380 likes | 497 Views
Transmissão de VIH – Ciência, Direito e Discriminação Painel Transmissão de VIH: O Conhecimento Científico da Questão. VIH Revisitar a Transmissão no Século XXI. Kamal Mansinho Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, EPE/ Hospital de Egas Moniz Instituto de Higiene e Medicina Tropical
E N D
Transmissão de VIH – Ciência, Direito e DiscriminaçãoPainel Transmissão de VIH: O Conhecimento Científico da Questão VIH Revisitar a Transmissão no Século XXI Kamal Mansinho Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, EPE/ Hospital de Egas Moniz Instituto de Higiene e Medicina Tropical Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa Universidade Nova de Lisboa
VIH Revisitar a Transmissão no Século XXI • Partilhar informações. • Avaliar em conjunto as leituras diversas das informações disponíveis, enquanto rede social. • Aprender sobre a rigidez ou flexibilidade das normas sociais. • Propor/actualizar medidas que promovam atitudes e comportamentos baseados em direitos humanos, perante pessoas com doenças transmissíveis, entre as quais a infecção por VIH.
VIH: Percepção de Risco Revisitar a Transmissão no Século XXI • Algumas pessoas consideram estar em alto risco de infecção por VIH/SIDA. • Outras percepcionam, apenas, um risco moderado. • Outras não percepcionam nenhum risco. • Os processos através dos quais os mecanismos de percepção de risco se desenvolvem, nas pessoas, são ainda pouco compreendidos. Demography 2007;44:1-31
VIH Revisitar a Transmissão no Século XXI • Sucessos no diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos doentes infectados por VIH. • Incapacidade de utilizar os bons resultados para renovar mentalidades e para reforçar e inovar a prevenção.
VIH Revisitar a Transmissão no Século XXI • Maior longevidade e melhor qualidade de vida dos doentes infectados por VIH. • Aumento da prevalência da infecção em mulheres em idade fértil. • O número de crianças que será educada por progenitores / educadores e de adultos que serão assistidos por profissionais de diversos sectores infectados por VIH tenderá a aumentar. Arch Ped Adolesc Med 2005;159:173-179
VIH Revisitar a Transmissão no Século XXI • Estamos preparados para consumir uma refeição confeccionada por um cozinheiro infectado por VIH, VHC, VHB, ...? • Estamos preparados para nos submetermos a uma cirurgia efectuada por um médico infectado por VIH, VHC, VHB, ...? • Permitiremos que um filho(a) frequente uma creche, escola, ginásio, piscina onde se encontre uma criança infectada por VIH ou um instrutor/educador/professor infectado?
VIH Revisitar a Transmissão no Século XXI • Nos EUA, 28% dos adultos em tratamento anti-retrovírico têm filhos com idade < 18 anos. • 76% das mães e 34% dos pais vivem com os seus filhos. Arch Ped Adolesc Med 2005;159:173-179 • Em Portugal, a condição de estar infectado por VIH continua a ser avaliada por pais, educadores, empregadores, seguradoras, bancos e outros sectores da sociedade, com base em pressupostos errados sobre transmissão e em documentos da era pré-TARVc, acarretando graves prejuízos para a vida das pessoas infectadas por VIH.
VIH Revisitar a Transmissão no Século XXI Agente Hospedeiro Ambiente In Manual Prático para Pessoas com VIH. Permanyer Portugal, 2005
Parentérica Transfusão Sexual Transplantes Exp. Acidental Nosocomial Mãe-filho VIH Revisitar a Transmissão no Século XXI VIH UDEV www.cdc.gov
VIH Revisitar a Transmissão no Século XXI 0.9500 0.5000 AZT Perinatal 0.1000 Probabilidade de transmissão (por cada contacto; escala log) 0.0100 0.0010 0.0002 0.0001 Relações sexuais Picada acidental Partilha de agulha Mãe-filho Transfusão N Engl J Med 1997;1072-1078.
VIH: o primeiro encontro com o vírus Revisitar a Transmissão no Século XXI www.medscape.com A colour Atlas of AIDS 2nd edition 1988
VIH: a viagem pelos territórios da “VIHLândia” Revisitar a Transmissão no Século XXI Eu, Samuel Gulliver, observei fenómenos fantásticos em muitos territórios por onde viajei. (...) Esta minha crónica diz respeito a uma criatura ainda mais pequena do que os Liliputianos, de tal maneira minúscula que é invisível, chamada – depois de uma disputada discussão entre um grupo de sábios, em 1986 – Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH). www.mundocultural.com.br Boletim do CIM, Ordem dos Faramcêuticos 2007;79:1-2
VIH: a viagem pelos territórios da “VIHLândia” Transmissão e Propagação Transposição da barreira CD infectada Complexo CD/cel T cel CD4 infectada em repouso Propagação da infecção MQ infectada cel CD4 infectada estimulada CD e vírus capturado Complexo MQ/ cel T Linfáticos aferentes Disseminação Nat Med 2003;9:847-52
VIH: a viagem pelos territórios da “VIHLândia” Transmissão e Propagação 24,6±9,7μm 263±16 μm 215±89,2 μm Mucosa vaginal Mucosa rectal Mucosa oral Immunol 1995;85:475-484
VIH: a viagem pelos territórios da “VIHLândia” Transmissão e Propagação Transposição da barreira CD infectada Complexo CD/cel T cel CD4 infectada em repouso Propagação da infecção MQ infectada cel CD4 infectada estimulada CD e vírus capturado Complexo MQ/ cel T Linfáticos aferentes Disseminação Nat Med 2003;9:847-52
VIH: transmissão orogenital Revisitar a Transmissão no Século XXI • Difícil estimar o risco de transmissão orogenital de VIH. • 8/102 (7,8%) homens que praticaram sexo com homens, e que manifestaram seroconversão recente para VIH-1, infectaram-se, provavelmente, por sexo oral. • 8 indivíduos infectados por VIH-1: • 3 referiram úlceras na boca; • 7 referiram contacto oral com sémen de parceiro infectado. 7th CROI, Chicago, 2000;Abst 478
VIH: transmissão orogenital Revisitar a Transmissão no Século XXI • Avaliação de 263 casais heterossexuais estáveis, serodiscordantes durante 10 anos (1989-2000), único risco de exposição: contacto orogenital sem preservativo. • Uso de preservativo em outras práticas sexuais. Resultados: • 10295 contactos orogenitais activos. • 10658 contactos orogenitais passivos. • 0 casos de seroconversão para VIH. AIDS 2002;16:1296-1297
VIH: transmissão orogenital Factores que aumentam o risco de infecção • Traumatismos. • Erosões ou úlceras da mucosa oral e/ou genital. • Inflamação das gengivas. • Infecções sexualmente transmissíveis. • Ejaculação na boca. • ARN-VIH-1 (secreções genital, anal e saliva). • Outras infecções da boca (Herpes simplex, lactobacillus, etc). Oral Dis 2006;12:219-228 Oral Dis 2000;6:92-98
VIH: transmissão orogenital Revisitar a Transmissão no Século XXI • O risco de transmissão de VIH através de práticas sexuais orogenitais é, substancialmente, mais baixo do que o risco de práticas génito-genitais e génito-anais. • Factores inibitórios anti-VIH, presentes na saliva, podem contribuir para as reduzidas taxas de transmissão oral de VIH, constatadas em estudos epidemiológicos. • Sexo oral (fellatio) não deve ser considerado sexo seguro; embora aceite como sendo de baixo risco comparativamente com outras práticas sexuais, sexo oral não é isento de risco. Oral Dis 2006;12:219-228
VIH Transmissão por via Não-Percutânea, Não-Sexual QUÃO TRANSMISSÍVEL É O VIH ?
VIH Transmissão por via Não-Percutânea, Não-Sexual • Transmissão através de saliva, lágrima e suor. • Transmissão através de contacto interpessoal: • Domicílio, escola, local de trabalho. • Transmissão através de insectos vectores. • Transmissão através do meio ambiente. • Transmissão através de objectos inanimados (talheres, louça, toalhas, sanitários,...).
VIH: saliva, lágrima e suor Transmissão por via Não-Percutânea, Não-Sexual • Não obstante a plausibilidade biológica, a transmissão de VIH através da saliva parece ser extremamente rara. • A presença de alguns vírus na saliva (VIH, VHC, Hantavírus) não implica, necessariamente, risco de transmissão para terceiros. • A saliva contém potentes factores antivíricos contra VIH-1, Vírus Influenza A, Vírus Herpes simplex 1). Lancet 2000;356:272 Am J Pathol 2001;158:259-264 J Med Virol 2008;80:2122-2126
VIH: saliva Transmissão por via Não-Percutânea, Não-Sexual Transcriptase Reversa Dias após Infecção J Clin Invest 1995;96:456-464
VIH: Factores Salivares com Actividadade Anti-VIHTransmissão por via Não-Percutânea, Não-Sexual Oral Dis 2006;12:219-228
VIH: Factores Salivares com Actividadade Anti-VIHTransmissão por via Não-Percutânea, Não-Sexual Oral Dis 2006;12:219-228
VIH: Factores Salivares com Actividadade Anti-VIHTransmissão por via Não-Percutânea, Não-Sexual Oral Dis 2006;12:219-228
VIH: Beijos e AbraçosTransmissão por via Não-Percutânea, Não-Sexual 25% dos 344 pais referiram que evitaram “muito” as interacções com os seus filhos por receio de os contagiar com VIH. 19% dos pais evitaram “muito” interacções com os seus filhos com receio de contrair uma infecção oportunista a partir das crianças. 11% das crianças manifestaram receios de contrair infecção por VIH a partir dos pais. Arch Ped Adolesc Med 2005;159:173-179 Pediatrics 2008;122:e950-e958
VIH: transmissão no agregado familiar Transmissão por via Não-Percutânea, Não-Sexual • Avaliação de resultados de 14 estudos epidemiológicos, que incluíram 757 pessoas, não revelou nenhum caso de infecção por VIH em conviventes próximos e no agregado familiar. • Estudo Europeu de Colaboração que incluiu 20 centros na Europa, seguiu desde o nascimento 1200 crianças nascidas de mães infectadas por VIH (54% de mães consumidoras activas de drogas ilícitas). A criança mais velha da coorte tinha 7 anos à data da avaliação do protocolo. • Foram acompanhadas 699 crianças seronegativas confirmadas, num total de observações de 1228 crianças-ano, que passaram pelo menos 2/3 do tempo com as mães e muitas estiveram com o pai e/ou irmãos infectados. • No final do tempo de observação nenhuma criança apresentou evidência clínica e/ou laboratorial de infecção por VIH. AIDS 1990;4:645-650 Lancet 1992;339:1007-1012
VIH: transmissão no agregado familiar Transmissão por via Não-Percutânea, Não-Sexual • 89 membros de agregados familiares expostos no domicílio a 25 lactentes e crianças VIH+ durante um período médio de 15,5 meses (2 e 71 meses). • Nº médio de elementos do agregado familiar por criança VIH+: 3 (2 a 17). • Intervalo médio entre o contacto inicial e data de rastreio: 29 meses (4 a 71 meses) Pediatrics 1990;85:210-214
VIH: transmissão no agregado familiar Transmissão por via Não-Percutânea, Não-Sexual • Nenhum elemento do agregado familiar reportou sinais ou sintomas sugestivos de infecção aguda por VIH. • Todos os 89 membros do agregado familiar apresentaram pesquisa de Ac-anti-VIH-1 negativo, incluindo as crianças que foram mordidas; em 78/89 membros a pesquisa de Ag p24 foi negativa. • Deste estudo e outros pode concluir-se que, tal como ocorreu em grupos etários mais velhos, os lactentes e as crianças infectadas por VIH não constituem risco de transmissão para o agregado mais próximo e, por inferência, também não representam risco de propagação de VIH em creches, infantários ou escolas. Pediatrics 1990;85:210-214
VIH: transmissão em contexto laboral Transmissão por via Não-Percutânea, Não-Sexual • Em relação aos locais de trabalho, que não estabelecimentos de saúde, não há casos reportados de transmissão de VIH a terceiros, em: • Trabalhadores de creches e infantários. • Pessoas que trabalham na confecção, manipulação e distribuição de alimentos (cozinheiros, empregados de bar). • Esteticistas e outros profissionais de beleza. • Massagistas. • Aplicadores de piercing. • Bombeiros. • Profissionais de segurança. • Técnicos de emergência. AIDS 1990;4:645-650
VIH: transmissão em contexto laboral Transmissão por via Não-Percutânea, Não-Sexual • Em relação aos profissionais de saúde estão reportados na literatura: • Estados Unidos - Infecção transmitida a 6 doentes por um dentista infectado por VIH, na Flórida, em 1990. • França - provável transmissão de VIH a um doente a partir de um ortopedista infectado. • França – provável transmissão de VIH a um doente a partir de uma enfermeira infectada. • Espanha – provável transmissão de VIH a uma doente, durante uma cesariana, a partir de uma ginecologista infectada. Ann Intern Med 1995;122:653-657 MMWR 2009:57(53):1413-1415
VIH: transmissão em contexto laboral Transmissão por via Não-Percutânea, Não-Sexual • Israel 2007: Cirurgião cardiotorácico diagnosticado VIH+, durante investigação de febre. CD4+:49 células/μl; Carga vírica: > 100 000 cópias ARN/ml. • Investigação retrospectiva de 1669 doentes operados pelo cirurgião desde 1997, para avaliar se ocorreu alguma transmissão cirurgião doente. Resultados: • Nenhum doente operado foi notificado para a base de dados de registo nacional de doentes VIH +. • 121 doentes já tinham falecido e não foi possível identificar a causa de morte em 54. • 545 (33%) foram localizados e submetidos a rastreio anti-VIH. • Todos os doentes submetidos a rastreio anti-VIH foram negativos. MMWR 2009:57(53):1413-1415
VIH: transmissão em contexto laboral Transmissão por via Não-Percutânea, Não-Sexual • Israel 2007: Cirurgião cardiotorácico com diagnosticado VIH+, durante investigação de febre. CD4+:49 células/μl; Carga vírica: > 100 000 cópias ARN/ml. • Investigação retrospectiva de 1669 doentes operados pelo cirurgião desde 1997, para avaliar se ocorreu alguma transmissão cirurgião doente. Nota Final: • Os dados fornecidos por esta avaliação, em conjunto com o conhecimento acumulado, sustentam que o risco de transmissão de VIH de um profissional de saúde para o doente é muito baixo. • Após diagnóstico, o cirurgião iniciou TARV ( T CD4+: 272, C.Vírica: abaixo do limiar de detecção). • Painel de peritos recomendou que o cirurgião podia retomar a sua actividade profissional sem restrições, de acordo com um conjunto de condições. MMWR 2009:57(53):1413-1415
VIH: transmissão em contexto laboral Transmissão por via Não-Percutânea, Não-Sexual • O risco de transmissão de VIH, para terceiros e/ou para o próprio, em meio laboral, é, de uma forma geral, muito baixo, desde que sejam cumpridas as boas práticas. • Não há qualquer razão para recusar um emprego com base na seropositividade para VIH. • Há profissões cuja actividade encerra maior risco de infecção/transmissão de VIH do que outras (técnicos de emergência, agentes de segurança, bombeiros, profissionais de saúde, entre outros), embora a condição de estar infectado não constitua, por si só, um impedimento para o seu exercício. • É urgente divulgar informações correctas sobre transmissão de VIH e procedimentos relacionados com as boas práticas laborais aos empregadores, trabalhadores dos diversos sectores da sociedade, para diminuir a discriminação das pessoas infectadas e afectadas por doenças transmissíveis, nomeadamente infecção VIH, e promover uma cultura de direitos e deveres baseados em direitos humanos. Acta Méd Portuguesa 1995;8:401-404
VIH Transmissão por via Não-Percutânea, Não-Sexual • Não há evidência credível que sustenta que o VIH se propaga através de: • Contacto social interpessoal, não sexual. • Meio ambiente (ex. aerossóis). • Partilha de espaços comuns (escritórios, elevadores, refeitórios, salas de aula, ginásios, piscinas, lavabos, entre outros). • Partilha de objectos inanimados (computadores, telefones, material de escritório, etc.). • Picada de insectos. AIDS 1990;4:645-650