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ENFERMAGEM E EQUIPE MULTIPROFISSIONAL: RELAÇÕES NA PRÁTICA DE SAÚDE MENTAL. Paula Danyelle de Barros Palácio ¹; Arisa Nara Saldanha de Almeida ² ; Bruna Moreira Camarotti da Cunha 3 ; Denise Tomaz Aguiar 4 ; Eryjosy Marculino Guerreiro 5 ; Mariana Karen Bringel Duarte 6 ;
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ENFERMAGEM E EQUIPE MULTIPROFISSIONAL: RELAÇÕES NA PRÁTICA DE SAÚDE MENTAL Paula Danyelle de Barros Palácio¹; Arisa Nara Saldanha de Almeida²; Bruna Moreira Camarotti da Cunha3; Denise Tomaz Aguiar4; Eryjosy Marculino Guerreiro5; Mariana Karen Bringel Duarte6; Lia Carneiro Silveira7. Universidade Estadual do Ceará. Fortaleza, Ceará LACSU- Laboratório de Clinica do Sujeito: saber, saúde e laço social 1,3,5,6Acadêmica de Graduação em Enfermagem ²,4 Alunas do estrado em cuidados clínicos - UECE 7 Professora Doutora do Curso de Enfermagem da UECE; Orientadora da Pesquisa. INTRODUÇÃO Areforma psiquiátrica propôs, entre outras coisas, modificar o modelo de cuidado na saúde mental, na perspectiva da desinstitucionalização. Devido ao tratamento que esses pacientes recebiam, as suas potencialidades eram reduzidas até eles tornarem-se incapazes de viver em sociedade. Nesse contexto, surgiram os serviços substitutivos, como o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), com o objetivo de oferecer um cuidado humanizado em oposição ao cuidado manicomial oferecido anteriormente. Entretanto, passados cerca de vinte anos após o inicio da reforma psiquiátrica, percebe-se que a enfermagem ainda enfrenta dificuldades em se situar como membro da equipe interdisciplinar, delimitando sua prática em consonância com os pressupostos da reforma. OBJETIVOS Identificar como se apresentam as relações enfermeiro-equipe multiprofissional nos CAPS. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, realizado com os enfermeiros que atuam nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do município de Fortaleza, sendo escolhido um profissional de cada CAPS num total de 14 entrevistados. A coleta de dados foi desenvolvida entre novembro de 2007 a agosto de 2008, por meio de uma entrevista semi-estruturada. As falas dos entrevistados foram gravadas, transcritas e analisadas a partir da proposta de Minayo. O presente estudo é um recorte da pesquisa intitulada “A prática de enfermagem em saúde mental: uma visão a partir de seu referencial teórico” que foi aprovada pelo comitê de ética da Universidade Estadual do Ceará com o número de protocolo 06378681-8. Preocupou-se em assegurar a observação dos princípios éticos descritos na resolução nº 196/96 que trata da pesquisa envolvendo seres humanos. RESULTADOS A partir da análise das informações obtidas com as entrevistas, encontramos quatro categorias: Categoria 1: Relação harmoniosa. Nessa categoria reúnem-se falas que apontam para uma vivência harmoniosa entre enfermeiros e demais membros da equipe multiprofissional. Contato Emal: pauladany85@yahoo.com.br Fortaleza-ce “Eu sinto que as pessoas respeitam o trabalho do enfermeiro aqui na equipe e que é um trabalho necessário. Eu sinto que eu sou respeitado pela equipe. Que a equipe nota a importância do enfermeiro, inclusive nos dias que está descoberto. Todo mundo sente a falta do enfermeiro e eu acho que o trabalho do enfermeiro está bem estruturado dentro do serviço.(E1) Categoria 2: Relação multidisciplinar. Relação caracterizada por conjunto de disciplinas que tratam de uma questão comum sem que os profissionais implicados estabeleçam entre si efetivas relações. “Mas assim a equipe é multidisciplinar, todo mundo se ajuda, todo mundo trabalha junto. Agente se ajuda, me dou bem com a equipe. Com o psiquiatra, às vezes eu preciso de uma medicação Ah, tô com duvida. ‘Será que medicação tal pode ser o mesmo que medicação tal?’ Aí vou lá e tiro duvida com ele. Ou então ‘por favor será que pode atender paciente tal que eu acho que tá em crise, tá entrando em crise ou tá grávida’. (E6)” Categoria 3: Relação interdisciplinar. Relação com reciprocidade, enriquecimento mútuo e uma tendência à horizontalização das relações de poder entre os campos implicados. “Bom, como membro da equipe, eu trabalho com a idéia da interdisciplinaridade, então, a idéia de que o profissional que se insira dentro do CAPS ele possa permear todas as outras atividades, sem que necessariamente a gente possa estar ferindo o foco de ação dos profissionais que a gente trabalha.(e12) “ “A enfermagem sempre pede ajuda ao psicólogo que pede ajuda ao psiquiatra que pede ajuda ao serviço social, ou seja tudo que fazemos aqui fazemos em conjunto. [...] quando agente senta para conversar todo procedimento feito pelo psiquiatra tem o mesmo valor do procedimento do enfermeiro como tem do auxiliar de enfermagem. Todo mundo que esta aqui dentro trabalha do mesmo nível, aqui, não tem o doutor, aqui temos colegas!(e13) Categoria 4: Relação de subserviência à classe médica. Nessa categoria encontramos a percepção de uma hierarquia onde o medico ocupa lugar de domínio sobre os outros profissionais. “Eu acho que a unidade ainda é [...] uma unidade “medicocêntica” e “medicalocêntrica”. Pessoas falam numa equipe interdisciplinar, mas na prática o que a gente observa é a equipe multi com superposição de hierarquia. Medico no topo e o enfermeiro como mero cumpridor de ordens médicas, não passa de um simples “tarefeiro”.(E5) CONCLUSÃO Percebe-se que é necessário o fortalecimento das práticas de enfermagem. Acredita-se que só com a abordagem desse fortalecimento e da implementação de um olhar interdisciplinar, com interfaces entre as diversas classes profissionais a prática de enfermagem se aproximará de um cuidado humanizado que se distancie do modelo manicomial e ofereça meios de desenvolver a autonomia desses pacientes.