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O mundo contempor
E N D
1. Cultura escolar, cultura da escola e culturas sociais : dialogando com a diversidade. Luciane Ribeiro Dias Gonçalves
Doutoranda em Educação – DIS / UNICAMP
SMEC – Ituiutaba
NEAB – NEIAP - UFU
2. O mundo contemporâneo – cada vez mais complexo nas suas diferentes dimensões – vem passando por mudanças significativas e tão radicais que, muitas vezes, não somos capazes de compreendê-las de modo adequado. Sabemos também que grandes divisões e inúmeros conflitos marcam as sociedades atuais, muitos deles provocados por questões de ordem cultural. Por isso e diante desse contexto, acreditamos que é necessário avançar a reflexão em torno das relações entre educação e cultura(s).
3. cultura escolar conceito polissêmico: que admite diferentes sentidos e enfoques.
Forquin (1993)- “conjunto dos conteúdos cognitivos e simbólicos que selecionados, organizados, normalizados, rotinizados, sob efeito dos imperativos de didatização, constituem habitualmente o objeto de uma transmissão deliberada no contexto das escolas” (p.167).
4. Antonio Frago (visão antropológica)
É o conjunto dos aspectos institucionalizados que caracterizam a escola como organização, o que inclui práticas e condutas, modos de vida, hábitos e ritos – a história cotidiana do fazer escolar – objetos materiais- função, uso, distribuição no espaço, materialidade física, simbologia, introdução, transformação, desaparecimento – e modos de pensar, bem como significados e idéias compartilhadas”.
5. pesquisas revelam predomínio em nossas escolas uma cultura escolar rígida – padronizada, ritualística, pouco dinâmica, que dá ênfase a simples processos de transmissão de conhecimentos e está referida à cultura de determinados atores sociais (Candau, 2000) - e que pouco dialoga com o contexto cultural das crianças e dos/as jovens
6. “Chama a atenção quando se convive com o cotidiano de diferentes escolas como são homogêneos os rituais, os símbolos, a organização do espaço e do tempo, as comemorações de datas cívicas, as festas, as experiências corporais, etc. Mudam as culturas sociais de referência, mas a cultura da escola parece gozar de uma capacidade de se auto-construir independentemente e sem interagir com esses universos. É possível detectar um congelamento da cultura da escola que, na maioria dos casos, a torna estranha a seus habitantes” (Candau,2000:68).
7. A cultura escolar: um universo monocultural? A cultura escolar apresenta um caráter monocultural;
A cultura dominante nas salas de aula é a que corresponde à visão de determinados grupos sociais: nos conteúdos escolares e nos textos aparecem poucas vezes a cultura popular, as sub-culturas dos jovens, as contribuições das mulheres à sociedade, as formas de vida rurais, e dos povos desfavorecidos (exceto os elementos de exotismo), o problema da fome, do desemprego ou dos maus tratos, o racismo e a xenofobia, as conseqüências do consumismo e muitos outros temas problemas que parecem “incômodos”. Consciente e inconscientemente se produz um primeiro velamento que afeta os conflitos sociais que nos rodeiam quotidianamente(Sacristán,1995: 97).
8. Origens da perspectiva intercultural em educação A reflexão sobre o papel da educação em uma sociedade cada vez mais de caráter multicultural, é recente e crescente no nível internacional e, de modo particular, na América Latina ;
A origem desta corrente pedagógica pode ser situada aproximadamente há trinta anos, nos Estados Unidos, a partir dos movimentos de pressão e reivindicação de algumas minorias étnico-culturais, principalmente negras.
Na América Latina, a preocupação intercultural, nasce a partir de outro horizonte. Para Zúñiga Castillo e Ansión Mallet (97), esta abordagem surge referida as nossas populações indígenas.
9. Quais seriam, então, os critérios básicos para se promover processos educativos em uma perspectiva intercultural? A pedagogia intercultural é tanto escolar como social. A sociedade e a escola têm de unir suas ações no processo de educação intercultural
articular a nível das políticas educativas -práticas pedagógicas: o reconhecimento e valorização da diversidade cultural com as questões relativas á igualdade e ao direito à educação como direito de todos/as.
10. a educação intercultural afeta não somente aos diferentes aspectos do currículo explícito, objetivos, conteúdos propostos, métodos e estilos de ensino, materiais didáticos utilizados, etc, como também o currículo oculto e as relações entre os diferentes agentes do processo educativo professores/as, alunos/as, coordenadores/as, pais, agentes comunitários, etc.
Neste sentido, trabalhar os ritos, símbolos, imagens, etc, presentes no dia a dia da escola e a auto-estima dos diferentes sujeitos e construir relações democrática que superem o autoritarismo e o machismo tão fortemente arraigados nas culturas latino-americanas, constituem desafios iniludíveis.
11. Portanto, é possível afirmar que a perspectiva intercultural em educação não pode ser dissociada da problemática social e política presente em cada contexto. Relações culturais e étnicas estão permeadas por relações de poder. Daí seu caráter muitas vezes contestador, conflitivo e mesmo socialmente explosivo.
12. A perspectiva da educação intercultural apresenta uma grande complexidade e nos convida a repensar os diferentes aspectos e componentes da cultura escolar e da cultura da escola e o sistema de ensino como um todo. Não pode ser trivializada. Coloca questões radicais que têm que ver com o papel da escola hoje e no próximo milênio. Todos os educadores e educadoras estamos convidados a ressituar nossas teorias e nossas práticas a partir dos desafios que ela nos coloca.
13. Referências Bibliográficas CANCLINI. N. G. Culturas Híbridas. São Paulo : Edusp, 1997.
CANDAU, V. M. Cotidiano Escolar e Cultura(s): encontro e desencontros. In: CANDAU, V. M.(org.) Reinventar a Escola. Petrópolis, RJ : Vozes, 2000, p. 61 a 78
_______________. Interculturalidade e Educação Escolar. In: CANDAU, V. M (org.) Reinventar a Escola. Petrópolis, RJ : Vozes, 2000a, p. 47 a 60.
CARDOSO, R. E SAMPAIO, H. (orgs.) Bibliografia sobre a juventude. São Paulo : Edusp, 1995.
FORQUIN, Jean-Claude. Escola e Cultura: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar. Porto Alegre : Artes Médicas, 1993.
GIMENO SACRISTAN. Escolarização e Cultura: a dupla determinação. In: SILVA, L. M. e outros. Novos Mapas Culturais: novas perspectivas educacionais. Porto Alegre : Sulina, 1996.
PÉREZ GOMÉZ, A. I. La Cultura Escolar en Sociedad Posmoderna. Cuadernos de Pedagogía. Barcelona : nº. 225, 1993, p. 80 a 86.
___________________. A Cultura Escolar na Sociedade Neoliberal. Porto Alegre : ARTMED Editora, 2001.