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Caiçaras na rota do sol poente cearense: turismo, tradição e modernidade. Rafael Cavalcante de Lima Orientador: Prof. Dr.: Max Piorski Maranhão Universidade Estadual do Ceará. INTRODUÇÃO
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Caiçaras na rota do sol poente cearense: turismo, tradição e modernidade. Rafael Cavalcante de LimaOrientador: Prof. Dr.: Max Piorski MaranhãoUniversidade Estadual do Ceará • INTRODUÇÃO • O cenário turístico nacional e internacional é hoje uma realidade cada vez mais consistente no litoral cearense. Antigas vilas de pescadores, extrativistas e de agricultores, foram aos poucos se tornando objeto de interesse para a indústria do turismo, lazer e entretenimento. • Jericoacoara, praia localizada na costa oeste a cerca de 320 km da capital, representa hoje um dos locais mais procurados do nordeste brasileiro por turistas de passeios e esportes, brasileiros e estrangeiros. Ao seu redor existem comunidades tradicionais que vivem da pesca, do extrativismo e da agricultura. Porém as influências das atividades turísticas e da construção civil são cada vez mais presentes na realidade destas comunidades. • Caiçara de Baixo é uma dessas comunidades tradicionais nas margens da lagoa da Caiçara à cerca de 19 km de Jericoacoara, pela praia do Preá, pertencente ao distrito de Caiçara no município de Cruz. Entre a lagoa e Jericoacoara, a paisagem é de dunas amarelas, em forma de morros e funis. Nas ultimas décadas, pousadas e restaurantes foram se instalando na extensão dessa lagoa. Pela beleza do local, a lagoa passou a ser visitada diariamente por carros de passeio. • Fonte: Autor • Esta região está inserida na Rota das Emoções, roteiro turístico implementado pelos governos do Ceará, Piauí e Maranhão, apoiado pelo BNB, SEBRAE e o Ministério do Turismo, com intuito de fortalecer o turismo de Jericoacoara até os Lençóis Maranhenses, passando pelo Delta do Parnaíba (RODRIGUES, 2010). • Atualmente na comunidade moram pessoas de várias partes do Brasil e do mundo, pessoas que trabalham, na maioria, com o turismo e que têm que se deslocar para Jericoacoara para trabalhar. Os nativos cada vez mais interessados em vender seus terrenos, precisando de dinheiro para melhorarem de vida e vendo nas pessoas de fora possibilidade de renda, trabalho. Entra o processo de mercantilização da terra( CORIOLANO 2006), os empreendimentos turísticos passam a dar nova significação de valor a terra, e o próprio povoado entra na ciranda imobiliária que afetou a Jericoacoara e redondezas. “ O pessoal tá tudo doido atrás de vender suas terras para comprar uma moto, para ter um dinheiro a mais, mas depois de uns tempos vão ficar igual aos dá Jeri, tendo que morar de aluguel no que já foi seu.” ( Relato de um morador antigo da vila o seu José Valdeci, ou Coco, como é conhecido na região.) • objetivos * analisar as políticas de turismo e as transformações da comunidade da Caiçara de Baixo. • * Fazer um apanhado histórico com as histórias de vida dos nativos da região da Caiçara de Baixo. • * Fazer uma contextualização global com relação à indústria do turismo, lazer e entretenimento no Ceará, e as políticas públicas voltadas para o desenvolvimento turístico em Jericoacoara. • * Analisar as políticas públicas de apoio às culturas locais e de que modo esta modalidade de turismo também gera impactos na localidade de Caiçara de Baixo. • * Analisar a influência da rota das emoções e da criação do parque nacional de Jericoacoara com a vida do povoado. • * Analisar a situação socioeconômica dos antigos moradores e das pessoas de fora que chegaram através do turismo em Jericoacoara. • METODOLOGIA • O método antropológico etnográfico, fora utilizado na pesquisa. Baseado nos estudos de James Clifford sobre a polifonia (BAKHTIN 2006) na antropologia, onde se dá aos interlocutores (OLIVEIRA 2006) a possibilidade de voz, visão e interpretação, junto ao antropólogo. Para isso utilizando de diário de campo, entrevistas abertas e semi abertas, além da pesquisa documental e na internet. Importante pegar os relatos das pessoas tradicionais do local, dos turistas, dos empreendedores turísticos e trabalhadores do turismo em geral, e dos governantes locais, regionais e federais, no caso do parque nacional esta sobre influencia política das três instâncias, e de órgãos ambientais, como o IBAMA,e a SEMACE. • RESULTADOS • Além de uma lógica “inevitável e natural” do desenvolvimento da modernidade, defendida por alguns estudiosos do turismo e da sociologia, percebo a imposição sutil das atividades capitalistas com o desenvolvimento do turismo voltado mais para o sucesso dos empreendimentos turísticos do que para o respeito às comunidades tradicionais e suas formas de subsistência. Percebo que este contato trazido pelo turismo está causando impactos na comunidade tradicional, na sua maneira de lidar com a terra, e com suas atividades de subsistência. Problemas como drogas e criminalidade começam a fazer parte também da vida dos mais jovens. • Resultado destas analises, são de profunda importância para planejamento das políticas públicas voltadas para o turismo, revendo a importância da conservação das populações tradicionais, e suas formas de cultura e sobrevivência com a natureza. A Caiçara de Baixo é uma das demais comunidades, e possui suas peculiaridades, mas como as outras comunidades, Tatajuba, Jericoacoara, Mangue Seco, Jijoca, e outras localidades nas adjacências vem demonstrando significativas transformações com o crescimento do turismo na região, necessitando um maior cuidado nos planejamentos públicos para lidar com as populações tradicionais locais, além da conscientização das populações tradicionais para o valor de sua cultura ,da conservação e manutenção da mesma, assim como do seu ambiente natural onde a vida se manifesta. • Maquete do aeroporto internacional a ser implantado no município de Cruz próximo a localidade da Caiçara de Baixo. Fonte: Secretaria de Turismo do Estado do Ceará. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS • BALLABIO, Sati Albuquerque. O CONCEITO DE CULTURA NO TURISMO: O APORTE ANTROPOÓLOGICO. São Paulo, Unesp - Campus Marília. 2008. • BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2006. • BARRETO, Margarita. O Imprescindível aporte das ciências sociais para o planejamento e a compreensão do turismo, In: Revista Horizontes Antropológicos. Porto Alegre, ano 9, n.20, p.15-29, outubro de 2003. • CASTRO, Eduardo Viveiros de. O NATIVO RELATIVO. Rio de Janeiro: NOVOS ESTUDOS 77, 2007. • CLIFFORD, James. A EXPERIÊNCIA ETNOGRÁFICA, Antropologia e literatura no séc.XX. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2008. • CORIOLANO, Neide M.T.O turismo nos discursos, nas políticas e no combate à pobreza, São Paulo: Annablume, 2006. • DIEGUES, Antônio Carlos S. Camponeses e trabalhadores do mar. São Paulo. Editora Ática, 1983. • GEERTZ, Clifford. A Interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2011. • JÚNIOR, Gerson Augusto de Oliveira- O Encanto das Águas- A relação dos Tremembé com a natureza. Fortaleza: Museu do Ceará, Coleção outras Histórias, 2006. • LIMA, Rafael Cavalcante de. O Vento e a Vela: As modificações culturais dos Caiçarenses de Baixo com o desenvolvimento turístico na região de Jericoacoara. Fortaleza: UECE, 2012. • MARX, Karl. Formações econômicas pré-capitalistas. Porto, Editora Escorpião, 1973. • OLIVEIRA, Roberto Cardoso de Oliveira. O trabalho do antropólogo. São Paulo: Editora UNESP, 2006. • RODRIGUES, Lea Carvalho. DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL DE TURISMO E SUBSÍDIOS PARA SUA AVALIAÇÃO. In: Revista Gestão pública: Práticas e Desafios. Recife, v.II, n.3, jun.2011. • _______________________. Turismo, empreendimentos imobiliários e populações tradicionais: Conflitos e interesses em relação à propriedade da terra.In: Civitas. Porto Alegre, v.10, n.3, p.527-544, set-dez.2010. • SANTOS, Rafael José dos. Antropologia, sociologia e estudos do Turismo: contribuições para um diálogo interdisciplinar. In: Revista Hospitalidade, São Paulo, ano 2, n.2, p.23-46, segundo semestre. 2005.