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NUTRIÇÃO ENTERAL E PARENTERAL EM CRIANÇAS GRAVEMENTE DOENTES. Versão Original : Mudit Mathur, M.D. SUNY Downstate Medical Center. Versão Portuguesa : Sofia Martins, MD Alexandra Dinis, MD Unidade de Cuidados Intensivos Hospital Pediátrico de Coimbra. OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM.
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NUTRIÇÃO ENTERAL E PARENTERAL EM CRIANÇAS GRAVEMENTE DOENTES Versão Original: Mudit Mathur, M.D. SUNY Downstate Medical Center Versão Portuguesa: Sofia Martins, MD Alexandra Dinis, MD Unidade de Cuidados Intensivos Hospital Pediátrico de Coimbra
OBJECTIVOS DE APRENDIZAGEM • Impacto da doença crítica • Importância da Nutrição • Objectivos do suporte nutricional • Necessidades nutricionais • Enteral vs Parenteral • Quando e como iniciar e progredir a Nutrição • Monitorização
Impacto da doença grave - 1 • Resposta fisiológica ao stress: • Fase de catabolismo • Aumento das necessidades calóricas, perda urinaria de nitrogénio • Aporte inadequado gasto das reservas endógenas de proteínas, gluconeogenesis • Redução massa muscular – degradação proteínas
Impacto da doença grave -2 • Aumento do gasto energético • Dor • Ansiedade • Febre • Esforço muscular– trabalho respiratório, tremores
RESPOSTA À AGRESSÃO FALÊNCIA PRIMÁRIA DE ÓRGÃOS FALÊNCIA SECUNDÁRIA DE ÓRGÃOS SÍNDROME RESPOSTA INFLAMATÓRIA SISTÉMICA RESPOSTA FALÊNCIA PROGRESSIVA DE ÓRGÃOS REANIMAÇÃO RECUPERAÇÃO CHOQUE RECUPERAÇÃO LESÃO DIAS APÓS LESÃO
IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃODOENÇA GRAVE + MÁ NUTRIÇÃO = • Dependência prolongada do ventilador • Internamento prolongado na UCI • Aumento da susceptibilidade às infecções nosocomiais FMO • Aumento da mortalidade com malnutrição ligeira/moderada ou grave
NUTRIÇÃO: OBJECTIVOS GERAISACCP Consensus statement, 1997 Proporcionar suporte nutricional adequado a cada doente, de acordo com: • Estado clínico • Estado nutricional • Formas de administração disponíveis
NUTRIÇÃO: OBJECTIVOS GERAIS • Prevenir / tratar deficiências em macro/ micronutrientes • Doses de nutrientes compatíveis com o metabolismo existente • Evitar complicações • Melhorar o prognóstico dos doentes
IMPACTO DA PAUSA ALIMENTAR - 1 • Balanço negativo do nitrogénio, agravamento da perda de peso • Alterações morfológicas no intestino • Espessamento da mucosa • Proliferação celular • Altura das vilosidades • Mudanças funcionais • Aumento da permeabilidade • Diminuição da absorção dos aminoácidos
IMPACTO DA PAUSA ALIMENTAR - 2 • Mudanças enzimáticas/hormonais • Diminuição da sucrase e lactase • Impacto na imunidade • Celular: Diminuição das células T, atrofia dos centros germinativos, proliferação mitogénica, diferenciação, função celular Th, alteração localização células • Humoral: Complemento, opsoninas, Ig, IgA secretora • (70-80% de todas as Ig produzidas são IgA secretoras ) • Aumento da translocação bacteriana
ENTERAL ou PARENTERAL? • Nutrição Enteral : superior à Parenteral • Efeitos tróficos nas vilosidades intestinais • Reduz a translocação bacteriana • Suporta o Tecido Linfoide associado ao intestino • Promove a secreção e função da IgA • Mais baixo custo • Nutrição parenteral • Acesso ev • Risco infeccioso
ENTERAL + PARENTERALÉ A MELHOR ASSOCIAÇÃO • 120 doentes adultos (médicos e cirurgicos) • enteral + parenteral vs alimentação enteral • Prospectivo, randomizado, controlado, duplamente cego, • RBP, pré-albumina aumentaram significativamente D 0-7 • Sem redução na morbilidade na UCI • Sem redução na duração: internamento UCI,ventilação, FMO, diálise • Redução do internamento hospitalar ( 2 dias) • Mortalidade idêntica aos 90 dias e 2 anos Bauer et al, Intensive care med. 2000: 26, 893-900
ABORDAGEM PRÁTICA - 1 • Avaliação Nutricional • História: malnutrição prévia, doença subjacente, perda ponderal recente (> 5% em 3 semanas ou >10% em 3 meses) • Ex. Físico: antropometria, IMC, evidência de desnutrição • Laboratório: albumina (t ½ 18-21 d), transferrina (t ½ 8 d), pré-albumina (t ½ 2 d), Proteína ligação retinol (RBP) (t ½ 0.5 d)
ABORDAGEM PRÁTICA- 2 Avaliação da doença actual • Hipermetabolismo - queimaduras, sepsis, Falência Multiorgânica, trauma • Procedimentos GI – pausa alimentar prolongada • Falência órgãos alvo (Hepática/renal, etc) Registo metabólico - facilita avaliação do gasto energético, quociente respiratório
QUANDO INICIAR NUTRIÇÃO ENTERAL : • Logo que possível - habitualmente dentro de 24 horas no traumatismo grave, queimaduras e estados de catabolismo • Contra-indicações à nutrição enteral : • Intestino não funcionante, disrupção anatómica, isquemia intestinal • Peritonite grave • Estados graves de choque
FORMAS DE ALIMENTAÇÃO • Naso-gástrica • Requer motilidade/esvaziamento gástrico • Trans-pilórica • Eficaz na atonia gástrica / ileus intestinal • Sonda de silicone / poliuretano • Posicionamento, agentes pro-cinéticos / fluoroscopia/ pH/ orientação endoscópica • Posicionamento percutâneo / cirúrgico • Botão gastrostomia (PEG) se são previsíveis > 4 semanas suporte nutricional • Jejunostomia se RefluxoGE, gastroparesia, pancreatite
POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES DA NUTRIÇÃO ENTERAL • Dificuldades no esvaziamento gástrico • Aspiração do conteúdo gástrico • Diarreia • Sinusite • Esofagite /erosões • Deslocamento da sonda para alimentação
NECESSIDADES NUTRICIONAIS • 25-30 Kcal não proteicas /kg/d (adultos sexo masculino) • 20-25 Kcal não proteicas /kg/d (adultos sexo feminino) • Crianças: Taxa metabólica basal de 37-55 Kcal/kg/d (50% de gasto energético) + Actividade + crescimento • Factores que aumentam gasto energético • Febre 12% • Queimaduras até 100% • Sepsis 40-50 % • Cirurgia Major 20-30%
NECESSIDADES NUTRICIONAIS • Aporte proteico inicial 1,2-1,5 g/kg/d • Micronutrientes - adicionar se refeições de pequeno volume ou doente com perdas excessivas • Calcular individualmente, 24-30 cal/30 ml fórmula • Normalmente débitos contínuos são tolerados melhor • Aumentar na fase recuperação para atingir crescimento previsto (“catch up”) • Calorias adequadas = crescimento adequado
COMPOSIÇÃO DA FÓRMULA • Hidratos de Carbono: 60-70% de calorias não proteicas • Polissacáridos/dissacáridos/monossacáridos • Polímeros de Glucose são melhor absorvidos • Lípidos: 30-40% de calorias não proteicas • Fonte de ácidos gordos essenciais • Calorias concentradas – mas pior absorção • Triglicerídeos Cadeia Média - melhores por absorção directa para o sistema porta
COMPOSIÇÃO DA FÓRMULA • Proteínas • polímeros (necessidade de enzimas pancreáticas) ou péptidos • Pequenos péptidos provenientes da hidrólise das proteínas do soro do leite são absorvidos melhor do que AA livres • Fibras • Insolúveis – reduzem diarreia, lentificam trânsito intestinal, melhor controlo glicémico • Degradadas em ácidos gordos cadeia curta - tróficos para o cólon
COMPOSIÇÃO FÓRMULAS ESPECIAIS • Pulmonar: • gorduras elevadas (50%), hidratos de carbono baixos • Hepática: • AA cadeia ramificada doses altas, AA aromáticos doses baixas, < 0,5 g/kg/d proteínas nas encefalopatias • Renal: • proteínas baixas, densidade calórica elevada; PO4 , K, Mg baixos • Taxa FG > 25: 0,6-0,7 g/kg/d • Taxa FG < 25: 0,3 g/kg/d • Estimuladoras do sistema imunitário
IMUNO-MODULAÇÃO • Glutamina • Arginina • Ácidos gordos (w-3) • Nucleótidos • Vitaminas e minerais Queimados em idade pediátrica: Arginina & suplementos de ácidos gordos w-3 reduzem infecções, duração internamento (Gottslisch: J Parenter. Ent. Nutr. 14: 225, 1990)
IMUNO-MODULAÇÃO • Glutamina + arginina + AA de cadeia ramificada (Immunaid®) • Arginina + Ácidos gordos omega-3 +RNA (Impact®) • Iniciar alimentação enteral em 36 horas • Mortalidade e episódios de bacteriémia reduzidos • Efeitos mais significativos em doentes APACHE II 10-15 Galban et al, CCM, 2000; 28: 3, (643-48)
IMUNO-MODULAÇÃOMECANISMOS DESCONHECIDOS • Redução da duração e magnitude da resposta inflamatória • Provocará desequilíbrio entre os processos pró e anti-inflamatórios ?? • Dos múltiplos ingredientes nestas formulas especiais: qual é o “tal” ? • Efeitos benéficos observados nos doentes com NE precoce
IMUNO-MODULAÇÃO Estudos conclusivos, indicações precisas & Análise custo-benefício ainda são necessárias
NUTRIÇÃO ENTERAL NA DOENÇA CRÍTICA: • Manutenção do status nutricional • Previne o catabolismo • Fornece resistências à infecção • Efeito potencial na imuno-modulação
NUTRIÇÃO PARENTERAL (NP) A composição da NP baseia-se em: • Necessidades hídricas • Necessidades energéticas • Vitaminas • Oligoelementos • Outros aditivos - Heparina, inibidor H2, etc
Necessidades Hídricas Necessidades hídricas = Manutenção + reposição desidratação + reposição perdas persistentes Necessidades hídricas de Manutenção 1 - 10 kg = 100 ml/kg/day 10 - 20kg = 1000 ml + 50 ml por cada kg > 10 kg 20 kg = 1500 ml + 20ml por cada kg > 20 kg • NP geralmente deve ser usado para a manutenção das necessidades • Défice e reposição das perdas devem ser providenciadas separadamente. • Não esquecer de considerar medicações, bólus, perfusões, linhas de medição de pressão e outros líquidos EV ao efectuar os cálculos.
Necessidades Energéticas Necessidades energéticas diárias totais (kcal/dia) = Gasto Energético em Repouso (GER) + GER (Factores Totais) Factores = Manutenção + Actividade + Febre + Trauma Simples + Lesões Múltiplas + Queimaduras + Crescimento
Cálculos Dextrose • ____g/100ml Dextrose ____ml/dia = ____gramas/dia • _____g/dia (peso 1,44) = _____mg/kg/min • _____g/kg/dia 3,4 kcal/g = _____ kcal/kg/dia
Cálculos Gordura • 20 gramas/100ml gordura ____ml/dia = ____gramas/dia • ____ g/kg/dia 9 kcal/g = ____ kcal/kg/dia
Cálculos • Gramas Proteinas 6,25 = _____ Nitrogenio • Calorias não-proteicas Nitrog. = quociente Calorias:Nitrogenio
Perigos de sobrealimentação • Diarreia secretora (com NE) • Hiperglicemia, glicosúria, desidratação, lipogénese, esteatose hepática, disfunção hepática • Anomalias dos electrólitos : PO4 , K, Mg • Sobrecarga de volume, Falência Cardíaca Congestiva • Produção de CO2 - frequência respiratória • Consumo de O2 • Aumento da mortalidade (em estudos com adultos)
MONITORIZAÇÃOPrevenção sobrealimentação • Hidratos Carbono: elevação Quociente Respiratório indica excesso carbohidratos, substâncias redutoras nas fezes • Proteínas: Balanço Nitrogenado • Gordura: triglicerídeos • Monitorização das proteínas viscerais • Electrólitos, níveis de vitaminas • Avaliação das necessidades calóricas através do registo metabólico
CONCLUSÕES • Iniciar precocemente nutrição • Preferir via enteral logo que possível • Definir objectivos para cada doente • Dosear nutrientes de acordo com o metabolismo existente • É essencial a monitorização adequada • Evitar sobrecarga alimentar
QUESTÃO 1 • Quando deve ser iniciado o suporte nutricional num doente? • Apenas após extubação • Após 3 dias de pausa alimentar • Após 5 dias de pausa alimentar • Após 7 dias de pausa alimentar • Logo que possível, preferencialmente 24 horas após admissão
QUESTÃO 2 • Qual será a melhor forma de suporte nutricional num rapaz de 10 anos com lesão cerebral, aumento da HIC e pneumonia de aspiração após intubação no local acidente. • Nutrição Parenteral • Nutrição Enteral • Uma combinação de nutrição enteral e parenteral • Apenas liquídos EV até melhor controle HIC
QUESTÃO 3 • Qual será a composição de NPT inicial para uma criança de 18 meses que pese 10 kg • Glucose 10%, Proteínas 20 g/dia, lípidos 5g/d • Glucose 10%, Proteínas 10 g/dia, lípidos 15g/d • Glucose 15%, Proteínas 5 g/dia, lípidos 20g/d • Glucose 12.5%, Proteínas 20 g/dia, lípidos 10g/d • Glucose 10%, Proteínas 10 g/dia, lípidos 10g/d