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A natureza das forças e o fator ideológico. Jean Baptiste Duroselle. Fonte das forças nas sociedades humanas. Coletividade – grupo humano tendo certos laços entre seus membros: geográfico, funcional, racial, lingüístico, voluntário, etc. Toda força emana de uma coletividade.
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A natureza das forças e o fator ideológico Jean BaptisteDuroselle
Fonte das forças nas sociedades humanas • Coletividade – grupo humano tendo certos laços entre seus membros: geográfico, funcional, racial, lingüístico, voluntário, etc. • Toda força emana de uma coletividade. • Toda força depende de uma tomada de consciência.
O Jogo indireto das forças naturais • Efeito primário – atitude da população • Efeito secundário de detonador das forças naturais. • A reação das coletividades aos sofrimentos provocados pelas catástrofes.
As forças de tipo demográfico • A disposição geográfica é uma das fontes de diferenças entre as coletividades. • O problema demográfico não é simplesmente quantitativo. É afetivo e instintivo. • Qual o efeito de políticas sobre a natalidade, políticas de controle da natalidade? • A quais valores se atêm os casais? Quando e como esses valores se modificam?
“Se houvesse uma lógica, os indivíduos teriam a tendência de se dividir sobre a terra de maneira eqüitativa, segundo as densidades, de acordo com as riquezas de cada região. As comunidades criariam por meio de investimentos riquezas suficientes para permitir às populações densas terem uma vida aceitável”.
As migrações • A motivação do emigrante é, em geral, social (aspiração de uma vida menos miserável) ou política (aspiração a mais segurança e liberdade). É também, mais raramente, a simples sede de aventura. • Os sistemas de valores de certos povos lhes permitem, mais facilmente que a outros, a prática da emigração. • O fechamento de territórios de refugiados por meio de decisão voluntária constitui um freio. Esse fechamento pode ser qualitativo (para alguns) e quantitativo (para todos).
As migrações • A necessidade de mão-de-obra de baixa qualificação deriva de uma atitude da população indigente em relação a certas profissões. Os sistemas de valores bastante variados dão a esses diversos grupos atitudes profundamente diferentes quanto ao caráter temporário ou definitivo de sua imigração. • Um esforço voluntário pode ser alcançado em um país de forte emigração para “reter” seus cidadãos, sob pretexto de que sua partida seria um desperdício de energia. Nos sistemas autoritários, não é pela sedução, mas sim pela força que se “retêm” os cidadãos (muro de Berlim).
As migrações • A vontade econômica também provocou migrações forçadas (comércio de negros do séc. XVI ao XX). • Sem incidentes graves, se é individual, a expulsão adquire outro caráter quando se torna coletiva (gregos e turcos, entre 1922-1923; sudetos e húngaros da Tchecoslováquia, em 1945).
Densidades e investimentos • Países pobres e muito povoados encontram-se obrigados a estagnar-se ou a aceitar uma certa dependência do estrangeiro. • O candidato a investimentos está à mercê de pressões políticas por parte do doador; de constrangimentos econômicos (ajuda contraída); de alea (incertezas), pois o doador pode mudar de idéia.
Densidades e investimentos • Os capitalistas privados recusam-se a investir em uma região politicamente instável ou favorável à nacionalização. Escolhem a colocação de seus investimentos em função das facilidades existentes (porto equipado, vias férreas) e jamais em função de necessidades locais. • As diferenças de potencial criadas pelas desigualdades populacionais existem em diferentes lugares do mundo. Existem dados qualitativos – sistemas de valores ou temores – que intensificam a vontade de reequilíbrio dos expansionistas ou que freiam as ambições de povos sedentários.
A economia como força • A grande quantidade de energia que os homens dedicam ao trabalho atesta a importância que tem a economia nas incessantes mutações pelas quais passa o mundo. • René Girault considera política e economia tão intimamente relacionadas que são indiscerníveis. • Raymond Poidevin, estima que existem duas esferas, uma política, que é própria dos governantes, e outra econômica, onde se movem os milhares de negócios, e que essas duas esferas exercem ação uma sobre a outra e se entremeiam, mas sem que uma ou outra exerçam continuamente uma influência preponderante.
A economia como força • No domínio da finalidade, a vontade de exercer um poder sobre outros homens e a vontade de usufruir são radicalmente diferentes. Muitos estadistas sacrificam sem hesitar a riqueza pelo poder. • Entre as finalidades extremas existem as finalidades mistas. O poder, sobretudo para homens pouco honestos, pode trazer riqueza e a riqueza pode trazer o poder (Nelson Rockfeller, governador do Estado de Nova York).
Economia como força • É necessário, inicialmente, constatar que a estrutura (movimentos lentos), a conjuntura (movimentos rápidos) e a situação (instantâneos) estão intimamente ligadas à economia. • A atitude dos grupos humanos é profundamente influenciada, globalmente, por estruturas nas quais coexistem a extrema miséria e o luxo, onde os ricos têm privilégios, onde a justiça se pronuncia de preferência a seu favor; por conjunturas de crise econômica que intensificam a miséria; por circunstâncias, uma decisão considerada globalmente como ofensiva, abusiva e inaceitável e que é “a gota d’água”. • Revolução: movimentos violentos culminando em uma mudança de legitimidade, qualquer que seja o sentido.
A hierarquia entre as unidades políticas • A potência econômica de um Estado é medida em três níveis: • o dos recursos (naturais, população, desenvolvimento cultural, capitais disponíveis, saldo líquido dos direitos e créditos sobre o estrangeiro). • O nível de eficácia, que deriva da relação entre os recursos e os produtos (PIB, produto militar, produto científico, bem-estar individual, existência de reservas). • O potencial de elasticidade, isto é, a maior ou menor possibilidade de dar aos recursos novos usos alternativos.
Hierarquia entre unidades políticas • Desigualdade e dependência econômica – impossibilidade de uma nação realizar seus objetivos econômicos sem a ajuda de uma outra nação. • Exploração é a compra pelos países capitalistas de produtos representando uma quantidade de trabalho maior que aquela que eles fornecem exportando aos mesmos países suas próprias mercadorias; a exportação de capitais pelos países capitalistas e o repatriamento sob forma de lucro de uma fração da mais-valia. • Exploração e relações de forças – se um país sofre exploração, é porque ele não pode fazer de outro modo, isto é, ele não tem poder para se desvencilhar desses laços.
Hierarquia e unidade política • Uma total independência econômica só é concebível na hipótese da autarquia. • Conceitos baseados sobre a primazia do econômico. Cosmopolita: relações econômicas são um bloco único, onde o Estado-nação desaparece, onde a liberdade total das trocas permite ignorar as fronteiras. Liberal: Ele reconhece os Estados-nações, admite a imobilidade relativa dos fatores de produção (trabalho e capital) e a mobilidade dos bens pelo comércio. Realista: o papel principal pertence ao Estado-nação estruturado, voluntariamente dirigista.
Os valores como força • Os valores são idéias, ou sistemas de idéias pelos quais, com maior ou menor entusiasmo, o homem está pronto para sacrificar seu interesse pessoal: seu dinheiro, seu conforto, sua vida. • “Não há maior prova de amor que a de dar a vida por aqueles que amamos” (Evangelho). Sacrifício por uma pessoa ou causa. • “Viver trabalhando ou morrer combatendo”. Fome e sofrimento. • “A união faz a força”. Necessidade do apoio de outros homens. • Um mundo onde o valor supremo é o nacionalismo apresenta grandes riscos de conflitos.