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pre textos marjnaus

w i l t o n c a r d o s o. pre textos marjnaus. PARTE I descurso agora agora. aviso aos marjnautas esta página expirou quando o poeta espirrou em seu zênite zen (auge transcen dente) ninguém (nenhum leitor) leitor marjnauta a espiou. quero um texto claro preciso

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Presentation Transcript


  1. w i l t o n c a r d o s o pre textos marjnaus

  2. PARTE I descurso agora agora

  3. aviso aos marjnautas esta página expirou quando o poeta espirrou em seu zênite zen (auge transcen dente) ninguém (nenhum leitor) leitor marjnauta a espiou

  4. quero um texto claro preciso água límpida doce didática quase matemática lógica metros ritos incisivos sobre a carne das palavras reduzidas a osso e oco cubos e axiomas sem eco e depois de toda essa assepsia injetar algumas gotas de anexato o mínimo milímetro preciso para ante tanta limpidez desse deserto estontear todas as rotas suas corpo repleto

  5. sob o pre texto de en saio textos anex atos por onde possam passar uns fios de vida

  6. narciso se vê na f(r)onte na f(r)onte de todos os mitos narciso se transforma

  7. errar a gramática errar a rima errar a raiva errar com raiva e força (e riso) errar tudo e tanto até o (de) sempre ser o último espanto até que reste apenas penas de um vôo errante ERRÁTICA

  8. popsia nas margens dos netgócios o net()ócio e .

  9. idílios de um burocrata

  10. vento nas folhas passar as tardes longe vendo o vidro mostrar-me o lento fluxo de tempo e a chuva chegando esquecer todos os manda-chuvas volver-me todo (e só sei se entregar-me se tragar-me até o último pulso) ao luxo de um frêmito de vácuo caos e acaso miríades ninguéns acolhei estas ondas quase domadas quase concêntricas em si (mim) lançai-as ao descompasso anexato do fluxo desta chuva não reconhecer-se esquecer todos os abismos apagar as cismas soltá-las prisma cacos nacos de lembranças refugadas num cisma nego-me e pego apenas penas flutuantes amantes de uma lua de rua chuva jamais me houve

  11. estar doente tem suas vantagens de ver assim meio de esgueio gente bicho coisa assim querendo cair a gente atravessa o mundo de lado meio deslumbrado meio soçobrado a vida trisca num quase num se ou numa frase nem doída nem satisfeita viver doente empestiado ou demente assim meio sem jeito é feito fazer de qualquer ponto da vida uma tangente

  12. aqui dentro bom dia doutor diz a secretária bom dia de volta e pensa: vou te comer salafrária e ela consigo: seu pança seu velho canalha me faz um favor doutor... aqui dentro bom dia doutor e lá fora barulhos de carros e danças de folhas ao vento na tarde calor de sol e de asfalto pedaços de céu nas vidraças um doido vadia as ruas cigarras dormem nos galhos como a vida mais vida valia se a vida fosse toda fora mais lia mais ria mais dia vadia vazando mais vida

  13. a vida toda um fora olharmo-nos nos olhos e esquecer as teias todas serpeando entre nós e o mundo esquecer inclusive nós mesmos nada mais oculto sob nosso olhar apenas ar e mar gelo e areia desertar desterrarmo-nos do mundo de tudo o que é profundo suspensos sem nenhum mistério gravidade alguma entre nosso olhar vazio de nós vadia calmo o caos

  14. a música vital transcorre na arritmia da viola incontrolável e sua báquica melodia embriaga as razões na harmonia do caos

  15. hoje amanheceu tão fresco não a manhã nem o ar nem esta brisa em mim tão leve amanheceu o dia em mim como há muito não fazia soprou uma brisa breve no meu pensamento fez-me esquecer de pensar esquecer do dia duro por vir esquecer de mim tão leve eu estive esta manhã a alma tão calma tão nova tão alva quase não havia como em menino tudo era descoberta e magia tão fresco amanheceu-me o dia

  16. oração da volta do supermercado •  carro trânsito compras • serviço amanhã • dívidas ontem • são baco e santo orfeu • protegei-me • para que eu nunca perca • o poder de perder-me • num pôr de sol • como este

  17. não ter que ler não ter que fazer não ter que ver se vai dar ou faltar não comedir nem se angustiar augusto o dia em que como você velho não ter que ter

  18. e agora zé literatura acabou contra-cultura é a favor utopia rodou pé na estrada é turismo ismo nenhum sobrou todo sonho so çobrou e agora zé droga é mercado marginal é orga nizado toda rima é suspeita de conspirar com uma cifra cisma alguma vai dar n’algum cisma e agora zé que fazer do que resta da festa que que eu faço com o agora

  19. palmo a palmo o espaço digital izado as margens sempre mais estreitas tornar-se mais rar efeito vazar pelos poros das mar gens tornar-se mais mar ginal

  20. ex-littera a metáfora desaforada o poema sem tema a tradição travestida a decadência da transcendência o resto dos mestres o simulacro sublime o todo didático do texto avali(z)ado a fábrica têxtil toda avariada

  21. a coisa é feita de ruídos puídos ou recém nascidos doloridos ou não não importam muito os idos desde que bem imbricados os ruídos é um ofício difícil precisa estar concentrado até o último lance de dados os neurônios todos ligados por outro lado é extrema mente fácil basta estar distraído (como dizia o leminski) pra (ou)vir um bom ruído a gente faz o que pode alguma vez vai bem na maior parte se fode

  22. leve como pluma na penumbra do sentido que se atreve insinuar desentendido nenhum papel me cabe vácuo virtual sou breve

  23. leve mais leve que uma pluma nem um tema que o queira mais profundo teorema menos denso que a espuma de uma onda tenso como o grito de uma corda (no espaço de um lapso) lema algum leva este pre texto ao abismo do sentido um risco ronda este dizer se tornar menos que isto traço ao infinito do não dito suma

  24. não declame poemas nem os cante no máximo sussurre-os eles odeiam cordas vocais amam somente o som silente atravessando a mente

  25. em silêncio dança no silêncio dança do silêncio

  26. PARTE II dizcurso a tradição travestida

  27. a morte • no instante da morte • é um corte • e no instante do corte • o gosto • do gozo • no instante do gozo • a gosma • num ácido instante • e numenal semblante • como a rosa • aberta instantânea • na tênue eterna • névoa fragrante • no ar • a dama consorte • a lavar • e amar nossa sorte a planar • aspirar expirar • um acorde • da sonata espiral

  28. o papel do poeta é algo mudando para algo mundano que algo do mundo (que) algo agouro um mal agouro do mundo e o papel do poeta não se encharca das tintas não é mais amarelo que amarela com o tempo e torna poroso e áspero que colorem as tintas que vão se descolorindo num sem tom descolor que são todas as cores: branca esbranquiçadas retornam por todos os poros e afloram tal qual primavera refloram por todos os cantos colorem de todas as cores reflorem não são mais tintas papéis e poetas não mais cores e poros e algo não sei mais

  29. lunar • subi a escada • decantada de ladrilhos pétreos • comunguei ao pé da igreja velha • um olhar para trás • a cidade nebulosa viva • sem alma viva que se mova • a esta hora desta noite • se movia a ouvia seu respirar vivaz • eu a revia idosa revivia idade • me movia • em direção ao templo queria ver em tempo • o que escondia densas ásperas pesadas paredes • dessas lisas trêmulas vacilosas mãos deslizam • as dobras do tecido duro frio não vaticina o vento • arrepio sem pensar se move rumo à quina • o mar revolto se revela vento revolvia olhar e via • olhar o mar quebrar em branco • silêncio ao mar • a voz • à voz volver o olhar daquela • alva voz tenaz olhar fugaz contemplar • todos os anos passados naquele ato inato • um estender a mão • um entender de fato a falta • vestida pelo manto escuro véu cobrindo lisos talos • que se deslizam aéreos pela alva tece • o mar medita algo • mar

  30. Amo-te demente caridoso morrerei remorsoso e mórbido culpar-te-ei. Culpar-te-ás e partirás também ao imaterial abraço de teu rei e escravo? Escravo e rei não hei de entristecer em meu sofrer pois me darei a ti e a ti possuirei como tantos, como tantos, por dever morrerei, morreramos pelo carma dum caudal impiedoso e ressuscitaremos eu pedra e tu a flor do outro monte que um pássaro num arco sobre as árvores trouxe o olor vago dissipado pelo vento da manhã um frescor ainda um frescor à rocha desventurada

  31. era uma casa muito engraçada • não tinha teto não tinha nada • v.m. • aquele que não posso ser está vivendo • não sei o que ele quer na funda noite escura • daquele quarto ao fundo que sequer eu entro • a casa agora estranha e a amada não escuta • a voz daquele eu mudo que agora já não ama • desenvolta ela passeia e se deita em sua cama • e o quarto não clareia e mesmo assim enche de luz • este outro a possui enquanto a casa se revela • antiqüíssima morada de deuses que conduz • aquele eu cego a viver à luz de velas • ver sem velas ou sol imponderáveis nuances dela • casa sem piso oitão ou teto vizinha do infinito • um rociar de eternidade impregna os cômodos disformes • foi tudo ti culpada amada a voltear por cômodos famintos • de não sei quê de além amor a entristecê-la enquanto dormes • co’este outro e sem meu toque nos perdoe • luz inconsciente a lumiar o mar profundo • em que mergulha aquele que se diz eu • na busca indefinida de um mapa o mar inunda • cômodos e casa e tudo bóia e se perdeu • do eu amar e amada cômodos e casa e aquele outro • ainda chora o que não sinto e às vezes tem • (tenho certeza) amada em leito seu e amor um pouco • que (náufrago) não sei e luz é assim, às vezes vem...

  32. vela que o vento leva que o vento come • vela suspensa no ar e no escuro mar • vela que voa ao longo do horizonte • vela que incendeia por sobre o monte • vela do desatino do aventureiro • vela que voga a lua na noite cheia • vela inflada de uma lufada • vela inflamável no fim do olhar • vela que vela a luz do plenilúnio • vela da tua vala • vela velha comadre de um sino • vela entre deus e meus olhos • vela que me leva • vela que me lava do escuro breu • vela vento que passou • vela luz que enluou • vela vala de minh’alma • valo do meu corpo • morto •   caravela da vida • tênue vela ao vento • ao sopro do vento • que a voa • que apaga

  33. leite puro leite pleno leite amplo divino leite leito impuro leito plano leito estreito leito profano teus olhos são tão sol que molhas meu sol quando me olhas farol que me banha de tanta luz tamanha tanta cruz estranha soa no meu sol uma luz tamanha outra luz de tuas entranhas outra luz estranha a tua luz nua que luze em tua rua curva e turva e pura via para as tuas duas luas que me vias vias tão estreitas que diante de tua luz tamanha, estranha nas entranhas são vias lácteas de estrelas leito de estrelas estrada de sóis extracto de luz as tuas duas luas na minha rua nua entre o teu leite e o teu leito me deito no desamparo no teu jeito de me deixar sol de me deixar sou só no descampado desta luz tua: lua

  34. leite puro leito impuro leite pleno leito plano leite amplo leito estreito divino leite leito profano entre o teu leite e o teu leito me deito no desamparo no teu jeito de me deixar sol de me deixar sou só no descampado desta luz tua: lua

  35. ontem nasceu narciso • fogo de ritos • narciso de amor foge • preso no próprio riso • rio de narciso • de mim não sei se preciso • frio rio de lava • nos lábios de narciso • narciso se vê na fonte • na fronte de todos os mitos • narciso se transforma

  36. estava tão mudo em hades • lodo de muro antigo • pelas frestas • pelas festas de dionísio • um quintal me invade! • tardes de narciso • riso de narciso • siso de narciso • ris? • rio calmo como a morte • rio forte • narciso se vê na fronte • na fonte de todos os mitos • narciso se transforma

  37. era narciso • que falava • fala de narciso • de que falo • era narciso • entre as águas • sai o eco de narciso • pelas ondas • zeros se es • palham — zeus! • da lágrima • de narciso • por um tris • te narciso • narciso se vê na fonte • na fonte de todos os mitos • narciso se transforma

  38. josarrá quem dera ter do mundo o silêncio que necessitas agora em que sentes sede de contemplar e o teu semblante destemido a pairar mal recobres o que descobre ao bulir em tais sonhos que tens teu olhar teu olhar, teu pobre olhar josarrá, mas há um cheiro negro no ar que colore os teus sonhos meninos e redescobre a cada olhar nos teus cantos, lugares, teu lar que enraíza o alicerce da casa e se espalha aos vãos de teu chão teu piso, e sobes enfim por teus móveis alcançando por fim teu telhado tuas vigas de cheiro ocreado tuas telhas de aranha que vêm que vão não em vão tua vida emaranha tantos casos de casa encantada pelo vão das paredes caminham caminham tanto e não chegam a lugar que luares tu queres panhar josarrá? não te notas, não queres notar não deves, não podes voar por teares tecidos de ar não deves negar tuas cores teu manto, teus tantos encantos de uma cor que de cores te enche solta o pranto que queres chorar e diz josarrá, diz que o cheiro permeia o ar que vem de tão longe e tanto tempo a jorrar e deságua num rompante de dor desnorteia o poente do sol que brotas agora em teu sonhar tua solidão, josarrá teu amar.

  39. t e n t a t i v a

  40. de um lado o lodo da noite do outro outro lodo e as gramas putrefatas vicejando esta faixa dura e noturna dividindo o deserto é uma serpente sem casa deglutindo metais e peidando gases vomitando vísceras ao pasto de lama indiferente tu: reflexo de serpente no olho perdido no horizonte perdido

  41. vieste para fugir mas encontraste buscar e voltas encontrarás vieste para encontrar o que por onde passou nunca deixou atrás deixou este fino olor quase partido este calor bafo e o amargor seco na boca este vago eco de amor quase um toque de dor branco do seu palor grito cego de uma flor alheia do seu compor pobre de uma só cor que insetos sabem de cor

  42. foges mas deves voltar sem nunca sair deste norte como nunca saíste do não norte e não um são sempre no mesmo lugar sempre no agora mesmo que o vento soprar mesmo que o norte voar

  43. no entanto a um passo está o norte no entanto um abismo de morte desenha entre nós este corte que o nada só o nada em acorde transpõe esta linha este forte apague dos olhos o norte cale o norte da boca e ouça! o vento do norte zunir a sua melô dia louca trazendo o norte pra dentro soprando na vela rouca

  44. norte ensaio de morte de onde voltamos cada vez mais deus ateus cada vez mais

  45. pelo que há de vão infindo no seio dele pela música que soa nadeante no seu silêncio pelo que ele não é sendo nas profundezas pelo desmarcamento das margens esparramadas pela marca da fluidez no seio dos demarcados

  46. apenas eu sem mim nesta cidade que me rodeia sem outros sem si mudos à minha volta nesta avenida absorta em si no seu barulho surdo ao lençol de silêncio dos olhos que me olham de dentro do meu nada mais p'ro fundo do negror de minha ausência pálidas nuvens passam ignoradas e sob plácidos lagos serenos dorme a morte que seremos e dentro dela com ela comungando e a corroendo um átimo de norte dói correndo e salta leve brisa raio vento fogo do pensamento e fura a vida da avenida

  47. ave em fúria gula sem nome que nos consome comida de nossas feridas que nos ilumina e a cada pedra destroçada do asfalto a cada ato ao acaso ao cheiro de gasolina a cada passo apressado mal sabe os homens o norte deste instante da face de joén nos seus semblantes do urro de prazer dos dois amantes da flor sem haste que brotou na face do tempo sem depois nem antes agora deste norte desnorteante

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