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DICAS DE REDAÇÃO. DISSERTAÇÃO. Via de regra, as universidades, para a avaliação da Redação , consideram os seguintes critérios: 1. a abordagem adequada do tema e a tipologia textual como precondições para os demais critérios.
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DICAS DE REDAÇÃO DISSERTAÇÃO
Via de regra, as universidades, para a avaliação da Redação, consideram os seguintes critérios: 1. a abordagem adequada do tema e a tipologia textual como precondições para os demais critérios. • Explicitando: significa dizer que o candidato deverá abordar o tema proposto, buscando convencer o leitor do seu ponto de vista; discutirá o fato apresentado por meio de um texto opinativo/argumentativo. Sendo assim, deverá usar uma linguagem preferencialmente denotativa. • Dicas: utilize argumentos de valor universal, dados colhidos na realidade, citações de autoridades no assunto, exemplos breves. 2. a organização estrutural do texto. • Explicitando: tal item refere-se à estrutura do texto; o candidato deve organizá-lo em parágrafos, considerando o enunciado e os textos de apoio. • Dicas: a)levando-se em conta um texto de 30 (UNB) linhas, organize-o em, aproximadamente, quatro ou cinco parágrafos - introdução, desenvolvimento e conclusão. É desejável que a introdução e a conclusão sejam menores que os desenvolvimentos. b)analise a proposta (enunciado), identificando o assunto e apontando delimitações; c)crie o banco de ideias; d)redija a introdução e os parágrafos de desenvolvimento; e)redija a conclusão, retomando o tema, reforçando posicionamentos e, se possível, apresentando uma ideia nova;
f) tenha maior cuidado com a conclusão; ao iniciar seu texto, proponha-se um objetivo claro - mostrar que / provar que / alertar para / sugerir. Não utilize, ao concluir, clichês, apelos a entidades milagrosas, uma solução utópica. g)utilize adequadamente os textos de apoio - compreenda as ideias, apreenda apenas o essencial, faça inferências, perceba o que está implícito. h)aproveite os dados oferecidos apenas como pontos de partida para reflexões; não faça paráfrases; i)acrescente aos dados oferecidos sua contribuição; j)não repita o óbvio; fuja do lugar-comum. • 3. o conteúdo (coerência, coesão, criticidade, autonomia, riqueza e adequação vocabular). • Explicitando: esse item refere-se às qualidades básicas da redação. • Dicas: a)coerência - associe e correlacione as ideias entre os períodos e entre um parágrafo e outro; não se contradiga; b)coesão - use precisamente os nexos; correlacione corretamente os tempos verbais; apresente uma só ideia no período; c)criticidade - apresente aspectos e opiniões de modo pessoal, sem imitação de posicionamentos alheios; d) contextualize seus argumentos, embasando-os por meio de fatos veiculados pela mídia, de citações de autores diversos, de estabelecimento de relações com manifestações artísticas (cinema, música, ...), de seus conhecimentos escolares (outras disciplinas que não a própria redação), experiências pessoais (breves!) e)riqueza e adequação vocabular - use língua padrão; não empregue gírias, chavões, coloquialismos e estrangeirismos exagerados; evite a repetição de termos; seja claro; não fragmente períodos; varie os nexos e a pontuação usados.
Exemplos TERRÍVEIS! “coisa” / “fazer com que” / “a gente” / “ter um lugar ao sol” / “Desde os primórdios” / “Concluindo”, ao iniciar a conclusão... • 4. a consistência da argumentação (conteúdo relevante para a situação). Explicitando: tal item refere-se à pertinência e ao aprofundamento dos argumentos utilizados pelo candidato. • Dicas: a)fuja das abstrações e das imprecisões (“Certas pessoas acreditam que não há solução para determinados problemas brasileiros.”); b)não seja superficial e repetitivo (“O ser humano foi criado por Deus e é racional”.) • 5. o estabelecimento das relações relevantes, a serviço de um posicionamento. Explicitando: esse aspecto relaciona-se à unidade e à ênfase. • Dicas: a)fixe-se em uma ideia central no decorrer do texto; b)elimine pormenores desnecessários ou redundâncias; c)coloque a ideia-núcleo em destaque e reforce-a subsequentemente. 6. relações lógico-semânticas entre as frases e os parágrafos pelo uso de recursos linguísticos adequados (uso adequado de retomadas e conectores). Explicitando: nesse item, é previsto o bom uso dos nexos. • Dicas: a)não inicie períodos por “pois”, isso porque”, “sem contar que”, “sendo que”, “o (a) qual”, “mesmo porque”;
b)use o pronome “onde” apenas para referir-se à ideia de lugar. c)use os demonstrativos “esse (a) (s)” para retomar assuntos já referidos no texto; d)evite o uso excessivo de “mas”, “pois”,”então”, “daí”, “e”; varie. • 7. o domínio da escrita segundo a norma padrão (gramática da língua culta, sistema ortográfico e recursos de pontuação). • Explicitando: esse item refere-se à correção; consideram-se aqui os erros relativos à grafia, à acentuação, à pontuação, à crase, à regência, à concordância, etc. • Dicas: a)revise a ortografia ao passar a limpo; b)não se esqueça dos acentos das paroxítonas terminadas em ditongo crescente; c)isole, por meio de vírgulas, o adjunto adverbial deslocado e NUNCA separe o sujeito de seu verbo por meio de vírgulas; d)a dúvida quanto à crase pode ser eliminada substituindo-se o nome feminino por outro masculino correlato; caso surja “AO”, ocorrerá crase. e)atenção! - “lembrar-se” ou “esquecer-se” DE; “ansiar POR”; “assistir A”; “informar ALGO A ALGUÉM” ou “informar ALGUÉM SOBRE ALGO”; “chegar / ir A”; “influenciar ALGO ou ALGUÉM”; “tornar-se ALGO”... f)nunca se esqueça de que o verbo concorda sempre com o seu sujeito; g)os verbos HAVER (= existir ou indicando tempo) e FAZER (indicando tempo ou clima) são IMPESSOAIS, ou seja, são conjugados na 3ª pessoa no singular • 8. a apresentação gráfica do texto (distribuição gráfica do texto, limpeza...). • Explicitando: esse item refere-se à forma. • Dicas: a) não rasure; caso isso ocorra, passe um traço sobre a palavra errada e coloque-a entre parênteses, escrevendo-a corretamente após; b)obedeça às margens (à direita, à esquerda e à dos parágrafos). • 9. a legibilidade da grafia. O candidato que redige sua redação em letra de forma deve distinguir claramente as letras maiúsculas das minúsculas. • Dicas: não se trata de fazer uma letra “bonita”, mas de apresentá-la legível. Não “invente”, pois letra é código. A letra “i” tem “pingo”, não “bolinha”, por exemplo.
EXEMPLIFICANDO PROPOSTA UFRGS 2005 A redação deverá ser dissertativa e versar sobre o tema: A TRANSGRESSÃO faz parte das ações humanas, ou ela pode ser entendida como violação às normas? Obs.: Cada uma das redações transcritas a seguir corresponde à cópia fiel das respectivas formas originais e têm autorização expressa de seus autores. Transgressão A humanidade, desde a antiguidade, viola as normas. O mundo está acostumado a ultrapassar limites e a transgressão se intensifica cada vez mais. A maioria das pessoas, em algum momento de suas vidas, já atravessou ou simplesmente ignorou uma regra, ocasionando em conseqüências, muitas vezes, irremediáveis. Um exemplo de séria consequência é o modo como os motoristas imprudentes dirigem. Muitas vezes, ultrapassar o limite de velocidade permitido resulta em acidentes e mortes. A partir do momento em que o motorista violou uma regra (criada para o bom andamento da sociedade) ele passa a contribuir negativamente. Se perante a um conjunto de pessoas ele afeta o direito do próximo, a transgressão ocorrida passa a ser entendida como violação às normas. Cada cidadão tem deveres que deveriam ser respeitados e cumpridos. Quando esses são excedidos, ocorre um desequilíbrio no planejamento da sociedade, ou seja, a não cooperação individual se reflete no todo. O que infelizmente ocorre é a acomodação de alguns com a transgressão. Fazendo com que muitas pessoas se prejudiquem. Por fim, a transgressão, que pode ser entendida como violação de regras, está presente em nosso cotidiano. Sendo assim, algumas pessoas se prejudicam mais do que outras. Comentário • A redação teve como atribuição a nota 15 (sobre 30) e constitui-se em um bom exemplo de texto com identidade mediana. Apesar de não apresentar erros crassos de expressão, de ser organizada e de exibir boa estrutura de parágrafos, ela mostra “fraqueza de autonomia”. O investimento argumentativo neste quesito é de raciocínio lógico, mas apresenta “uma ideia conduzida a partir de referências comuns” (Manual do Avaliador, 2005).
Muito Além de George Orwell Insatisfeito com os rumos que o stalinismo estava dando à União Soviética, George Orwell, autor inglês, escreveu sua obra mais importante: o chocante “1984”. O livro nos descreve um mundo de sólidos regimes totalitários, pseudo-proletários e imensamente controladores, onde o simples ato de pensar se torna uma gravíssima transgressão. Retirando-se o elemento ficcional, não é de se admirar que hoje em dia, na esfera sistemática que habitamos dentro do capitalismo, o “revival” de Orwell e sua obra, bem como o assunto da transgressão estejam tão em voga. Evidentemente, contrariando as previsões “orwellianas”, caíram os últimos regimes ditatoriais expressivos do planeta, justamente na década em que previra ser o auge destes. Entretanto, o advento de uma nova forma de capitalismo — o global — está cada vez mais retirando dos indivíduos “livres” não só sua privacidade corno também sua vontade própria. Os que transgridem são punidos. Desta vez não pelo Estado, mas pelas pessoas que os cercam. Ora, transgredir é inerente ao Homo Sapiens. Todo o processo histórico deriva-se de pessoas ou grupos que ousaram contestar as normas vigentes de seu tempo. E natural discordar. Ser não fosse assim, por que motivo especial os revolucionários franceses — de 1789 e 1968— figurariam nos livros de história? Ampliando-se este raciocínio, consideramos que as tais “transgressões” situam-se também em nosso próprio mundinho familiar, onde é necessário aos mais novos oporem-se à autoridade patriarcal em certas ocasiões a fim de propiciar seu próprio crescimento como indivíduo. E com tudo isso que pode se afirmar sem dúvidas que transgredir é viver, é participar do eterno ciclo de mutação que permeia a vida em sociedade. E covardes são aqueles que temem este processo, impondo rígidas normas de etiqueta, comportamento e estilo, iludidos com a esperança de manterem-se sempre em destaque como modelos de existência individual e social. A espetacular inércia do capitalismo contemporâneo, onde os indivíduos acomodam-se morosamente sob uma cortina de conforto e tecnologia, traz a sensação de que não podemos mudar mais nada. Exatamente o mesmo que sentiam os personagens de 1984, cujo líder, o Grande Irmão, serve hoje de nome para um dos mais descabidos meios de diversão da sociedade tecnológica, o Reality Show. Tantas semelhanças com a obra de Orwell assustam. O combate à este processo deve partir do conjunto dos explorados, que através da ilustração e da denúncia defenderão o direito de livre pensar e consequentemente, transgredir, á que, por causa desta, somos os humanos que somos.
Comentário Nota: 27,9 • A exemplificação apresentada na redação revela singularidade e esforço pela autoria, uma vez que, para conceituar e elucidar o termo transgressão, o candidato parte da menção a uma obra intitulada 1984, de George Orwell, cuja temática está centrada no totalitarismo.