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Teoria do caos

Teoria do caos. Terei que ter a coragem de usar um coração desprotegido e de ir falando para o nada e para ninguém? Assim como uma criança pensa para o nada. E correr o risco de ser esmagada pelo acaso. Clarice Lispector, A paixão segundo G.H.

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  1. Teoria do caos Terei que ter a coragem de usar um coração desprotegido e de ir falando para o nada e para ninguém? Assim como uma criança pensa para o nada. E correr o risco de ser esmagada pelo acaso. Clarice Lispector, A paixão segundo G.H.

  2. Teoria do caos • Caos é uma palavra subjetiva. A ciência é uma tentativa de colocar ordem na natureza. • Além dela, temos os mitos que por meio dos ritos possibilitam que o caos se distancie e se mantenha a ordem. Daí surge a tradição como manutenção e conservação da ordem alcançada. • A tradição se apresenta como antagônica a mudança que é vista como caos. • Nesta perspectiva clássica da ciência, toda mudança produz insegurança e é vista como uma volta para o desconhecido, para as origens dos tempos, para o caótico. Assim, para Balandier, a tradição pode ser vista como o esquema constitutivo de uma sociedade. Sem tradição, a única coisa que se dá é a barbárie, não há regulação da vida, da mesma forma que não há ordem na natureza.

  3. Teoria do caos • Nesse sentido, primeiro a religião e mais tarde a filosofia foram as garantias de internalização da ordem, das formas de vida consideradas adequadas, dos preceitos morais necessários para a manutenção da ordem social pois fora da cidade não há civilização, pois não existia a moral – a política.

  4. Teoria do caos • Os problemas começam quando a ciência começa a se separar da tradição. A ciência nasce rompendo com discurso mítico. surge uma nova ordem que gera uma nova cultura e uma nova tradição: a modernidade. Esta tradição está ligada ao surgimento da ciência que era extremamente influenciada pela invenção do relógio. O relógio representou a ordem no universo. Para saber como funciona basta desmontá-lo e compreender como suas peças funcionam e tudo se revelaria com espantoso determinismo.

  5. Teoria do caos • No campo das Ciências Humanas, esse pensamento, foi a base da sociologia. Se alguém entendesse como funciona a sociedade, como as pessoas se relacionam entre si para formar uma comunidade, seria perfeitamente possível conhecer essa sociedade e prever o seu andamento. Exemplo do transito.

  6. Teoria do caos • Hoje, a teoria do caos faz reaparecer de novo as raízes desvanecidas e tanto tempo ocultas do mito; a natureza não está tão ordenada como o sistema da ciência havia previsto, por isso se recuperou de novo a origem dos tempos; voltou-se a descobrir o caos, a desordem.

  7. Teoria do caos • A primeira corrente a se preocupar com o caos foi a cibernética. Nobert Wiener chamaram caos de entropia (são sistemas que dissipam energia na construção de uma nova ordem) • Prigogine chama estruturas dissipativas para falar desse fenômeno antagônico de dissipação de uma ordem e estruturação de outras. • A teoria do caos e o efeito borboleta são usados para denominar fenômenos em que um pequeno fator provoca grandes transformações. Exemplo: os boatos nas bolsas de valores.

  8. Teoria do caos • Em termos filosóficos, a teoria do caos nos dá uma interessante perspectiva do que é o destino – daquilo que está determinado. • A ciência clássica, com seu determinismo, dizia que a gente podia prever o futuro mas não podia intervir nele, pois todos os acontecimentos já estavam previstos. Nada poderia acontecer que não tivesse já previsto.

  9. Teoria do caos • A teoria do caos propõe que o sistema é determinista, mas não sabemos como ele fará a seguir. Ou seja, há determinação até o ponto em que um efeito borboleta incida sobre o sistema. Assim, podemos dizer que o destino existe, mas nós o modificamos todas as vezes que fazemos determinadas escolhas que vão influenciar nossa vida.

  10. Teoria do caos • Visualmente seria como uma estrada com várias bifurcações. A cada bifurcação, a escolha daquele que caminha, muda o caminho e, portanto, o seu destino. • A mínima descontinuidade ou bifurcação (aparecimento de comportamentos turbulentos ou não periódicos) em seu processo aumenta a possibilidade do caos.

  11. Teoria do caos • Uma parte importante da teoria do caos é a chamada geometria fractal. enquanto a geometria clássica se preocupava com as formas perfeitas (círculos, quadrados, retas, cones), a geometria fractal vai se preocupar com as imperfeições das formas que encontramos na natureza, ou seja as suas irregularidades. • Os fractais quando ampliamos uma parte do desenho, ele se revela muito parecido com a imagem maior, mas com mais detalhes, mais informação. Outra característica é que a mudança de um único número ou ponto muda todo o desenho. É a dependência sensível das condições iniciais, também chamadas efeito borboleta.

  12. Teoria do caos • Como um fractal à medida que nos aprofundamos nos personagens de uma realidade percebemos uma maior complexidade. Para quem observa apenas superficialmente um grupo de meninos de rua são apenas “bandidos”. • A medida em que os conhecemos melhor, percebemos toda a complexidade que envolve cada um dos personagens, inclusive em termos de contradições.

  13. Teoria do caos • A teoria do caos estuda sistemas em interação, que transgridem o princípio do sentido linear. • As ações desses sistemas tendem a não ser preditivas e a medida em que são realimentadas aumentam as diferenças em relação a ordem.

  14. Teoria do caos • Estudar os sistemas em interação é compreender os processos, ou seja, como as coisas, as pessoas interatuam entre si e nós com elas. Ou seja, o caos é determinado pela evolução, pelas interações entre as pessoas e nunca pelos elementos, ou pelos indivíduos apenas. • É preciso entender que ordem e desordem estão em interação e que se o futuro de uma organização, de seu movimento nos é imprevisível, não é pela ausência da lei, mas sim, ao contrario, porque a própria lei cria o caos.

  15. Teoria do caos • A teoria do caos não é comprovável experimentalmente mas ainda que não seja experimental, o caótico é evidenciavel na realidade, pois o caos cria uma nova ordem, uma nova forma de conceber a relação entre pensamento e natureza, podendo ser esta relação comparada pela evidencia empírica em múltiplos fenômenos.

  16. Teoria do caos • Essa nova ordem nos é apresentada como inspiradora de uma nova gramática do mundo, ou seja, de uma nova linguagem capaz de explicar outra visão do mundo e, portanto, construir a nova narratividade científica que o mundo necessita para ser convenientemente explicado.

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