir com este e como agir com aquele. E como o grupo de professores é de oito ou dez professores, não é?, às vezes eles tendem a adoptar a parte errada. Uniformizam mas pela negativa, em vez de se... quer queiramos quer não ser exigente ahhh... não ser muito permissivo dá muito trabalho, às vezes é mais fácil facilitar, não é?! E as pessoas às vezes não estão para se incomodar com chatices dentro da sala de aula.
Docente E –De entre as várias medidas disciplinares preventivas e sancionatórias será que podemos dizer que elas têm todas o mesmo grau de eficácia? Por exemplo, como a repreensão ou a expulsão do aluno da sala de aula? Acha que têm todas a mesma eficácia? P –Mmm… depende. Tudo depende dos alunos. Eu acho que não se pode uniformizar, não se pode dizer esta medida funciona bem com todos os alunos, não, cada caso é um caso. Há medidas que uma pessoa tem feito, pôr na rua, por exemplo, muitas vezes não surte efeito... e há... penso que sempre que se participa por escrito, e muitos colegas não participam, não é?, os alunos portam-se mal. Eu já me aconteceu este ano participar uma turma por escrito, em que os encarregados de educação foram chamados porque eles estavam constantemente na conversa, não chegam a ser mal educados, mas perturbavam a aula porque tinha que se estar sucessivamente a interromper e a parar para mandar calar, e nomeei situações de alunos, numa participação escrita à directora de turma, e a directora de turma chamou esses cinco ou seis pais, e portanto, ah... as coisas melhoraram um pouco, mas não melhoraram muito.
Docente E –Mesmo nos casos mais graves de indisciplina acha justificável expulsar um aluno da instituição escolar, durante um período de tempo? P –Depende, depende do que o aluno tiver feito. Há quem ache que, por exemplo, pôr as pessoas na prisão não... não é forma de os emendar, de os corrigir, não é?, há muitas teorias, há muitas maneiras de ver as coisas. Tudo depende do aluno, do que fez, da gravidade da situação. Às vezes não resolve, às vezes se calhar uma medida de, de....a terminologia...ahhh... medidas de utilidade à escola, como tratar de alguns espaços da escola, se calhar eram mais eficazes, mas isso depende da aprovação do encarregado de educação, e alguns encarregados de educação acham que é muito humilhante para o seu filho, por exemplo, pô-lo a limpar o jardim da escola ou a limpar duas salas por semana como medida punitiva, sancionatória.
Docente E –Mas será que um aluno que já é rotulado por indisciplinado, acha que ele vai aprender a lição, acha que ele vai melhorar, vai ficar menos indisciplinado? P –Não sei, não sei! Acho que as coisas não mudam muito, não. Quando se suspende um aluno dois ou três dias, quando se atribuiu uma tarefa qualquer para realizar na escola como uma medida sancionatória. Eu tomo isto como exemplo de alguns casos que tenho visto, que me têm surgido na... no meu exercício da docência, não é? Não tenho visto grandes melhoras significativas. E –Então acha que deveriam ser introduzidas novas medidas, ou acha que as que estão em funcionamento ajudam a resolver os casos de indisciplina? P –Eu acho que em alguns casos era preciso repensar as estratégias de repreensão, acho que muitas das coisas que se estão a fazer não estão a surtir efeito, e não estão a resultar. Pune-se, mas, eventualmente, o aluno numa situação semelhante reagiria, ou faria exactamente a mesma coisa, penso eu!
Docente E –E tem alguma ideia, de alguma medida, que me possa dar? P –Não, não tenho. Não tenho. E –Na sua opinião a indisciplina é um problema que está a aumentar ou hoje em dia consegue-se lidar bem com a situação? P –Depende das escolas, dos alunos, ahhh… das motivações, dos objectivos dos próprios alunos. Nesta escola não há grandes problemas de indisciplina, há alguns, mas não são muito graves. Mas há escolas que nós sabemos que têm graves problemas de indisciplina, do género dos alunos oferecerem “tareia” aos professores, de não acatarem as ordens, de responderem torto, de dizerem palavrões, de constantemente desautorizarem o professor dentro da sala de aula. Nós sabemos que elas existem, não é?!
Discente Entrevistadora – O que entendes por indisciplina? Aluna – É quando se falta ao respeito. Depende, depende do tipo de indisciplina. Se for relacionado com a escola, normalmente é quando se falta ao respeito aos professores, ou aos colegas. Isso perturba o meio. E –Já presenciaste algum caso de indisciplina? A - Já. E –E podes-me relatar? A –Foi para aí no oitavo ano. Não, acho que foi no sétimo. Uma vez nós tínhamos um caixote daqueles grandes do lixo e os rapazes da nossa turma destravaram-no e puseram-no em frente à sala e depois a professora queria... só via assim um bocadinho por cima e queria dar a aula e não deixavam tirar o caixote. Depois eles lá tiraram, e ainda por cima lá dentro enfiaram o casaco de um nosso colega no lixo. A professora zangou-se mesmo e foi-se embora.
Discente E –E sabes que medidas é que a professora tomou, neste caso específico? A –Não fez nada, zangou-se mas depois... Não deu aula. Saiu da aula, falou com o director de turma, mas não houve problemas nenhuns. Acho que depois só houve um teste surpresa, mas nem sei se teve alguma coisa a ver. E –Mas foi só para o aluno, ou foi para a turma toda? A –Para a turma toda. E –Que medidas é que achas que deveriam ser tomadas nesta situação? O que é que achas que a professora deveria ter feito para com o aluno? A –Deveria ter apurado quem foi responsável, não é? E depois em conjunto com os outros professores puni-lo de alguma maneira.
Discente E –Achas que a transferência de um aluno considerado indisciplinado para outra escola poderá fazer com que ele seja um aluno menos indisciplinado? A –Não, acho que não. Acho que não é isso que resolve. Tem é mesmo que se punir e mostrar ao aluno que ele está errado. Não é... quer dizer se ele é indisciplinado mudá-lo para outra escola ia causar problemas noutra escola. Acho que isso não é a resolução do problema. E –Consideras que os casos de indisciplina podem causar um mau ambiente dentro da sala de aula? A –Sim, sem dúvida! Lógico! E –O que é que achas que os professores, em geral, podem fazer para tentar melhorar os casos de indisciplina?
Discente A –Sei lá! Acho que é agir pela parte positiva, tentar mostrar aos alunos que eles estão incorrectos. Muitas vezes os professores optam por marcar falta, pôr na rua e não sei quê... E muitas vezes os alunos fazem aquilo e nem sabem porque é que os puniram, nem nada. É mostrar aos alunos que eles estão errados no fundo e mostrar-lhes o caminho correcto. E –Achas que a falta de acompanhamento dos pais para com os alunos é uma causa da indisciplina? A –Sim. Lógico. Muitas vezes, muitos dos colegas nossos na outra escola, normalmente os mal comportados eram os que viviam nos orfanatos e não tinham apoio familiar em casa e depois isso reflectia-se, como é lógico, na actividade escolar deles. E –Na tua opinião, achas que a indisciplina tende a diminuir ou a aumentar? A –Aumentar cada vez mais. A aumentar! Acho que sim. Pelo que eu ouço dizer também.
Realidade… • Desde 1999, o furto de bens dos estudantes teve um acréscimo muito significativo, passando entre 2000 e 2001 de 297 para 714 ocorrências; • A violência física é mais visível através da pequena coacção física ou assédio para cedência de dinheiro e outros produtos, este tipo de situações passou de 609 em 2000 para 1400 em 2001; • Em 1999 registaram-se 55 agressões a professores, em 2001 foram contabilizados 146 casos.
Trabalho elaborado por: Maria José Oliveira Silva Nº 38557 Universidade do Minho Prática Pedagógica I Braga, 31 de Maio de 2004