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Considerações sobre alguns sinais dos tempos. “Somos chamados a assumir atitude de permanente conversão pastoral, que implica escutar com atenção e discernir ‘o que o Espírito está dizendo às Igrejas’ (Ap 2,29) através dos sinais dos tempos em que Deus se manifesta” (DAp 365).
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Considerações sobre alguns sinais dos tempos “Somos chamados a assumir atitude de permanente conversão pastoral, que implica escutar com atenção e discernir ‘o que o Espírito está dizendo às Igrejas’ (Ap 2,29) através dos sinais dos tempos em que Deus se manifesta” (DAp 365)
Os sinais dos tempos • São sinais extremamente complexos, que assustam e sempre em contínua mudança. • Os sinais dos tempos são sempre ambíguos, se movem ao mesmo tempo em diferentes direções. • Os sinais dos tempos são indicadores de futuro. Não mostram claramente onde estamos indo. No entanto, seu valor está na capacidade de nos provocar. • Devemos evitar leituras preconceituosas. Nosso objetivo é nos confrontar com o que está acontecendo, que nos agrade ou não.
Ideal do Ocidente • O ideal cultural do Ocidente é o indivíduo autônomo, auto-suficiente, que se constrói por si mesmo, que vive por conta sem necessidade dos outros. • Esse é o ideal pelo qual vivemos e trabalhamos. É o objetivo para o qual sacrificamos qualquer coisa para atingi-lo. • Do ponto de vista das outras culturas do mundo, isso é simplesmente incompreensível. Uma pessoa separada do resto da comunidade é vista como azarada.
Instinto destruidor • Essa cultura está se difundindo em toda terra, está destruindo as outras culturas comunitárias e precisamos nos perguntar porque. • O individualismo não é uma novidade. O que é novo é a crescente consciência que o individualismo narcisista é psicologicamente, socialmente, politicamente, economicamente, espiritualmente e ecologicamente destrutivo. • O individualismo faz com que a pessoa, centrada sobre si mesma, perca o contato com a realidade. Torna-se egocêntrica e narcisista. Isso causa doenças mentais neuróticas e psicóticas.
Perdas e danos • A própria busca de espiritualidade é marcada muitas vezes por um individualismo exasperado. • Também a luta pela justiça social pode ser colocada em cheque do individualismo egoístico. • O conceito de Direitos Humanos contribuiu para construir um mundo mais justo, mas também esse “direito” permaneceu individual • O abuso do direito à propriedade particular torna legal acumular para si contra a vida dos outros: o individualismo mata milhões de pessoas a cada dia.
Atenção ao nosso eu • Mas a trágica ironia do individualismo ocidental é que agora ameaça exatamente aquela liberdade que esperava obter. • O aquecimento global é a conseqüência mais dramática do individualismo ocidental. Para enfrentar essa ameaça à vida do Planeta, sabemos bem o que precisa fazer mas não queremos fazê-lo. Nosso ego não quer saber. • Trata-se, ao contrário, que não podemos continuar sem enfrentar o problema de um ego sem freios, e isso requer dar uma boa atenção também ao nosso eu.
O Código da Vinci • O Código da Vinci de Dan Brown, publicado no começo de 2004, tornou-se o romance mais vendido da história. • O que faz que esse gênero de literatura da magia, do oculto, do mistérico se torne tão fascinante e popular nos dias de hoje? • O significado, por exemplo do Código da Vinci, não está na exatidão dos conteúdos, mas na capacidade de indicar o que hoje as pessoas estão procurando. • O Código da Vinci é percebido como uma libertação da imaginação.
Pós-moderno • Representa crise do otimismo moderno, da visão iluminista, da fé no progresso, da supremacia da razão. • Já na primeira metade do século XX essas certezas começaram balançar. • Podemos chamar certos resultados de progresso humano? O mundo de hoje é cético em relação de qualquer ideologia e prefere histórias de vampiros, extraterrestres, magos e mundos ocultos. • Não precisa que o povo acredite nestas coisas, basta que se sinta apenas atraído.
Reações • Esses fenômenos revelam uma profunda insegurança vivida pela maioria das pessoas. • Há vários tipos de reações de fuga diante da realidade. • Uma reação muito forte diante das incertezas da vida é o retorno ao passado. • Há uma outra forma de reação ao pós-moderno: a busca de uma espiritualidade. • Nessa busca procura-se sempre mais experiências e não explicações. Há uma passagem do desejo de conhecimento intelectual ao conhecimento concreto
Ambigüidade • O individualismo foi teorizado pela doutrinas liberais como “ordem natural”. • A idolatria do dinheiro coloca em subordinação o valor da pessoa humana. • Globalização é uma palavra ambígua mas que descreve, principalmente, um processo de ordem econômica, não cultural. • Contudo, essa rede tem um impacto profundo sobre as pessoas, sobre as relações, sobre a realidade social e sobre a criação. • Conseguiu criar um mundo global irreversível para a história da humanidade.
Globalidade • “O globo deixa de ser uma figura astronômica para adquirir mais plenamente sua significação histórica” (O. Ianni). • Surge uma consciência da globalidade do destino da humanidade, face ao globalismo que determina o processo de globalização. • Somos chamados a contribuir para a construção de uma sociedade mundial pluricultural, aberta, inclusiva. • Isso pressupõe uma luta por identidades e pertenças locais, mas também uma saída contínua de lógicas estritamente identitárias
Pluriversidade • Estamos diante de uma terrível e global alternativa: a humanidade ou nada, a fraternidade universal ou a ruína universal. • Para os cristãos, hoje, não há nada mais oportuno e fascinante do que trabalhar pela unidade plural da humanidade. • A Igreja precisa migrar de um âmbito culturalmente ocidental-europeu para um âmbito planetário. • Também um caminho macroecumênico entre as religiões torna-se extremamente necessário para a sobrevivência da sociedade mundial.
Visão mecanicista • Na mentalidade científica moderna tudo é determinado por leis, medições, experimentos e provas empíricas. • Newton via o universo como uma gigantesca máquina. • Essa visão determinou o estudo e a reflexão sobre toda realidade humana. • Tanto Locke, como Freud, Marx e Darwin foram profundamente influenciados por uma visão mecanicista do mundo. • Para esta visão, tudo o que não é científico não tem valor.
Nova visão • Einstein descobriu que energia e matéria são duas formas da mesma coisa: a energia é matéria liberada, e a matéria é energia que aguarda de ser liberada. • Isso é incompatível com a concepção mecanicista que via a energia como uma atividade e a matéria como uma coisa. • Para a ciência hoje muitas coisas são incompreensíveis para a mente e a percepção humanas. • O universo não é mais o que era. Não é mais uma máquina, mas é um mistério.
Ciência e religião • Esse pensamento científico está revolucionan-do a relação entre ciência e religião. • A ciência reconhece seus limites. Contudo, também a experiência religiosa será revolucio-nada por essa nova mentalidade científica. • Por exemplo, existe um só mundo e um só universo. Não é mais possível pensar a Deus, aos espíritos, às almas como se pertencessem a outro mundo. • O universo é um todo interconectado. Nós seres humanos não temos o controle do universo.
Mudança de época A humanidade viveu a longo dos séculos num regime socio-econômico que poderiamos chamar de “rural”: a atividade humana nessa época era braçal e a tecnologia instrumental. Com a revolução industrial entre o século XVIII e XIX, as máquinas entram a tomar o lugar do trabalho manual. A sociedade teve que se reinventar. A revolução da informática a partir da segunda metade do século XX, levou a humanidade a passar de um sistema sócio-econômico industrial para um sistema pós-industrial. Agora a máquina entra a tomar o lugar não somente do trabalho manual, mas também e sempre mais do trabalho intelectual.
O Pós-humano No último século o desenvolvimento da tecnologia teve uma aceleração sem precedentes, mudando radicalmente a vida da humanidade em poucas décadas. Quando estrelas da televisão nos parecem mais familiares que os nossos vizinhos de casa, então algo mudou na natureza de nossas experiências cotidianas. O desempenho da tecnologia tornou-se tão importante ao ponto de entrever uma espécie de simbiose entre o homem e a máquina em todas os setores da existência: é o que é chamado de pós-humano.
Futuro da informação Máquinas substancialmente simples, como o computador, são capazer de processar um número exorbitante de informações a uma velocidade sempre maior. A medida de armazenamento de dados que há pouco tempo era de megabytes e gigabytes, hoje já é de terabytes para evoluir para petabytes, exabytes, zettabytes, yottabytes e googolbytes. Na área de transmissão de dados, o mundo já ingressou na era das redes capazes de transmitir terabits por segundo. Não precisare-mos mais fazer download das informações.
No mesmo barco • A humanidade do século XXI está numa nave que rompeu as ancoragens e está indo à deriva no mar. Os perigos são imprevisíveis. • Estamos nos dirigindo rumo ao naufrágio e à extinção? Alguns gostariam voltar à segurança do porto, mas não é mais possível. • Outros estão tão distraídos que não perceberam ainda a situação. • Outros ainda gostariam saltar no mar para voltar para casa nadando. Estamos, porém, já longe demais. Enfim: estamos todos no mesmo barco
Novas oportunidades • Contudo, esse navegar desgovernado oferece novas oportunidades sem precedentes para sair da escravidão do passado rumo à terra prometida da liberdade e da felicidade. • Os perigos e as ameaçam permanecem, mas a natureza não parece particularmente hostil. • A tempestade está a bordo da nave entre os passageiros porque cada um tenta seguir cegamente o próprio programa. • Nesse contexto somos convidados a reconsiderar o anúncio da Boa Nova de Jesus.