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CAUSAS DE MALDIÇÃO PARTE III. A LEI DO DIVÓRCIO.
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CAUSAS DE MALDIÇÃO PARTE III
Após séculos de escravidão no Egito, enfrentando a dura tarefa de restaurar os fundamentos da nação, amenizando tantas feridas e desordens sociais, reorganizando civilmente a família, Moisés legalizou o divórcio. O ideal é que não precisasse de existir uma lei como essa, mas como não existe uma sociedade perfeita, ela acabou sendo instituída. Essa lei por muito tempo vinha cumprindo o seu papel civilizador, quando no NT surge séria denúncia feita pelo próprio Jesus. Na verdade, o sistema religioso de Israel, estava profundamente corrompido, a sua liderança estava como a figueira que Jesus amaldiçoou. (Mt 21:18-22)
No Cap. 23 de Mateus Jesus denuncia esta corrupção na liderança judaica. • A lei do divórcio, assim como outras leis, haviam sofrido distorções com o intuito de atender ao interesse daqueles que as aplicavam. • Em se tratando do divórcio, é necessário advertir, como Jesus o fez ao confrontar os fariseus. • “Disse-lhes ele: Moisés, por causa da dureza do vosso coração, vos permitiu repudiar vossa mulher; mas, ao princípio, não foi assim.” Mt 19:8
O divórcio, apesar de ser biblicamente legal, pode se tornar um dispositivo perigoso, distorcível, abusivo, facilmente usado com motivação corrompidas, sendo inspirado por egoísmo, leviandade, lascívia, vaidade, irresponsabilidade, maldade, como artifício de vingança, etc. • É importante considerar o contexto das declarações feitas por Jesus sobre o divórcio nos evangelhos. • Elas foram feitas para confrontar líderes religiosos que imoralmente estavam fazendo do divórcio um pretexto para o repúdio, pervertendo a funcionalidade da lei. • A lei do divórcio foi instituída por causa do repúdio, e não para ser pretexto para o repúdio.
Deus não instituiu a separação de casais. Ela surgiu por iniciativa do homem, da dureza do seu coração, como Jesus afirmou. Apesar de Deus ter proibido a separação (aquilo que Deus ajuntou não separe o homem), pela lei do divórcio, a regulamentou. Alei do divórcio não tem caráter autorizativo, e sim normativo. Os cônjuges não devem apenas largar ou abandonar um ao outro, da mesma forma como também não devem se ajuntar sem uma aliança de casamento que envolva a família dessas pessoas. Se há de acontecer a separação, que siga uma norma apropriada. Fique claro que o divórcio não isenta as pessoas das consequentes maldições.
Após a separação (repúdio), estava proibido o divórcio apenas quando o marido, injustamente, acusava a mulher de infidelidade, e quando o homem fosse compelido a casar por haver desonrado a moça (Dt 22:13-19). Sem o divórcio, essas pessoas estariam legalmente impedidas de contrair um novo matrimônio. Em Levíticos 21:7, vemos a restrição ao casamento de sacerdotes com divorciadas, e em Ez 44:21-22 a mesma restrição, também estendida viúvas. “ “Ao entrar no santuário, nenhum sacerdote beberá vinho. Não desposarão nem viúva, a não ser que o seja de um sacerdote, nem divorciada, mas, sim, virgens da estirpe da Casa de Israel.”
Em relação ao povo em geral, no texto da lei do divórcio instituída por Moisés, havia impedimento para o novo casamento apenas entre os dois que já haviam sido casados entre si. A lei prevê sucessivos casamentos e divórcios, como infelizmente é praxe acontecer na atualidade: “Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, então será que, se não achar graça em seus olhos, por nela encontrar coisa indecente, far-lhe-á uma carta de divórcio, e lhe dará na sua mão, e a despedirá da sua casa. Se ela, pois saindo da sua casa, for e se casar com outro homem, e este também a desprezar, e lhe fizer carta de divórcio, e lha der na sua mão, e a despedir da sua casa, ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer, então o seu primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a tomá-la, para que seja sua mulher, depois que foi contaminada; pois é abominação perante o Senhor; assim não farás pecar a terra que o Senhor teu Deus te dá por herança.” Dt 24:1-4
Quais sejam os motivos justos do divórcio, eles são mencionados em termos gerais, fazendo alusão a algo moralmente reprovável, ou imoral: “...por nela encontrar coisa indecente (erwãhdabhar)”. A terminologia hebraica erwãhdabhar ocorre como frase apenas em Dt 23:14-15. “Pois o Senhor teu Deus anda no meio do teu acampamento, para te proteger, e para entregar-te os teus inimigos. O teu acampamento será santo, para que Ele não veja em ti coisa indecente, e se apartar de ti.” O mesmo tipo de situação indecente que faz com que Deus se aparte de nós é o que supostamente “justificaria” um marido se apartar da sua mulher. Esse é o sentido original da terminologia.
Jesus parece endossar essa mesma postura: “... A não ser por causa de prostituição”Mt 5:22. Como a Bíblia não estabelece um motivo para o divórcio de forma conclusiva, e creio que isso é proposital, porque cada caso é um caso, minha opinião é que mesmo em caso de adultério, deve-se tentar de todas as formas possíveis restaurar o casamento.
O novo casamento é proibido entre as mesmas pessoas que foram casadas e se divorciaram: “...então seu primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a tomá-la.” Por razões que desconhecemos, temos apenas especulações, a Bíblia proíbe a restauração de um casamento vítima do divórcio, alegando que isso contamina espiritualmente a terra, ou seja, endemoniza o território, indicando que a situação só faria piorar a sociedade como um todo. Trazendo para os nossos dias, vale mencionar algumas situações abusivas onde a igreja obriga a pessoa divorciada (antes mesmo de conhecer a Jesus) que está no segundo casamento, inclusive com filhos, a abandonar essa mulher e voltar para a primeira, que também já está recasada com outro, com quem também já possui filhos.
Muitas dessas pessoas, ao se converterem a Jesus, subjugadas por esse tipo de imposição, acabam desenvolvendo um processo de rejeição, autocondenação, amargura e apostasia. Assim, a própria igreja, ao invés de ajudar, mata os seus feridos. Aqui também essa proibição é estabelecida em termos gerais. Apesar dessa restrição, o próprio Deus, constrangido pelo seu infinito amor, a desconheceu no seu drama conjugal vivido com Israel: “Eles dizem: Se um homem despedir sua mulher, e ela o deixar, e se ajuntar a outro homem, porventura tornará ele outra vez para ela? Não se poluirá de todo aquela terra? Ora, tu te prostituíste com muitos amantes; mas ainda assim, torna para mim, diz o Senhor” Jr 3:1
3. O divórcio implica na possibilidade de um outro casamento: “...Se ela, pois, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem”. Não temos como ignorar esta questão. São nesses casos onde um sábio aconselhamento torna-se ainda mais imprescindível. Na Bíblia, o conceito do segundo casamento está implícito na lei do divórcio, o que jamais foi a intenção original de Deus para o relacionamento familiar. Essas situações sempre deixam sequelas sérias envolvendo filhos, finanças, enteados, ex-cônjuges e etc.
As consequências de um divórcio sempre são fulminantes, e as demandas de um segundo casamento normalmente são complicadas. Quando entramos para a área do aconselhamento temos que ter o bom senso na hora de aconselhar uma pessoa ou um casal. Eu pessoalmente sou a favor do divórcio quando a agressão física, neste caso devemos aconselhar a pessoa agredida a procurar a delegacia e denunciar o agressor. (lei Maria da Penha)
PESSOAS QUE SE CASAM E DESCASAM INESCRUPULOSAMENTE. Isso só reforça a infidelidade, a imoralidade e a perda dos vínculos familiares, causando a destruição da família e da sociedade. Neste caso muitos se casam com o adultério e se colocam em um caminho circular de dor e perdição.
2. PESSOAS QUE CONDENAM TAXATIVAMENTE O SEGUNDO CASAMENTO, EXCLUINDO-O NORMATIVAMENTE DAS ESCRITURAS. Vale repetir que em muitas situações o segundo casamento é condenável mesmo, a pessoa passa a viver em uma condição de adultério mas, em outras, o divórcio funciona como um mecanismo altamente redentivo, principalmente em relação à pessoa repudiada, lesada, traída, agredida, abandonada, desamparada no matrimônio.
“E vi que, por causa de tudo isto, por ter cometido adultério a rebelde Israel, a despedi, e lhe dei a sua carta de divórcio, que a aleivosa Judá, sua irmã, não temeu; mas se foi e também ela mesma se prostituiu” Jr 3:8 É o próprio Deus quem está dizendo essas palavras. Ele não se divorciou de Israel por iniciativa própria, mas devido a uma obstinada rebelião da nação em rejeitá-lo. Israel repudiou ao Senhor, trocando-o pelos seus amantes. Por incrível que pareça, Deus não ignora esse tipo de dor. Depois de ser ostensivamente repudiado, Ele passou pela situação de divórcio e novo casamento, com a Igreja:
“E Deus disse:Põe-lhe o nome de Lo-Ami; porque vós não sois meu povo, nem eu serei vosso Deus. Todavia o número dos filhos de Israel será como areia do mar, que não pode medir-se nem contar-se; e acontecerá que no lugar onde se lhes dizia: Vós não sois meu povo, se lhes dirá: vós sois filhos do Deus vivo. Os 1:9-10 • Este veredicto divino mostra como aqueles que eram o povo desposado de Deus deixaram de ser, e os que não eram povo de Deus passaram a ser.