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A escola comum diante da deficiência mental IDENTIDADE E ESTIGMA NO CONTEXTO DA ESCOLA. Curso de Especialização AEE Eliana Pereira de Menezes. Educação Inclusiva, todos na escola.
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A escola comum diante da deficiência mental IDENTIDADE E ESTIGMA NO CONTEXTO DA ESCOLA Curso de Especialização AEE Eliana Pereira de Menezes
Educação Inclusiva, todos na escola • Compreensão da inclusão a partir do exercício constante sobre como a comunidade escolar lida cotidianamente com as pessoas com deficiência. • Que relações são estabelecidas nos espaços escolares? • O que pensamos sobre o aluno incluído? Quais as concepções de identidade sobre os alunos ditos em processo de inclusão que circulam nas escolas?
Identidade e Diferença - Pessoa com deficiência sempre lidou com a manipulação de sua identidade pela família, na escola, em espaços sociais. - Modelo clínico-médico de deficiência: plenamente superado? Segundo esse modelo, a pessoa deficiente é concebida como uma pessoa doente que precisa ser curada, tratada, reabilitada, habilitada, normalizada... a fim de se adequar à sociedade como ela é, sem maiores modificações.
Identidade • Nasce das relações e intercâmbios sociais, está intimamente ligada as regras sociais, controle social e relações de poder. • Permite a IDENTIFICAÇÃO ao mesmo tempo que a DIFERENCIAÇÃO Singularidade, possibilita saber quem somos Possibilita saber quem não somos
Vida em sociedade... • Exercício de endoculturação: processo permanente de aprendizagem de uma cultura que se inicia com assimilação de valores e experiências a partir do nascimento de um indivíduo e que se completa com a morte. • Implica normas, ordem, disciplina • Quebra dessas normas, implica em sanções • Sanções - põem em funcionamento mecanismos de controle para a garantia da reprodução econômica e cultural, manutenção da progresso • ESCOLA – lugar privilegiado para a construção de identidades, instituição de um tipo de homem para uma sociedade que se deseja desenvolver.
Vida em sociedade... • Em toda época existe um conjunto de regras que instituem as interações sociais cotidianas • ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE – conseqüência das interações que estabelecemos • IDENTIDADE - compreendida aqui de forma não-essencialista, mas sim múltipla e contingente. Lugar da construção das identidades
Não somos o que somos porque nascemos assim, porque temos essas características em nossa essência, mas sim porque fomos instituídos dessa forma. Compreender que somos o que somos porque fomos instituídos dessa forma, na relação que estabelecemos com esse outro, pode significar contestar tais relações na busca de outras possibilidades, para sermos de outros jeitos.
Identidade... • Combinação única de fatos que incorporados ao indivíduo acabam formando sua identidade. • Identidade Pressuposta Exemplo: Ao nascer o indivíduo do sexo masculino é representado como “filho” por determinada família antes que se dê conta disso. Esse indivíduo aprende o papel de “filho”, se vê e age como tal, mas somente em algumas ocasiões. No decorrer da vida, aprende outros papéis e tem a oportunidade de vivenciá-los, com aprovação ou não do meio social. No caso, não se trata somente de possuir os atributos que o tornam “filho” mas em manter os padrões de conduta e aparência que o grupo social associa a esse papel.
Identidade... • Não basta ser nominado “aluno”, “aluno especial”, “aluno incluído”, é preciso um conjunto de comportamentos que alinhem o sujeito ao que a escola valoriza e espera deles. • Idealização de papéis – cristalização da noção de identidade. Espera-se que as pessoas ajam de acordo com os predicados de sua identidade. Há padrões de conduta esperados para mulheres e homens, jovens e velhos, deficientes e não-deficientes, alunos e professores. Fugir a esses padrões – sócio-culturalmente determinados – significa a possibilidade de sofrer sanções.
Identidade... • Sanções – discriminação e exclusão social sob o discurso de visar o bem-estar do “desviante” • Criam-se as INSTITUIÇÕES DE CORREÇÃO – manicômios, hospitais, presídios, clínicas de internação, demais instituições. APAGAMENTO E/OU AMENIZAÇÃO DAS DIFERENÇAS
Identidade... • O ambiente social estabelece os meios de categorização e o total de atributos tidos como comuns e naturais para os membros de cada uma das categorias. Os ambientes sociais dão pistas sobre a identidade dos tipos de pessoas que nele encontramos. Assim, quando alguém nos é apresentado seus primeiros aspectos nos permitem prever sua categoria e os seus atributos permitem prever o que se denomina, genericamente, de Identidade Social. • A tendência à categorização de pessoas, em contatos sociais iniciais, pode facilitar as interações corriqueiras, mas a sua rigidez tende a ser fonte inesgotável de preconceitos e visões estereotipadas das pessoas.
A produção das identidades dos sujeitos com deficiências ... Diferentes, anormais, não aprendentes. • Quem é o aluno da inclusão? • O que se diz sobre esse sujeito? • Como ele vem sendo posicionada na escola inclusiva com relação a sua aprendizagem? “O Luiz é desinteressado, apático, concentração mínima. Acho que tem problema neurológico, ele só tem um assunto: cavalo.”
A produção das identidades dos sujeitos com deficiências... Diferentes, anormais, não aprendentes. “A criança mal nutrida, não agora, mas desde que a mãe estava grávida, essa criança nunca vai aprender nada. É o caso da Marina. Ela já é repetente e vai ser reprovada de novo. Tenho certeza que essa menina é mal nutrida desde a formação.” “O meu trabalho com esses alunos é muito difícil, pois são crianças que apresentam um comportamento diferente do normal. Brigam entre si, conversam demais, imitam animais, pássaros, pula por cima das carteiras, ... não parecendo gente e não demonstrando interesse pelas atividades propostas.”
“O Anderson é um aluno muito querido, educado, atencioso com os colegas, porém muito comunicativo, está sempre disposto a bater um papo com os colegas, tendo sempre um assunto para relatar. Nas primeiras semanas do ano demonstrava mais interesse e envolvimento pela aula, questionando, demonstrando mais interesse, porém nos últimos dias tem conversado mais do que o normal. Estudar, estudar e estudar ( a tabuada, ler textos informativos, historinhas,...), essa é a tarefa de casa, sempre!!! Necessita comprometer-se mais com o estudo, pois tem potencial e capacidade. Cuidado, seus conhecimentos estão muito limitados!!! Estude!”
“Precisa estudar as tabuadas do 6 e do 7, dominar o nome dos termos das quatro operações, fazendo relação em histórias matemáticas ( problemas). Em Língua Portuguesa necessita ler mais textos, interpretá-los com máxima tenção, melhorar a apresentação do traçado da letra, observando os traços da letra “a” e do “o”, pôr os pingos nos “iis” e “jotas”, cortar a letra “t”, enfim melhorar a caligrafia e escrita das palavras. Ser criativo quando realizar produções de textos, obedecendo a seqüência de uma história com início, meio e fim, o uso de letras maiúsculas, margem, parágrafo,.... Necessita entender que um texto se constitui de muitas frases numa seqüência lógica. Tem um atendimento especializado, na escola, durante a semana envolvendo-se com atividades que desenvolvem a atenção, o raciocínio e a lógica, porém o resultado está sendo lento. É um aluno capaz de evoluir mais, pois seu potencial é superior à sua disposição para o aprender. Faz-se necessário maior boa vontade e determinação.”
A produção das identidades dos sujeitos com deficiências... Diferentes, anormais, não-aprendentes. Falar sobre o outro, sobre sua vida Localizá-lo em determinados lugares Discurso inclusivo: não busca trazer para o centro das discussões grupos de indivíduos, tomando-os como peças de uma categoria essencial, homogênea – a deficiência.
A produção das identidades dos sujeitos com deficiências... Diferentes, anormais, não aprendentes. Diferentes/anormais/deficientes/que não aprendem e os normais; eles e a gente; os outros estranhos e nós. Definimos quem “eles” são, em que lugar estamos e onde “eles” devem ficar: aqui e lá, dentro e fora, no centro e à margem.
A produção das identidades dos sujeitos com deficiências... Diferentes, anormais, não aprendentes. Produzimos um ideal de escola que deve atender todos os alunos, mas acabamos olhando para os sujeitos da escola inclusiva como aqueles que por possuírem deficiência são “os diferentes”. Temos inventado esse sujeito tantas vezes de diferentes formas – excepcionais, deficientes, especiais, diferentes – e não paramos para pensar na condição de sujeito que ele possui para além dos comprometimentos, dos déficits, das altas habilidades.
A produção das identidades dos sujeitos com deficiências... Diferentes, anormais, não aprendentes. Essa é a realidade? Ou é a realidade que inventamos? Podemos inventar outras? Podemos pensar de outras formas? Encontrar outros olhares que me mostrem outros sujeitos? O exercício de pensar e olhar de outras formas para a escola, sem a intenção de produção de marcas que partam da condição de normalidade ou não, pode significar a invenção de outros sujeitos na escola inclusiva.
Encontrar outras possibilidades Narrar “outros” sujeitos Traçar “outros” caminhos... e não os apriori dados. Pensar a inclusão como possibilidade!
Pensar em inclusão como possibilidade pode significar pensar a própria relação que estabelecemos com o outro. Pode significar pensar sobre as verdades produzidas sobre os alunos nos diversos espaços de atendimento pedagógico – sala de recursos, sala de aula, escola especial, instituição especializada.
Pensar a educação daqueles produzidos como não-aprendentes não significa tratar de uma questão de permanência nos mesmos espaços ou em espaços diferentes, tampouco de uma questão de um saber especial ou de múltiplos saberes. Trata-se de nos questionarmos se os alunos em processo de inclusão podem ser percebidos para além das narrativas que os constituem como não-aprendentes.
Talvez, se pensarmos em outras práticas – práticas que não partam de uma percepção de diferença capturada em categorias: o deficiente mental, o surdo, o hiperativo, o sindrômico, etc. – possamos romper com a compreensão de que cada aluno carrega em si uma identidadeúnica, estável.