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Constipação Crônica Funcional. Henrique Yuji Watanabe Silva (R1 PED) Orientadora: Dra. Yanna Hospital Materno Infantil de Brasília/SES/DF www.paulomargotto.com.br Brasília, 11 de outubro de 2014. Conceito de constipa ção. Conceito : dificuldade ou frequência reduzida de evacuação.
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Constipação Crônica Funcional Henrique Yuji Watanabe Silva (R1 PED) Orientadora: Dra. Yanna Hospital Materno Infantil de Brasília/SES/DF www.paulomargotto.com.br Brasília, 11 de outubro de 2014
Conceito de constipação • Conceito: dificuldade ou frequência reduzida de evacuação. • Caracteristicamente: • Eliminação de fezes endurecidas (em cíbalos, seixos ou cilíndricas com rachaduras) • Dificuldade ou dor para evacuar • Eliminação de fezes calibrosas, que entopem o vaso sanitário • E/ou frequência de evacuações < 3x/semana *** *** exceto em recém-nascidos e lactentes em aleitamento natural exclusivo
FREQUÊNCIA NORMAL DOS MOVIMENTOS INTESTINAIS Modificado de Fontana M. Bianch C, Cataldo F, e col. Bowel frequency in healthy children. Acta paediatr Scand 1987; 78: 682-4.
Introdução • Alta prevalência na população pediátrica: 1 a 30% das crianças • Responsável por cerca de ¼ dos atendimentos em gastropedediatria, sendo uma das 3 maiores queixas nesses ambulatórios • Pico de prevalência: idade escolar • Sem variações importantes entre gêneros • Períodos em que pode ocorrer com maior frequência: • Fase de introdução de alimento sólidos e/ou de leite de vaca • Início de atividades escolares • Treinamento esfincteriano (toilet training)
Fisiologia • Ato de evacuar depende do funcionamento adequado e sincronizado da peristalse e dos esfíncteres interno (espessamento da musculatura lisa circular do intestino) e externo (musculatura estriada, com controle voluntário) • Reflexo retoanal: Ao chegar à ampola retal, o bolo fecal dilata o reto e estimula receptores que determinam o relaxamento esfincteriano interno • Controle voluntário pelo esfíncter anal externo
Fisiopatologia • Quando as fezes não são eliminadas, estas acumulam no reto. Quanto mais tempo permanecem no cólon, mais água é reabsorvida, o que torna as fezes mais endurecidas e calibrosas. • A eliminação dolorosa de fezes duras e grossas estimula o comportamento de retenção fecal e a inibição da defecação (contração voluntária do esfíncter anal externo e do assoalho pélvico). • Sem tratamento adequado, um ciclo vicioso pode se instalar.
Constipação crônicaFuncional Erros alimentares Alergia alimentar Anorexia Fissura Anal Aspectos emocionais Outras causas Evacuação dolorosa Fezes duras e calibrosas Medo de evacuar Retenção fecal
Constipação Funcional *** Não pode preencher critérios para Síndrome do intestino irritável Roma III 2006
Diagnóstico diferencial *** lembrar que as causas orgânicas são responsáveis por menos de 5% das constipações e que na maioria das vezes uma boa história e exame físico direcionam a etiologia
Tratamento • 3 etapas: • Desimpactação • Manutenção: formação de fezes macias para que as evacuações não sejam dolorosas • Treinamento: recondicionar o hábito intestinal e as evacuações
Desimpactação- tto via retal • Enema fosfatado (fosfato de sódio): • Dose: 1-18 anos: 2,5-6ml/kg • Máximo de 133-135ml • Tempo de uso: 2-3 dias (até 5 dias) • Efeitos colaterais: hipernatremia, hipocalemia, hipocalcemia e hiperfosfatemia • Não é recomendado em <2 anos, obstrução intestinal e insuficiência renal. • Solução glicerinada (glicerol) 12%: • Dose: 10ml/kg • Mínimo de 250ml/dia e máximo de 1000ml/dia • Risco de trauma mecânico do reto, dor abdominal, vômitos
Desimpactação- tto via oral • Óleo mineral: laxante emoliente • Dose: 15-30ml/ ano de idade até 240ml/dia. 20-50ml/vez • Risco de aspiração e pneumonia lipoídica. • Não é recomendada em <2 anos, neuropatas e DRGE. Teoricamente pode reduzir absorção de vitaminas lipofílicas. • Polietilenoglicol 3350: • Dose: 1- 1,5/kg/dia VO por 3-6 dias. • A dose diária deve ser dissolvida em aproximadamente 10ml/kg de água. (sucesso com 3 doses chega a 95%). • Tendência atual p/ tto • Efeito demorado comparado aos enemas • Pode aumentar distensão abdominal e pode aumentar o escape retal
Terapia de manutenção • Após a resolução da desimpactação, o foco do tratamento é a prevenção da recorrência. • A manutenção consiste em intervenções dietéticas, modificações do comportamento e laxativos a fim de assegurar que as evacuações ocorram em intervalos normais e sem desconforto.
Dieta • O desmame é um período em que o lactente pode mudar o padrão evacuatório em direção à constipação. • O aleitamento artificial aumenta em 4,5 vezes o risco de constipação, em relação ao aleitamento natural predominante (exclusivo ou leite materno, água e chá). • Deve-se encorajar ingesta de líquidos e de carboidratos absorvíveis e não absorvíveis. • Sorbitol (suco de maçã, pera e ameixa) aumenta a frequência e a quantidade de água nas fezes.
Dieta • Dieta balanceada, incluindo grãos integrais, frutas e vegetais (feijão, ervilha, lentilha, grão-de-bico, milho, pipoca, coco, verduras, aveia em flocos, frutas com casca e bagaço). • Pode-se utilizar farelos e cereais integrais para o preparo de massas, tortas, pães, bolos e farofas, na proporção de 1/3 das farinhas. • Fibras*: Idade +10 g/ dia • APLV pode levar a proctite e colite, com evacuações dolorosas e desencadeamento da constipação.
Dieta: probióticos e prebióticos • Probióticos: microorganismos vivos que atuam beneficamente no organismo, melhorando o equilíbrio da microbiota intestinal. • Prebióticos: substâncias que, quando ingeridas, não são digeridas e nem absorvidas no intestino delgado. Quando atingem o cólon, estimulam seletivamente uma bactéria ou um grupo delas que têm característica de probióticos. • Poucos estudos com probióticos e constipação. Campo promissor.
Modificações do comportamento • Ter um tempo pra ir ao banheiro sem pressa após as refeições principais (reflexo gastrocólico). • Permanecerem sentadas no vaso sanitário, com apoio fixo para os pés. • Diário da frequência das evacuações. • Sistema de recompensas (reforço positivo). • Psicoterapia. • Tratamento difícil, especialmente quando há soiling, requerendo uma família participativa e bem organizada, com paciência para encarar períodos de melhora e recaídas. • O acompanhamento deve ser frequente.
Medicações • Laxativos lubrificantes (óleo mineral), laxativos osmóticos (hidróxido de magnésio, lactulose, sorbitol, PEG) ou combinação. • Há relatos de uso a longo prazo de óleo mineral, hidróxido de magnésio, lactulose e sorbitol. • PEG 3350: superior aos outros laxativos osmóticos em palatabilidade e aceitação. • Laxativos estimulantes (senna, bisacodil, supositório de glicerina): podem ser usados intermitentemente por períodos curtos para evitar recorrência de impactação.
Referências • Tabbers M.M. et all. Evaluation and Treatment of Functional Constipation in Infants and Children: Evidence-Based Recommendations From ESPGHAN and NASPGHAN. JPGN Volume 58, Number 2, February 2014 • Sood M. R. et all. Constipation in children: Etiology and diagnosis. Uptodate Sep. 2014 • Ferry G. D. Prevention and treatment of acute constipation in infants and children. Uptodate Oct. 2014 • Ferry G. D. Treatment of chronic functional constipation and fecal incontinence in infants and children. Uptodate Oct. 2014 • Morais, MB, Maffei HVL, Tahan S. Constipação Intestinal. In: Carvalho E, Silva LR, Ferreira, CT.. Gastroenterologia e Nutrição em Pediatria. Barueri: Manole, 2012. p. 466-93.
Nota do Editor do site, Dr. Paulo R. Margotto.Consultem também! ENFEZADO! • Alguém sabe dizer a origem dessa palavra e o porquê do uso dela para descrever uma pessoa emburrada? Por coincidência, em francês tem a palavra correspondente "enmerdé", ao pé-da-letra significa, "en-merdado"!!!! • Irado, enrraivecido, bravo, muito nervoso.Literalmente quer dizer "cheio de fezes", situação que provoca enraivecimento e ira na pessoa quando esta acumula muitas fezes no organismo.
Análise de regressão logística multivariada mostrou: • -a aspiração gástrica foi associada significativamente com distúrbios na função intestinal na vida adulta (quase 3 vezes mais): OR:2,99 (95% IC: 1,32-6,79 • De acordo dados experimentais, as análises dos estudos sugerem que a irritação visceral resultante da sucção gástrica ao nascimento deve predispor ao desenvolvimento de desordens intestinais funcionais. Isso porque, a sucção gástrica causa estresse fisiológico e estímulos nocivos originados da orofaringe e do trato GI superior, logo após o nascimento.