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Para o homem das sociedades primitivas, a atividade de produção é exatamente medida, delimitada pelas necessidades que têm de ser satisfeitas, estando implícito que se trata essencialmente das necessidades energéticas. Isso equivale a dizer que, uma vez assegurada a satisfação global das necessidades energéticas, nada poderia estimular a sociedade primitiva a desejar produzir mais, isto é, a alienar o seu tempo num trabalho sem finalidade, enquanto esse tempo é disponível para a ociosidade, o jogo, a guerra ou a festa.
Quais as condições em que se podem transformar essa relação entre o homem primitivo e a atividade de produção? Sob que condições essa atividade se atribui uma finalidade diferente da satisfação das necessidades energéticas? Temos aí levantada a questão da origem do trabalho como trabalho alienado. Pierre Clastres (A sociedade contra o Estado, p. 138)
Natureza e cultura • SER HUMANO: aprende a ser humano • Inteligência concreta; • Linguagem; • Trabalho; • Lazer; • Cultura. • Produz sua própria história e se torna sujeito de seus atos.
“Para Marx, a pessoa deve trabalhar para si - o que não significa trabalhar sem compromisso com os outros, pois todo trabalho é tarefa coletiva - no sentido de que deve trabalhar para fazer-se a si mesmo um ser humano.” • O trabalho alienado desumaniza.
Etimologia Alienação – latim – alienare, alienus Afastar, distanciar, separar Que pertence a um outro Alius: é o outro • Portanto: alienar é tornar alheio, transferir para outro o que é seu.
Conceitos de alienação • Jurídico: perda do usufruto ou posse de um bem ou direito; • Psiquiatria: alienado mental é aquele que perde a dimensão de si na relação com os outros; • Rousseau: a soberania do povo é inalienável, isto é, pertence somente ao povo, não deve perder o poder; • Linguagem comum: pessoa desinteressada de assuntos importantes, como questões políticas e sociais.
No trabalho • Quando segmentos dominantes exploram o trabalho humano, ou ainda quando para sobreviver o indivíduo precisa vender sua força de trabalho em troca de um salário, o homem perde a posse daquilo que ele produz. O produto do trabalho e seu produtor são separados, alienando quem o produziu. • O homem não mais se pertence: não escolhe o horário, o ritmo, nem decide sobre o salário. Deixa de ser o centro de referência para si mesmo
Para Marx: a alienação manifesta-se na vida real, a partir da divisão do trabalho, quando o produto do trabalho deixa de pertencer a quem o produziu. • A mercadoria (inanimado) passa a ser considerada como se tivesse vida.
A mercadoria adquire valor superior ao indivíduo – relações materiais e não humanas. • Assume formas abstratas: dinheiro, capital e se convertem em realidades soberanas e tirânicas. Ou seja, A “humanização” da mercadoria leva a “desumanização” da pessoa. • A própria pessoa transformada em mercadoria
Consumo • Aumento da classe média; • Multiplicaram-se as profissões; • Individualismo: interesse pela vida privada e menos envolvimento público e político; • Busca imediata pelo prazer e lazer. Sociedade do consumo: ato humano por excelência. Não apenas para a subsistência.
O ato do consumo requer sensibilidade, imaginação, inteligência e liberdade. - Consumo Alienado: necessidades artificialmente estimuladas. - Desejos nunca satisfeitos. • Consumo consciente: escolha autônoma
Lazer • Pessoas submetidas a trabalhos mecânicos e repetitivos: tempo livre ameaçado pela fadiga; “O tempo livre não é ocioso e sim um prolongamento de alguma atividade criativa ou inclusão de outras atividades.”
A sociedade pós-moderna: a revolução da informática • A sociedade atual é um SISTEMA que está passando por transformações muito rápidas e sucessivas no campo científico e tecnológico englobando todas as esferas da vida social.( Segunda Revolução Industrial)
Cibernética: alterou significativamente as relações de trabalho; • Predominância do setor de serviços (terciário), envolvendo atividades tanto de comunicação e informação como de comércio, finanças, saúde, educação, lazer, etc. • A robotização e a automação trará mudanças bruscas para a massa. • Máquina entre o homem e o mundo
Realidade: transformada em simulacro, meios tecnológicos e de comunicação simulando a realidade; • Simulacro: hiper-real, intensifica e embeleza o real; • Ilusão de conhecimento: conhecer por fragmentos, sem integração das partes e a reflexão sobre as informações recebidas; • Empresas: dar a ilusão que a máquina livra o homem do duro conflito patrão-empregado, libera seu tempo para outras atividades, mais prazerosas; • Mecanismos de exploração: estão menos evidentes;
Mundo de opulência: contrapõe-se à miséria e a fome • Cultura hedonista (de busca do prazer imediato) e narcisista (egocêntrica); O avanço da tecnologia não exclui a possibilidade de modos de vida alienados.
Crítica a sociedade • PRODUÇÃO HUMANA: Libertadora??? Usada em função de nossos interesses? • Resgatar o que foi perdido em termos de humanização, quando a razão técnica sobrepõe à razão vital;
HOJE: necessidade da reflexão moral e política sobre os fins das ações humanas no trabalho, no consumo, no lazer, nas relações afetivas, observando se estão a serviço do humano ou da sua alienação.
Nosso dia vai chegar teremos nossa vez Não é pedir demais, quero justiça Quero trabalhar em paz não é muito o que lhe peço Eu quero trabalho honesto em vez de escravidão. Deve haver algum lugar Onde o mais forte não Consegue escravizar quem não tem chance. De onde vem a indiferença temperada a ferro e fogo? Quem guarda os portões da fábrica? O céu já foi azul, mas, agora é cinza E o que era verde aqui já não existe mais. Quem me dera acreditar que não acontece nada. De tanto brincar com fogo que venha o fogo então. Esse ar deixou minha vista cansada, Nada demais, nada demais. Fábrica (Renato Russo)