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Polinômios. Profª .: Juliana Santos. Seja ℂ o conjunto dos números complexos (números da forma a + bi, onde a e b são números reais e i é a unidade imaginária tal que i 2 = -1 ). Entende-se por polinômio em ℂ a função:
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Polinômios Profª.: Juliana Santos
Seja ℂ o conjunto dos números complexos (números da forma a + bi, onde a e b são números reais e i é a unidade imaginária tal que i2 = -1). • Entende-se por polinômio em ℂ a função: P(x) = a0xn + a1xn-1 + a2xn-2 + ... + an-1x + an onde os números complexos a0, a1, ..., an são os coeficientes, n é um número natural denominado grau do polinômio e x é a variável do polinômio. Definição
P(x) = x5 + 3x2 - 7x + 6 (a0 = 1, a1 = 0, a2 = 0, a3 = 3, a4 = -7 e a5 = 6) O grau de P(x) é igual a 5. • Nota: Os polinômios recebem nomes particulares, a saber: • Binômio: possuem dois termos. Exemplo: r(x) = 3x + 1 (grau 1). • Trinômio: possuem 3 termos. Exemplo: q(x) = 4x2 + x - 1 (grau 2). • A partir de 4 termos, recorre-se à designação genérica: polinômios. Exemplo
Sendo m um número complexo (lembre-se que todo número real é também um número complexo), denominamos valor numéricode um polinômio P(x) para x = m , ao valor P(m) ou seja o valor que obtemos substituindo x por m . Exemplo: Qual o valor numérico do polinômio p(x) = x3 - 5x + 2 para x = -1? Teremos, substituindo a variável x por x = -1 que: p(-1) = (-1)3 - 5(-1) + 2 = -1 + 5 + 2 = 6. Logo, p(-1) = 6. Valor numérico – Raiz do polinômio
Raiz (ou zero) de um polinômio O número complexo m é raiz ou zero do polinômio P(x) quando P(m) = 0 .Exemplo1: i é raiz do polinômio p(x) = x2 + 1 , pois p(i) = 0 . Lembre-se que i2 = -1, ou seja, o quadrado da unidade imaginária é igual a -1. Exemplo2: O número natural 2 é raiz do polinômio p(x) = x3 - 2x2 - x + 2 , pois p(2) = 0.
Vamos estabelecer o que são dois polinômios iguais e como se pode constatar a igualdade de dois polinômios examinando apenas seus coeficientes. • Polinômio identicamente nulo (ou simplesmente polinômio nulo) é aquele cujo valor numérico é igual a zero para todo valor da variável x. Indicamos P º 0 (polinômio nulo). Para um polinômio P(x) ser um polinômio nulo é necessário e suficiente que todos os seus coeficientes sejam nulos (iguais a zero). • Polinômios idênticos são polinômios iguais. Se P e Q são polinômios idênticos, escrevemos P º Q. É óbvio que se dois polinômios são idênticos, então os seus coeficientes dos termos correspondentes são iguais. A expressão P º Q é denominada identidade . Igualdade de polinômios
Em um polinômio, o termo de mais alto grau que possui um coeficiente não nulo é chamado termo dominante e o coeficiente deste termo é o coeficiente do termo dominante. O grau de um polinômio p=p(x) não nulo, é o expoente de seu termo dominante, que aqui será denotado por ∂(p). • Acerca do grau de um polinômio, existem várias observações importantes: • Um polinômio nulo não tem grau, uma vez que não possui termo dominante. Em estudos mais avançados, define-se o grau de um polinômio nulo, mas não o faremos aqui. Grau do polinômio
Se o coeficiente do termo dominante de um polinômio for igual a 1, o polinômio será chamado polinômio unitário. • Um polinômio pode ser ordenado segundo as suas potências em ordem crescente ou decrescente. • Quando existir um ou mais coeficientes nulos, o polinômio será dito incompleto. • Se o grau de um polinômio incompleto for n, o número de termos deste polinômio será menor do que n+1. • Um polinômio será completo quando possuir todas as potências consecutivas desde o grau mais alto até o termo constante. • Se o grau de um polinômio completo for n, o número de termos deste polinômio será exatamente n+1. • É comum usar apenas uma letra p para representar a função polinomial p = p(x) e P[x] o conjunto de todos os polinômios reais em x.
Dados dois polinômios f(x) = a0 + a1x + a2x² + a3x³ + ... + anxn g(x) = b0 + b1x + b2x² + b3x³ + ... + bnxn chama-se soma de f com g o polinômio (f + g)(x) = (a0 + b0) + (a1 + b1)x + (a2 + b2)x² + ... + (an+ bn)xn • Tendo em vista o teorema anterior e, considerando os mesmos polinômios acima, definimos diferença entre f e g como o polinômio f - g = f + (- g), isto é: (f - g)(x) = (a0 - b0) + (a1 - b1)x + (a2 - b2)x² + ... + (an- bn)xn Operações – Adição e Subtração
ExemploSOMA:Somar f(x) = 4 + 3x + x² e g(x) = 5 + 3x² + x4. Temos: f(x) = 4 + 3x + x² + 0x³ + 0x4 g(x) = 5 + 0x + 3x² + 0x³ + x4 então: (f+g)(x) = (4+5) + (3+0)x + (1+3)x² + (0+0)x³ + (0+1)x4 = = 9 + 3x + 4x² + x4. ExemploSUBTRAÇÃO: Subtrair p(x) = 3x² - 4x + 1 por q(x) = 5x² - 3x + 4. Temos: (p – q)(x) = 3x² - 4x + 1 + [– (5x² - 3x + 4)] = - 2x² - x – 3. Exemplos
A operação de adição define em P, conjunto dos polinômios de coeficientes complexos, uma estrutura de grupo comutativo, isto é, verifica as seguintes propriedades: • ASSOCIATIVA. Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], tem-se que: (p + q) + r = p + (q + r) • COMUTATIVA. Quaisquer que sejam p, q em P[x], tem-se que: p + q = q + p • ELEMENTO NEUTRO. Existe um polinômio p0(x)=0 tal que: p0 + p = p , ¥ p € P • INVERSO ADITIVO. Para cada p em P[x], existe outro polinômio q=-p em P[x] tal que: p + q = 0 Propriedades da Adição
Dados dois polinômios f(x) = a0 + a1x + a2x² + a3x³ + ... + amxm g(x) = b0 + b1x + b2x² + b3x³ + ... + bnxn chama-se produtofg o polinômio (fg)(x) = a0b0 + (a0b1 + a1b0)x + (a2b0 + a1b1 + a0b2)x² + ... + ambnxm+n • Notemos que o produto fg é o polinômio h(x)= c0 + c1x + c2x2 + ... + cm+nxm+n Operações – Multiplicação
Multiplicar f(x) = x + 2x² +3x³ por g(x) = 4 + 5x + 6x². Temos: (fg) (x) = (x + 2x² + 3x³)(4 + 5x + 6x²) = = x(4 + 5x + 6x²) + 2x²(4+ 5x + 6x²) + 3x³(4 + 5x + 6x²) = = (4x + 5x² + 6x³) + (8x² + 10x³ + 12x4) + + (12x³ + 15x4 + 18x5) = = 4x + 13x² + 28x³ + 27x4 + 18x5. Exemplo
A operação de multiplicação em P (conjunto dos polinômios de coeficientes complexos) verifica as seguintes propriedades: • ASSOCIATIVA. Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], tem-se que: (p . q) . r = p . (q . r) • COMUTATIVA. Quaisquer que sejam p, q em P[x], tem-se que: p . q = q . p • ELEMENTO NEUTRO. Existe um polinômio p0(x)=0 tal que: p0 . p = p0 , ¥ p € P • DISTRIBUTIVA. Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], tem-se que: p · (q + r) = p · q + p · r Propriedades da Multiplicação
Dados dois polinômios f (dividendo) e g ≠ 0 (divisor), dividir f por g é determinar dois outros polinômios q (quociente) e r (resto) de modo que se verifiquem as duas condições seguintes: • q . g + r = f • ∂r < ∂g (ou r = 0, caso em que a divisão é chamada exata) Exemplo: Quando dividimos f = 3x4 – 2x³ + 7x + 2 por g = 3x³ - 2x² + 4x – 1, obtemos q = x e r = -4x² + 8x + 2, que satisfazem as duas condições: • qg + r = x(3x³ - 2x² + 4x – 1) + (-4x² + 8x + 2) = = 3x4 – 2x³ + 7x + 2 = f • ∂r = 2 e ∂g = 3 ∂r < ∂g Operações – Divisão
Método de Descartes* Este método, também conhecido com o nome de método dos coeficientes a determinar, baseia-se nos seguintes fatos: • ∂q = ∂f – g, o que é conseqüência da definição, pois: qg+ r = f ∂(qg + r) = ∂f e então ∂q + ∂g = ∂f • ∂r < ∂g (ou r = 0) O método de Descartes é aplicado da seguinte forma: • calculam-se ∂q e ∂r; • constroem-se os polinômios q e r, deixando incógnitos os seus coeficientes; • determinam-se os coeficientes impondo a igualdade qg + r = f. *René Descartes (1596-1650): filósofo, cientista e matemático francês, conhecido como “o pai da filosofia moderna”. Métodos, Algoritmos e Teoremas para a divisão de polinômios
Dividir f = 5x³ + x² - 10x - 24 por g = x - 2. Temos: ∂q = 3 – 1 = 2 q = ax² + bx + c ∂r < 1 ∂r = 0 r = d qg + r = f (ax² + bx + c) (x - 2) + d = 5x³ + x² - 10x – 24 Desenvolvendo, temos para todo x: ax³ + (b - 2a)x² + (c - 2b)x + (d - 2c) = 5x³ + x² - 10x – 24 Então, resulta: a = 5 b – 2a = 1 b = 2a + 1 b = 11 c – 2b = -10 c = 2b – 10 c = 12 d – 2c = -24 d = 2c – 24 d = 0 Resposta: q = 5x² + 11x + 12 e r = 0 Exemplo
Método da Chave Este método de divisão de polinômios é semelhante ao empregado para números inteiros. Exemplo: 337 8 – 32 42 17 – 16 1 Vamos utilizar a mesma técnica para divisão de polinômios. Dividindof = 2x5 – 3x4 + 4x³ - 6x + 7 por g = x³ - x² + x – 1: f2x5 - 3x4 + 4x³ + 0x² - 6x + 7 x³ - x² + x – 1 g - 2x5 + 2x4 - 2x³ + 2x² 2x² - x + 1 q - x4 + 2x³ + 2x² - 6x + 7 x4 - x³ + x² - x x³ + 3x² - 7x + 7 - x³ + x² - x + 1 4x² - 6x + 8 r
Teorema do resto O resto da divisão de um polinômio f por x – a é igual ao valor numérico de f em a. r = f(a) Exemplo1: O resto da divisão de f = 5x4 + 3x² + 11 por g = x – 3 é: f(3) = 5 . 34 + 3. 3² + 11 = 405 + 27 + 11 = 443 Exemplo2: O resto da divisão de f = (x + 3)7 + (x – 2)² por g = x + 3 é: f(-3) = (-3 + 3)7 + (-3 – 2)² = 07 + (-5)² = 25 Divisão por binômios do 1º grau (x – a)
Teorema de D’Alembert* Um polinômio f é divisível por x – a se, e somente se, a é raiz de f. De acordo com o teorema do resto, temos r = f(a). Então: r = 0 f(a) = 0 (divisão exata) (a é raiz de f) Exemplo: Determinar o valor de p, para que o polinômio P(x) = 2x3 + 5x2 – px + 2 seja divisível por x - 2. Resolução:Se P(x) é divisível por x - 2, então P(2) = 0. P(2) = 0 2 . 8 + 5 . 4 - 2p + 2 = 0 16 + 20 - 2p + 2 = 0 p = 19 Resposta: p = 19. *Jean Le Rond D’Alembert (1717-1783): filósofo, matemático e físico francês; abandonado quando criança nos degraus de uma Igreja em Paris. Divisão por binômios do 1º grau (x – a)
Teorema do fator Se c é uma raiz de um polinômio f(x), de grau ∂c > 0, então x – cé um fator de f(x). Pelo teorema de D’Alembert, a divisão de f(x) por x – c resulta um quociente q(x) e um resto r(c) tal que: f(x) = (x – c) . q(x) + r(c) Se c é uma raiz de f(x), então f(c) = 0 e temos: f(x) = (x – c) . q(x) Portanto, x – cé um fator de f(x). Como conseqüência, podemos dizer que f(x) é divisível por (x – a) e por (x – b), com a ≠ b, se, e somente se, f(x) for divisível por (x – a)(x – b).
Algoritmo de Briot*-Ruffini** Um dispositivo que permite efetuar as divisões por polinômios do tipo x – a de uma maneira mais simples e rápida é o chamado: dispositivo práticoou algoritmo de Briot-Ruffini. termo constante termo constante do divisor, com coeficientes de x do dividendo p(x) do dividendo sinal trocado p(x) coeficientes do quociente resto *Charles Auguste Briot (1817-1882): matemático francês **Paolo Ruffini (1765-1822): médico e matemático italiano Divisão por binômios do 1º grau (x – a)
Dividir p = 2x4 + 7x³ - 4x + 5 por h = x + 3 Resolução: + - 3 2 7 0 - 4 5 - 6 +7 - 3 + 0 9 + (- 4) - 15 + 5 x 2 1 - 3 5 - 10 q r Quociente: q = 2x³ + x² - 3x + 5 Resto: r = - 10 Exemplo
Sendo f(x) um polinômio em ℂ, chama-se equação algébrica à igualdade f(x) = 0 . Portanto, as raízes da equação algébrica, são as mesmas do polinômio f(x). O grau do polinômio, será também o grau da equação. Exemplo: 3x4 - 2x3 + x + 1 = 0 é uma equação do 4º grau. • Propriedades: P1. Toda equação algébrica de grau n possui exatamente n raízes. Exemplo: A equação x3 - x = 0 possui 3 raízes a saber: x = 0 ou x = 1 ou x = -1. Dizemos então que o conjunto verdade ou conjunto solução da equação dada é S = {0, 1, -1}. Equações Algébricas
P2. Se b for raiz de f(x) = 0, então f(x) é divisível por x - b . Esta propriedade é muito importante para diminuir o grau de uma equação, o que se consegue dividindo f(x) por x - b, aplicando Briot-Ruffini. P3. Se o número complexo a + bi for raiz de f(x) = 0 , então o conjugado a - bi também será raiz. Exemplo: Qual o grau mínimo da equação f(x) = 0, sabendo-se que três de suas raízes são os números 5, 3 + 2i e 4 - 3i. Pela propriedade P3, os complexos conjugados 3 - 2i e 4 + 3i são também raízes. Logo, por P1, concluímos que o grau mínimo de f(x) é igual a 5, ou seja, f(x) possui no mínimo 5 raízes. P4. Se a equação f(x) = 0 possuir k raízes iguais a m então dizemos que m é uma raiz de grau de multiplicidade k. Exemplo: A equação (x - 4)10 = 0 possui 10 raízes iguais a 4. Portanto, 4 é raiz décupla ou de multiplicidade 10.
P5. Se a soma dos coeficientes de uma equação algébrica f(x) = 0 for nula, então a unidade é raiz da equação (1 é raiz). Exemplo: 1 é raiz de 40x5 - 10x3 + 10x - 40 = 0, pois a soma dos coeficientes é igual a zero. P6. Toda equação de termo independente nulo, admite um número de raízes nulas igual ao menor expoente da variável. Exemplo: A equação 3x5 + 4x2 = 0 possui duas raízes nulas. A equação x100 + x12 = 0, possui 100 raízes, das quais 12 são nulas. P7. Se x1 , x2 , x3 , ... , xn são raízes da equação aoxn + a1xn-1 + a2xn-2 + ... + an = 0, então ela pode ser escrita na forma fatorada: ao (x - x1) . (x - x2) . (x - x3) . ... . (x - xn) = 0 . Exemplo: Se - 1 , 2 e 53 são as raízes de uma equação do 3º grau, então podemos escrever: (x + 1) . (x - 2) . (x - 53) = 0, que desenvolvida fica: x3 - 54x2 + 51x + 106 = 0 .
Equação do 2º grau Consideremos a equação: • ax² + bx + c = 0 (a ≠ 0), cujas raízes são x1 e x2. Vimos que essa equação pode ser escrita sob a forma: • a(x – x1)(x – x2) = 0 Temos a identidade: ax² + bx + c = a(x – x1)(x – x2), ¥ x, portanto: x1 + x2 = - b / a e x1x1 = c / a *Albert Girard (1595-1632): matemático francês que possuía grande interesse pela música Relações entre coeficientes e raízes (Relações de Girard*)
Equação do 3º grau Consideremos a equação: • ax³ + bx² + cx + d = 0 (a ≠ 0), cujas raízes são x1, x2 e x3. Vimos que essa equação pode ser escrita sob a forma: • a(x – x1)(x – x2)(x – x3) = 0 Temos a identidade: ax³ + bx² + cx + d = a(x – x1)(x – x2)(x – x3), ¥ x, portanto: x1 + x2 + x3 = - b / a , x1x2 + x2x3 + x3x1 = c/a e x1x2x3 = - d / a
Equações de grau n qualquer Seguindo os mesmos passos anteriores, vamos agora descrever as relações entre coeficientes e raízes de uma equação polinomial de grau n (∂n ≥ 1): Soma das raízes= x1 + x2 + x3 + ... + xn = - an-1 / an Soma dos produtos das raízes tomadas: duas a duas = x1x2 + x1x3 + x1x4 + ... + xn-1xn = an-2 / an três a três = x1x2x3 + x1x2x4 + ... + xn-2xn-1xn = - an-3 / an h raízes da equação = (-1)h . an-h / an Produto das raízes = x1x2x3 ... xn = (-1)n . a0 / an
Escrever as relações de Girard para a equação algébrica x³ + 7x² - 3x + 5 = 0, considerando x1, x2 e x3 as raízes da equação. Resolução: Pela equação, temos: an = 1 , an-1 = 7 , an-2 = -3 , a0 = 5 Assim, temos que: x1 + x2 + x3 = - (7 / 1) = -7 x1x2 + x1x3 + x2x3 = (-3 / 1) = -3 x1x2x3 = - (5 / 1) = -5 Exemplo