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A Língua Portuguesa

A Língua Portuguesa. O HOMEM, SER COMUNICATIVO E SOCIAL A linguagem é uma das características maiores do homem. Desde a pré-história que a necessidade de comunicação se fazia presente.

katelin
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A Língua Portuguesa

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Presentation Transcript


  1. A Língua Portuguesa

  2. O HOMEM, SER COMUNICATIVO E SOCIAL • A linguagem é uma das características maiores do homem. • Desde a pré-história que a necessidade de comunicação se fazia presente. • Antes da línguagem oral, o homem desenvolveu outras linguagens como gestos, sinais e símbolos pictóricos, amuletos, tudo isto profundamente relacionado com o mítico (deus).

  3. A LINGUAGEM VERBAL • Acredita-se que as primeiras articulações de sons produzidos pelo nosso aparelho fonador com significados distintos para cada ruído, convencionados em código, foram celebradas na Língua Indo-europeia, numa região incerta da Europa oriental, a 3000 a.C. • A partir de então, o Indo-europeu foi levado a diversas regiões, desde o Oriente Próximo até a Grã-Bretanha. • Justamente pela grande propagação dessa língua em territórios tão distantes, o Indo-europeu evolui na forma de diversas novas línguas, como o grego, o eslavo e o itálico.

  4. DO INDO-EUROPEU, PASSANDO PELO ITÁLICO,ATÉ O LATIM • A Língua Latina surgiu na região do Lácio (da Itália ao sul do Rio Tibre) , por volta do século VII a.C., dois milénios depois do Indo-europeu. • A capital do Lácio era Roma, a mesma do futuro Império Romano. O LATIM E O IMPÉRIO ROMANO • Apropriando-se da língua utilizada pelos povos itálicos (fundadores de Roma) que ainda sofriam invasões bárbaras, os romanos tornaram o Latim a língua oficial do Império.

  5. Como aconteceu ao Indo-europeu, o Latim não pôde permanecer o mesmo em tão diferentes lugares e tão longínquas regiões e assim foi sofrendo alterações, devido, sobretudo, a factores locais (cultura, folclore, invasões) , até se fragmentar. Esta era a área dominada pelo Império Romano em 116 d.C., bem no seu auge.

  6. LATIM VULGAR, UM USO “CLANDESTINO”(VII A.C. – IX D.C) • Ainda no Império Romano, as pessoas eram obrigadas a falar Latim, mesmo não sendo sua língua local. • Os romanos conquistaram a Península Ibérica em 218 a.C. A partir de então, o Latim falado na Galícia e na Lusitânia (províncias ibéricas) adquiriu traços peculiares próprios da Península. Essa época é chamada pré-histórica porque não há documentos escritos: lembrem-se, o Latim Vulgar era apenas falado, mas oficialmente (nos documentos e registos escritos) só se podia usar o Latim Canónico.

  7. O povo queria usar a língua de uma maneira mais próxima de suas tradições culturais, na pronúncia e na escolha das palavras, na organização e na sintaxe da frase. Por isso, em todas as situações domésticas, não se usava outra variante senão a do Latim Vulgar, e Vulgar porque era do povo.

  8. “PRIMEIRAS LETRAS” DO LATIM VULGAR(IX D.C. – XII D.C.) • No século IX, começa a escritura dos primeiros documentos em Latim “bárbaro”, ou seja, com traços de uma nova língua que se anunciava entre o povo. Dessa forma, trata-se de registos de pequena importância na hierarquia de poder (testamentos, contratos, documentos jurídicos de pequena monta). • Note-se que esses documentos de cartórios faziam parte da vida privada do povo, que dava a mão-de-obra para as instituições de baixo escalão.

  9. O LATIM JÁ ESTÁ TÃO VULGAR QUE JÁ NÃO É MAIS LATIM: É O GALEGO-PORTUGUÊS (ÚLTIMAS DÉCADAS DO SÉCULO XII AO XIV) • A partir do final do século XII (1150-1200) , na Península Ibérica já não se fala o Latim, nem mesmo o latim Vulgar. As características do Latim não se identificavam com a vida e o pensamento do povo. • O latim torna-se, aos poucos, língua morta, e cada vez mais se usa o Galego-português, uma evolução do Latim totalmente de acordo com o que o povo queria, pois que o Latim tinha sido uma língua imposta pelos romanos as povos ibéricos. Fonte: Oficina Literária Ivan Cavalcanti Proença

  10. A primeira poesia escrita em Galego-português, “Ca moiro por vós”, de Paio Soares de Taveirós, conhecida como “Canção da Ribeirinha”, concorre como primeiro texto escrito nessa moderna língua galaico-portuguesa, por ser do final do século XII (1189?)

  11. No mundo não sei de coisa igual Se continuar do jeito que vai Porque morro por vós, e ai Minha senhora, de branco e vermelho Quereis que vos envergonhe Quando vos vir de pijama? Maldito dia me levantei Para então não mais te ver feia. E, minha senhora, desde aquele dia, ai, Me tem sido a mim muito ruim. E vós, filha de Dom Paio Muniz, vos parece correto De eu ter por vós sentimento Pois eu, minha senhora, em troca Nunca de vós tive, nem tenho, Valor sequer de uma correia. No mundo nom me sei parelha, Mentre me vai Ca moiro por vós, e ai Mia senhor branca e vermelha. Queredes que vos retraia Quando vos vi em saia? Mau dia me levantei Que vos enton non vi feia. E, ma senhor, dês aquel’ dia, ai,Me foi a mi mui mal. E vós, filha de Dom Pai Muniz, bem vos semelha D’aver eu por vós g (u) arvaia Pois eu, mia senhor, dalfaia Nunca de vós houve nem hei valia d’huma correia. Fonte: Oficina Literária Ivan Cavalcanti Proença

  12. Nesse período, a língua de Portugal e da Galícia era a mesma. A separação dos idiomas português e galego dá-se somente no século XIV . • Na passagem do século XIII ao XIV, o principal poeta foi D. Dinis, rei de Portugal. Ele escreveu muitos versos trovadorescos que marcaram a história do Trovadorismo Português, sob forma de cantiga d’amor (de voz masculina dirigida à amada) ou d’amigo (de voz feminina dirigida a uma confidente).

  13. Aqui temos um exemplo de uma cantiga de amor. Preguntar-vos quero por Deus, Senhor fremosa, que vos fez mesurada e de bom grado e de bom prez, que pecados foron os meus que nunca tevestes por ben De nunca mi fazerdes ben. Pero sempre vos soub’amar, des aquel dia que vos vi, mays que os meus olhos em mi, e assy o que quis Deus guisar, que nunca tevestes por ben De nunca mi fazerdes ben. POEMA DE D. DINIS (1261-1325) Des que vos vi, sempr’ o mayor bem que vos podia querer vos quigi, a todo meu poder, e pero quis Nstro Senhor que nunca tevestes por ben De nunca mi fazerdes ben. Mays, senhor, ainda com ben Se cobraria bem por bem.

  14. A Língua Portuguesa no século XV • A partir do século XIV, o Galego-português é cada vez mais substituído pelos dialectos regionais da Lusitânia e da Galícia, até que o Português se dissocia do Galego. • Vejamos como este fragmento de uma crónica de Fernão Lopes (1380?-1460?) marca bem esse período em que os traços do Português já se evidenciam. • Os anos entre 1425 e 1450 parecem ter assistido às transformações mais acentuadas.

  15. Extracto da CRÓNICA DE FERNÃO LOPES “Razoões desvairadas, que alguuns fallavam sobre o casamento delRei Dom Fernamdo Quamdo foi sabudo pello reino, como elRei reçebera de praça Dona Lionor por sua molher, e lhe beijarom a maão todos por Rainha, foi o poboo de tal feito mui maravilhado, muito mais que da primeira; por que ante desto nom enbargando que o alguuns sospeitassem, por o gramde e honrroso geito que viiam a elRei teer com ella, nom eram porem çertos se era sua molher ou nom; e muitos duvidamdo, cuidavom que se emfa daria elRei della, e que depois casaria segundo perteemçia a seu real estado: e huuns e outros todos fallavam desvairadas razõoes sobresto, maravilhamdose muito delRei nom emtemder quamto desfazia em si, por se comtemtar de tal casamento.”

  16. O texto anterior em português actual: Razões desvairadas, aquelas que alguns falavam sobre o casamento de El-rei Dom Fernando. Quando foi sabido por todo o reino como El-rei recebera depressa Dona Leonor por sua mulher, e todos lhe beijaram a mão como Rainha, foi o povo de tal feito muito maravilhado, muito mais do que da primeira; porque, antes disto, não embargando que alguns suspeitassem, pelo grande e honroso jeito que viam El-rei ter com ela, não eram, porém, certos se era sua mulher ou não; e muitos duvidando, cuidavam que se enfadaria El-rei dela, e que depois casaria segundo pertencesse a seu real estado; e uns e outros falavam desvairadas razões de sobre, maravilhando-se muito de El-rei não entender quanto se desfazia de si, por se contentar com tal casamento.

  17. A Língua Portuguesa no século XVI A Língua já está muito perto do uso que dela fazemos hoje. O Português começa a dar seus primeiros passos. Ainda há resquícios do galaico-português, principalmente na ortografia, que é sempre cambiante. Entretanto, o predomínio das características do Português é evidente. Leia-se esse trecho de um roteiro de Gil Vicente, que representa bem esse período de consolidação entre o Galaico-português e a Língua Portuguesa, a fim de se observar a proximidade do Português do século XVI com o Português de nossos dias:

  18. TEATRO DE GIL VICENTE (1465-1537) Fidalgo A estoutra barca me vou. — Hou da barca! Para onde is? Ah, barqueiros! Não me ouvis? Respondê-me! Houlá! Hou! Par Deus, aviado* estou! Quant’a isto é já pior. Que girinconcis, salvanor! Cuidam que são eu grou**? Anjo Que queres? Fidalgo. Que me digais, pois parti tão sem aviso, se a barca do paraíso é esta em que navegais. Anjo. Esta é; que me demandais? Fidalgo. Que me leixês*** embarcar; sô fidalgo de solar é bem que me recolhais. Anjo. Não se embarca tirania neste batel divinal. Fidalgo. Não sei por que haveis por mal que entr’a minha senhoria. (VICENTE, Gil. O auto da barca do inferno

  19. A Língua Portuguesa no século XVII até a actualidade. 1600 é o século da glória de Camões, em que o Português finalmente atinge sua fase moderna. A diferença maior, relativamente á língua usada hoje em dia, encontra-se sobretudo na grafia, vingando as semelhanças. Camões, após sua morte, será o poeta do idioma nacional. Os Lusíadas (1572) tornam-se o grande épico de Portugal e referência cultural a partir do século XVII. Já na fase moderna da Língua Portuguesa, a escolha vocabular e a sintaxe seguem padrões idênticos aos actuais. Deleitemo-nos com um poema seu, de todos conhecido.

  20. Amor é um fogo que arde sem se ver, É ferida que doe e não se sente, É um contentamento descontente, É dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer, É um andar solitário entre a gente, É nunca contentar-se de contente, É um cuidar que ganha em se perder. É querer estar preso por vontade, É servir a quem vence o vencedor, É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo amor? Camões

  21. FASES HISTÓRICAS DO PORTUGUÊS • Fase proto-históricaAnterior ao século XII, com textos escritos em latim bárbaro (modalidade do latim usado apenas em documentos e por isso também chamado de latim tabaliónico ou dos tabeliões). • • Fase do português arcaicoDo século XII ao século XVI, corresponde a dois períodos:a) do século XII ao século XIV, com textos em galego-português;b) do século XIV ao século XVI, com a separação do galego e o português.

  22. Fase do português moderno • A partir do século XVI, quando a língua portuguesa se uniformiza e adquiri as caracteristicas do português actual. • A rica literatura renascente portuguesa, produzida por Camões, teve papel fundamental nesse processo. As primeiras gramáticas e dicionários da língua portuguesa também surgiram do século XVI.

  23. As palavras em Português vieram todas do Latim? • A maior parte do vocabulário da Língua Portuguesa tem sua origem no Latim: pater (pai); mater (mãe); filius (filho); manus (mão); aqua (água); bonus (bom); fortis (forte); viridis (verde); dicere (dizer); cadere (cair); amare (amar); avis (ave). • Não obstante, a estas palavras se somam outras provenientes do Latim Vulgar (termos populares): bellus (belo); caballus (cavalo); cattus (gato); casa (casa); grandis (grande) • Também há de se considerar a sobrevivência de várias palavras oriundas da língua local, antes da invasão romana: barro, manteiga, veiga, sapo, esquerdo

  24. Algumas palavras germânicas foram incorporadas a muitas línguas românicas, inclusive o Português. Na maioria dos casos, foram introduzidas por ocasião das invasões bárbaras, das quais estas são provenientes: guerra; guardar; trégua; ganso; lua; roubar; espiar; fato (roupa); ataviar; estaca; espeto; marta; agasalhar; gana; branco; brotar • A última observação recai na longa permanência dos mouros na Península, facto que se reflectiu na Língua. Até hoje, a presença dos árabes na Ibéria pode ser notada pela região de Andaluzia, onde existe uma grande quantidade de ciganos e outros povos bárbaros ou nómadas. Dentre as palavras de uso corrente na Língua Portuguesa, citem-se: arroz; azeite; azeitona; bolota; açucena; javali; azulejo; açúcar; refém, arrabalde; mesquinho; baldio; até,… • Dentre elas, pode-se destacar o grupo de palavras que se iniciam por al, que é o artigo da língua árabe: alface; alfarrábio; alfinete; albarda; alicerce; almofada; alfaiate; almocreve; almoxarife; alfândega; aldeia,…

  25. O PORTUGUÊS é a língua que os portugueses, os brasileiros, muitos africanos e alguns asiáticos aprendem no berço, reconhecem como património nacional e utilizam como instrumento de comunicação, quer dentro da sua comunidade, quer no relacionamento com as outras comunidades lusofalantes.

  26. A língua portuguesa foi transportada para os territórios colonizados durante a expansão extra-europeia, sendo um dos principais instrumentos desse processo.Quando a expansão começou no início do séc. XV, a língua acabava de sair de uma outra fase de expansão territorial, que a transportara até ao Algarve desde o seu berço: as terras galegas e nortenhas.O português é uma língua nascida no norte e que cresceu para sul. Tal como aconteceu com o castelhano e com o francês, começou por ser um conjunto de dialectos provinciais (galego-portugueses), passou a língua de uma nação e depois a veículo de um império.

  27. Esta língua não dispõe de um território contínuo (mas de vastos territórios separados, em vários continentes) e não é privativa de uma comunidade (mas é sentida como sua, por igual, em comunidades distanciadas). Por isso, apresenta grande diversidade interna, consoante as regiões e os grupos que a usam. Mas, também por isso, é uma das principais línguas internacionais do mundo.

  28. Fontes utilizadas para este trabalho e outras de interesse: • http://www.filologia.org.br/ixcnlf/5/15.htm • http://cvc.instituto-camoes.pt/conhecer/bases-tematicas/historia-da-lingua-portuguesa.html • http://www.linguaportuguesa.net/principal.htm

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