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PÉROLAS DE APARECIDA O Documento da V Conferência retrata a realidade da Igreja Católica no continente latino-americano e caribenho com suas tensões, desafios e realizações. Nele vamos encontrar tensões que perpassam a Igreja na América Latina e Caribe, devido às diferentes concepções de Igreja que aí estão presentes. Saído deste contexto conflitivo, o documento, embora com muitas lacunas, contém pérolas preciosas.
PÉROLAS DE APARECIDA Análise da realidade latino-americana e caribenha. • “Nossa pátria é grande, mas será realmente grande quando o for para todos, com maior justiça. Na verdade, é uma contradição dolorosa que o Continente com o maior número de católicos seja também o de maior iniqüidade social” (Ap. 527). • Esta afirmação está retoma Medellín, quando fala da violência institucionalizada e Puebla, quando fala do pecado social. Retoma também a crítica da Populorum Progressio,26, que fala de nefasto sistema.
PÉROLAS DE APARECIDA * Esta situação de iniqüidade social tem causas bem definidas: “Na globalização, a dinâmica do mercado absolutiza com facilidade a eficácia e a produtividade como valores reguladores de todas as relações humanas. Esse caráter peculiar faz da globalização um processo promotor de iniqüidades e injustiças múltiplas” (Ap 61).
PÉROLAS DE APARECIDA • O que está em jogo é a crítica ao sistema que exclui: “Já não se trata simplesmente do fenômeno da exploração e opressão, mas de algo novo: a exclusão social. Com ela a pertença à sociedade na qual se vive fica afetada na raiz, pois já não está abaixo, na periferia ou sem poder, mas está fora. Os excluídos não são somente “explorados”, mas “supérfluos” e “descartáveis” (Ap 65).
PÉROLAS DE APARECIDA “O Reino de Deus é como um comprador que procura pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens, e compra essa pérola” (Mt 13,45-46). À luz desta comparação, queremos apresentar algumas pérolas da Conferência de Aparecida.
PÉROLAS DE APARECIDA • A primeira e de fundamental importância é a leitura popular e orante da Bíblia. A Palavra de Deus é apresentada como fundamental para a caminhada do Povo de Deus. • A segunda pérola é a opção pelos pobres, retomando a caminhada de Medellín e Puebla e sendo confirmada como uma opção cristocêntrica, isto é, alicerçada na fé em Jesus Cristo. A opção pelos pobres é uma opção teocêntrica (Gustavo Gutiérrez) e, portanto, trinitária: É opção do Pai (cf. Êx 3,7-10; 20,2; Mt 11,25-26), do Filho, Jesus de Nazaré (Lc 4,16-21) e do Espírito Santo que envia Jesus para o meio dos pobres (Lc 4, 18-19) e é também a opção de Maria, a Mãe de Jesus (Lc 1,46-56). Nós somos convidados a fazer esta opção pelos pobres, com os pobres contra a injustiça e miséria.
SEGUIMENTO DE JESUS CRISTO E OPÇÃO PELOS POBRES • A opção pelos pobres continua sendo a pedra de toque da Igreja:“A opção pelos pobres é uma das características que marca a rosto da Igreja latino-americana e caribenha” (Aparecida,391). • É a partir dela que se definem os modelos de Igreja. A grande questão, após a V Conferência está relacionada com sua interpretação
SEGUIMENTO DE JESUS CRISTO E OPÇÃO PELOS POBRES • Há, no documento, duas direções: a primeira daqueles e daquelas que vêem os pobres e excluídos como objetos de misericórdia, comiseração, de atenção e de cuidado • A segunda daqueles e daquelas que vêem os pobres como novos sujeitos emergentes e que apontam para um novo modelo eclesial e um novo modelo de sociedade.
PÉROLAS DE APARECIDA 3. A terceira pérola é a reafirmação das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) como célula inicial de estruturação eclesial e foco de evangelização, sendo verdadeiras escolas que formam discípulos/as missionários/as do Senhor. 4. A quarta pérola é o reconhecimento dos povos indígenas e afro-americanos, convidando-nos a acolher seus valores, suas histórias e seus conhecimentos.
PÉROLAS DE APARECIDA 5. A quinta pérola é o diálogo ecumênico e inter-religioso a partir da compreensão de uma Igreja comunhão, buscando realizar o desejo do próprio Jesus: “Que todos sejam um” (Jo 17,21). 6. A sexta pérola é o reconhecimento do papel da mulher na Igreja e na sociedade a partir do mistério da Trindade que nos convida a viver uma comunidade de iguais e diferentes. A Síntese da CNBB fala do “acesso das mulheres ao ministério ordenado como uma dívida pendente”. O Documento também aponta a necessidade de se superar o machismo presente na sociedade latino-americana e caribenha.
PÉROLAS DE APARECIDA 7. A sétima pérola é a volta do método VER-JULGAR-AGIR, que nos ajuda a analisar a realidade e seus desafios, e com a luz da Palavra de Deus e dos valores da tradição da Igreja descobrir onde Deus nos está falando hoje e, ajudados com a força do Espírito e com a união dos irmãos e irmãs encontrar ações que nos ajudem a concretizar as mediações necessárias para que todos os povos tenham vida e vida em abundância como é o desejo expresso de Jesus (Jo 10,10).
PÉROLAS DE APARECIDA 8. A oitava pérola é o desafio da construção de um continente de justiça e de paz como tarefa principal da política. A Igreja não pode ficar fora da luta pela justiça: “A misericórdia sempre será necessária, mas não deve contribuir para criar círculos viciosos que sejam funcionais para um sistema econômico iníquo”(Ap. 385). * Na complexa relação entre justiça e caridade: “A ordem justa da sociedade e do Estado é tarefa principal da política” e não da Igreja. Mas a Igreja “não pode nem deve colocar-se à margem na luta pela justiça” (Ap 385).
PÉROLAS DE APARECIDA 9. A nova pérola é a busca da integração dos povos da América Latina e Caribe, para a formação da Pátria Grande, com um consenso que nos leve às mudanças estruturais necessárias para acabar com a desigualdade que fere a dignidade da pessoa humana. 10. A décima pérola é o cuidado com a natureza. A V Conferência de Aparecida retoma a importância das culturas dos povos originários no seu trato com a natureza e nos convida a sermos como São Francisco que soube louvar a nossa Irmã Mãe Terra.
PÉROLAS DE APARECIDA 11. A décima primeira pérola, sobretudo para os trabalhadores e trabalhadoras, é a retomada da afirmação de João Paulo II de que “o trabalho é a chave essencial de toda questão social” e é uma dimensão fundamental da existência do ser humano na terra.
PÉROLAS DE APARECIDA • A V Conferência de Aparecida tem a vida como o grande objetivo a ser defendido. E esta defesa da vida, em todas as suas dimensões, deve ser fruto do seguimento de Jesus de Nazaré, proclamado o Cristo, o Senhor por aqueles e aquelas que são suas discípulas/os missionárias/os. A opção pelos pobres e excluídos de nosso continente latino-americano e caribenho é a marca de nossa Igreja latino-americana e caribenha e tem o selo dos nossos mártires que, por amor aos irmãos e irmãs, deram seu sangue como Jesus o fez em favor da vida de todos.