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A Educação de Jovens e Adultos: Do currículo ao material didático Porto Alegre Nov/2011. O contexto brasileiro da EJA. Qual é o desafio da EJA? Em 2010, estimava-se que cerca de 80 milhões de brasileiros com mais de 15 anos não tinham completado a educação básica.
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A Educação de Jovens e Adultos: Do currículo ao material didáticoPorto AlegreNov/2011
O contexto brasileiro da EJA • Qual é o desafio da EJA? • Em 2010, estimava-se que cerca de 80 milhões de brasileiros com mais de 15 anos não tinham completado a educação básica. • Em 2009, apenas 7,7% da população com 15 anos que não concluiu a educação básica frequentava a escola.
Em 2010, a população brasileira com mais de 25 anos tinha em média 7,2 anos de estudo. • Eram 5,3 anos em 1995.
Quem são os jovens e adultos da EJA e por que estão fora da escola?
Grande parte dos estudantes de EJA são trabalhadores e de baixa renda.
Encceja: Motivações dos candidatos – 2010 142 575 respondentes do Ensino Fundamental
Especificidade da Educação de Jovens e Adultos • Inserção no mundo do trabalho • Saberes não-escolares • Descontinuidade • Flexibilização
“Problema é aquilo que a gente tenta resolver na escola e pobrema são as coisas que a gente tem que resolver na vida da gente”.
Alguns pressupostos para a construção de currículos • O que é um currículo adequado para a educação de adultos? • Documentos existentes: 1º e 2º segmento. • Marco de Belém
Um artefato socioeducacional que se configura nas ações de conceber/selecionar/produzir, organizar, institucionalizar, implementar/dinamizar saberes, conhecimentos, atividades, competências e valores visando uma “dada” formação, configurada por processos e construções constituídos na relação com conhecimento eleito como educativo. Enquanto uma construção social, e articulado de perto com outros processos e procedimentos pedagógico-educacionais, o currículo, como qualquer artefato educacional, atualiza-se – os atos de currículo – de forma ideológica e, neste sentido, veicula “uma” formação ética, política, estética e cultural, nem sempre explicita” (MACEDO, Roberto Sidnei. Currículo: campo, conceito e pesquisa. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 24-25)
“Em geral, o senso comum educacional percebe o currículo como um documento onde se expressa e organiza a formação, ou seja, o arranjo, o desenho organizativo dos conhecimentos, métodos e atividades em disciplinas, matérias ou áreas, competências, etc.; como um artefato burocrático ou áreas, competências, etc; como um artefato burocrático preescrito. Não perspectivam o fato de que o currículo se dinamiza na prática educativa como um todo e nela assumefeições que o conhecimento e a compreensão do documento por si só não permitem elucidar. O fato é que os professores e educadores em geral, nos seus cenários formativos, atualizam, constroem e dão feição ao currículo, cotidianamente (MACEDO, Roberto Sidnei. Currículo: campo, conceito e pesquisa. Petrópolis: Vozes, 2007, p. 25-26).
O estudante como sujeito O aluno trabalhador é concebido com um ser social que traz experiências de vida e conhecimento acumulados. Um sujeito fazedor de história que intervém na realidade e que se constrói nas ações coletivas. Um ser integral, cujas dimensões cognitivas, físicas, emocionais, econômicas, políticas, sociais, culturais, éticas e estéticas e espirituais interagem no processo de construção do conhecimento. O conhecimento é concebido como fruto de um processo construtivo em que a aprendizagem dos sujeitos não está dada a priori e nem mesmo resulta do acúmulo de informações vindas do meio exterior. Para aprender, o sujeito coloca em jogo suas hipóteses sobre a realidade, interage com o real e com os outros, reconstruindo estas hipóteses e avançando na compreensão desta realidade. CITOLIN, S. Citado em:Osmar Fávero. Cad. Cedes, Campinas, vol. 27, n. 71, p. 39-62, jan./abr. 2007, p. 45.
Marco de Belém • Aprendizagem e educação de adultos abrangem um vasto leque de conteúdos – aspectos gerais, questões vocacionais, alfabetização e educação da família, cidadania e muitas outras áreas – com prioridades estabelecidas de acordo com as necessidades específicas de cada país. • 9. Estamos convictos de que aprendizagem e educação de adultos preparam as pessoas com conhecimentos, capacidades, habilidades, competências e valores necessários para que exerçam e ampliem seus direitos e assumam o controle de seus destinos. • Aprendizagem e educação de adultos são também imperativas para o alcance da equidade e da inclusão social, para a redução da pobreza e para a construção de sociedades justas, solidárias, sustentáveis e baseadas no Conhecimento (p. 6 e 7).
Um mundo fechado “A escola está aumentando a distância entre as palavras que lemos e o mundo em que vivemos. Nessa dicotomia, o mundo da leitura é só o mundo do processo de escolarização, um mundo fechado, isolado do mundo onde vivemos experiências sobre as quais não lemos”. Paulo Freire
Pressupostos – Fase I/Primeiro Segmento • Ênfase no letramento • Durante muito tempo, acreditava-se que ensinar a ler era apenas ensinar a decodificar.Nesse sentido, os métodos de alfabetização priorizavam o conhecimento das letras e a capacidade de decodificar os sons, a formação de sílabas e de palavras ou a escrita de frases descontextualizadas. A leitura era vista como um ato mecânico, e ler com fluência era um dos objetivos principais. Acreditava-se que, quando um aluno conseguia ler em voz alta, já aprendera a ler.
O mundo real • A escrita se encontra por todos os lados e nos mais diversos lugares: no controle remoto da televisão, no aparelho celular, nas roupas, no corpo, nos livros, nos jornais, nas revistas etc. Em suma: vivemos em uma sociedade complexa, com diversas práticas sociais que precisam da escrita para existir. É preciso formar leitores capazes de ler diversos textos, para que possam agir nas mais diversas situações. Por isso, é necessário trazer para a escola textos autênticos que circulam na nossa sociedade: documentos, letras de música, contas de água, cartazes, poemas etc.
“... a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele”. Paulo Freire
Leitura e prática social Ler para atuar, agir e refletir e não somente para aprender a ler. A leitura visa ao ensino da escrita e dos conteúdos através de uma prática social, inserida em situações relevantes do cotidiano do estudante.
O livro didático na sala de aula Material de apoio ou cartilha?
O ideal • O professor como autor de um projeto de trabalho. • Construtor de uma sequência didática voltada para a realidade de um grupo. • Construir junto com o grupo-classe. • Descobrir novos caminhos. Redesenhar o trabalho sempre que necessário. • O livro didático é um dos materiais possíveis e deve ser utilizado conforme as demandas do professor.
O real, em muitos lugares • Pouca disponibilidade para produção e pesquisa de material. • Não é uma prática construir junto com o grupo discente. • O livro didático se transforma em uma cartilha que seguimos sem questionar.
O possível • Utilizar o livro-didático como material de apoio, mas refletindo sobre o significado do mesmo para o grupo. • Ter como perspectiva a reconstrução do índice atendendo às especificidades do grupo discente. • Transformar os alunos em pesquisadores capazes de enriquece o curso e ultrapassar os limites do livro-didático.
A área de Estudos da Sociedade e da Natureza O processo de iniciação dos jovens e adultos trabalhadores no mundo da leitura e da escrita deve contribuir para o aprimoramento de sua formação como cidadãos, como sujeitos de sua própria história e da história de seu tempo. Coerente com este objetivo, a área de Estudos da Sociedade e da Natureza busca desenvolver valores, conhecimentos e habilidades que ajudem os educandos a compreender criticamente a realidade em que vivem e nela inserir-se de forma mais consciente e participativa. Proposta curricular – 1º segmento
O universo de interesses É necessário superar certa visão utilitarista da educação de jovens e adultos, baseada no suposto de que os interesses dos educandos estão restritos às suas experiências e necessidades imediatas. A pesquisa e a prática educativa revelam que eles se interessam tanto pelas questões relativas à sua sobrevivência cotidiana como por temas aparentemente distantes como a origem do universo, o desenvolvimento da informática ou a eclosão de conflitos religiosos em outros continentes. Entre os jovens em particular, ressalta o interesse por ampliar as experiências de lazer e convívio social, assim como partilhar as necessidades e realizações no plano afetivo, dialogando sobre o amor, a sexualidade e a família. Proposta Curricular – 1º segmento
Contextualização Partir de situações contextualizadas para garantir aprendizagens significativas e tornar mais evidentes os vínculos desse campo de estudo com a vida dos jovens e adultos, nas mais diferentes escalas de relações humanas. Interessam tanto as temáticas da realidade local quanto as que ocorrem em outras partes de nosso país e do mundo.
As ciências Não é fácil definir o que é ciência, mas podemos identificar o espírito crítico como característica básica tanto das ciências sociais como naturais, ou seja, a busca de explicações não dogmáticas sobre os fenômenos, explicações que possam ser confrontadas com a observação e experimentação, com a análise de documentos ou com explicações alternativas. Neste sentido, mais do que a memorização de nomes e datas, o objetivo prioritário desta área de estudo deverá ser o desenvolvimento do espírito investigativo e do interesse pelo debate de idéias. Proposta Curricular – 1º segmento
Alguns temas e assuntos • Corpo humano • Nutrição, reprodução, fases do desenvolvimento, sexualidade e preservação da saúde. • Qualidade de vida. • Relação do ser humano com o meio-ambiente. • Saúde no trabalho.
Alguns temas • Cultura e identidade, diversidade cultural, e conflitos • Cidadania, direitos e participação • As relações sociais/organização da produção e mundo do trabalho.
Viver, AprenderEnsino Fundamental Educação de Jovens e Adultos (EJA)
A Ação Educativa foi fundada em 1994 com o objetivo de lutar pelo direito à educação, com especial foco na Educação de Jovens e Adultos. Em 1995, esteve a frente da elaboração da Proposta Curricular de Educação Básica de Jovens e Adultos. Em 1996 conseguiu o apoio do MEC para elaboração e distribuição de uma coleção de material didático, a Coleção VIVER, APRENDER. Realiza assessorias para Secretarias Municipais e Estaduais de Educação em diversas regiões do Brasil. Em 2000 lançou nova versão da coleção Viver, Aprender em parceria com a Editora Global. Em 2009 finalizou a produção da obra de Ensino Médio. Em 2010 teve todas suas obras aprovadas pelo PNLD-EJA.