640 likes | 917 Views
CASO CLÍNICO: Pneumonia neonatal. Apresentação: Marília Monteiro Coordenação: Márcia Pimentel Escola Superior de Ciências da Saúde/SES/DF www.paulomargotto.com.br Brasília, 7 de junho de 2014. CASO CLÍNICO. RN de VKS, sexo masculino Data de nascimento: 15/03/14 às 14:47h no HMIB
E N D
CASO CLÍNICO: Pneumonia neonatal • Apresentação: Marília Monteiro • Coordenação: Márcia Pimentel • Escola Superior de Ciências da Saúde/SES/DF • www.paulomargotto.com.br • Brasília, 7 de junho de 2014
CASO CLÍNICO • RN de VKS, sexo masculino • Data de nascimento: 15/03/14 às 14:47h no HMIB • Peso: 1770g • Estatura: 43cm • PC: 28.5cm – P10 - Curva Margotto • IG: 29s 5d (DUM) e 32s 6d – Capurro – AIG - Curva Margotto
HISTÓRIA GESTACIONAL: • Mãe, 31 anos, G4 P2 C2 A1 (última cesárea há 5 anos), Ts não consta, 4 consultas Pré-Natal, sorologias 1º trimestre negativas. • ROPREMA em 01.03.14 • Fez uso de corticóide antenatal (Betametasona 02 e 03/03) e antibioticoprofilaxia: Ampicilina (início 01.03)/ Amoxicilina (inicio 04.03) e Azitromicina (início 03.03). • Cultura para Streptococos B- colhido em 12/03/14 (sem resultado em prontuário)
RN nascido de parto cesárea por ROPREMA-14 dias (01/03/14) + Corioamnionite. Líquido amniótico fétido, Apgar 7/8, chorou fraco ao nascer, mantido sob CPAP nasal. • Evoluiu com gemência e dispnéia, sendo transferido à UTIN.
EXAME FÍSICO AO NASCIMENTO: REG, reativo, hidratado, cianose de extremidades, anictérico, dispneia leve/moderada, gemente. Fontanela anterior: 1 polpa digital. • Restante do exame normal • Diagnóstico: RNPT, AIG, Síndrome do desconforto respiratório
CONDUTA: • iniciado hidratação venosa com aminoácidos • mantido sob CPAP nasal (FIO2 30%) • realizado cateterismo umbilical • solicitado tipagem sanguínea, TORCHs e hemocultura • gasometria venosa: pH: 7.2, PaO2: 63, PaCO2: 33, Bic: 14, BE: -13.
4 horas de vida: • RN encontrava-se sob CPAP nasal, necessitando ser aumentada FIO2 até 66%. Evoluiu com sinais de falência respiratória com gemência e cianose importante com queda da saturação. Má perfusão central e periférica difusa (tempo de enchimento capilar de 6 segundos), extremidades frias. • Foi prontamente intubado + Fentanil • Iniciado VM com altos parâmetros (FiO2 100%, Pi: 20, PEEP: 8, Tins: 0.35, FR: 60) - mantinha saturação 25-48%.
Realizado 1 dose de surfactante (Survanta) 100mg/kg com melhora da oximetria (satO2 95%). Próxima dose: conforme evolução, após 6hs. • Realizada expansão volêmica SF 0,9% 20ml/kg. • Iniciado antibiótico (ampicilina e gentamicina). • RX com hipotransparência pulmonar difusa + broncogramas.
7 horas de vida: • RN dispnéico, expandindo pouco o tórax, com creptos à D e perfusão ruim. • VM: FiO2: 100%; PI: 27,5x7,5; FR: 60; sat: 67% • Feito expansão com Cristalóide • Gasometria: pH: 7,19; PaCO2: 56; PaO2: 41; Bic: 18; BE: -6; Sat: 83,7%; Hb: 14.
12 horas de vida: • Colhido hemograma: • Ht: 41,3%; Hb: 14,9; leuco: 10.400 • 58% segmentados; 14% bastões; 2% eosinófilos; 0% basófilos; 6% monócitos; 20% linfócitos • Eritroblastos: 8/100 leucócitos • Plaquetas: 207 mil • Feito punção lombar: normal • Realizado 2ª dose do Surfactante
18 horas de vida: • RN com FiO2 80%; PI: 26x6; FR: 43; sat: 100%; FC: 130 bpm. • PAM: 36 mmHg • Diurese: 3,1 ml/kg/h • Dx: 71 mg/dl. • Gasometria: pH: 7,22; PaCo2: 40;´PaO2: 115; Bic: 16; BE: -10,2; Sat: 99,9%.
Conduta: • Reduzir FiO2 • Iniciar desmame da VM • Iniciar NUTRIÇÃO PARENTERA TOTAL(NPT)
26 horas de vida: • RN ictérico, 2+/4+ até zona II. Iniciado fototerapia. • 2º dia de vida: • FiO2: 40%; PI: 19x6; FR: 30 • Pressão arterial média: 51 • FC: 125-139 bpm • Diurese: 2,9 ml/kg/h • Glicemia capilar: 72 mg/dl
Continuou-se o desmame da VM • Iniciado dieta por sonda (LHB) • 3º dia de vida: • RN estável, ainda no ventilador: • FiO2: 35% ; PI: 15x6; FR: 35. • Hemodinamicamente estável; boa diurese; digerindo bem a dieta.
4º dia de vida: • hemograma: Hb: 12,7; Ht: 35%; leuco: 14.100 • 62% neutrófilos, 0% bastões; 4% eosinófilos; 6% monócitos; 28% linfócitos • Plaquetas: 235 mil • Bilirrubina Total: 7,8; BD: 0,8; BI: 6,9.
Cultura de líquor: negativa. • CMV: IgG+ IgM - ; D. Chagas: NR; Toxo: IgG + e IgM -. • Hemocultura: negativa • 5º dia de vida: • RN com 1570g, ainda no ventilador, NPT e com dieta em progressão.
6º dia de vida: • Diminuído dose do Fentanil • Programação de extubação • 7º dia de vida às 22hs: • Colocado em VNI com FiO2 30%; sat: 96% • Raio-x: pulmões normoinsuflados, sem atelectasias ou escape de ar.
8º dia de vida: • CPAP nasal FiO2 30% • 9º dia de vida: • Hood FiO2 40%. • Ecografia transfontanela: hiperecogenicidade periventricular. • Discutido com infectologista e decidido manter antibiótico por 10 dias • Suspenso fototerapia
10º dia de vida: • Retirado Hood. Evolução estável. • 12º dia de vida: • Encaminhado à UCIN do Hospital do Paranoá, em ar ambiente, para dar continuidade ao tratamento.
Diante desse quadro, qual a sua principal hipótese diagnóstica? • Qual a sua conduta diante de um RN PT, com desconforto respiratório logo após o nascimento? • Qual a indicação para o uso do Surfactante? • Você pediria algum exame complementar? • Qual a indicação para o uso do ATB? • Qual o principal diagnóstico diferencial?
PNEUMONIA NEONATAL • é uma infecção do trato respiratório inferior causada por bactérias, vírus, fungos, dentre outros. Pode ser: **Adquirida antes do nascimento: • via transplacentária, secundária à infecção sistêmica materna • via ascentente (o Streptococcus do Grupo B –GBS- está presente no trato gênito-urinário de 15-25% das gestantes)
- aspiração de líquido amniótico infectado (corioamnionite) **Adquirida durante o nascimento (intraparto) - microrganismos q colonizam o canal de parto **Adquirida após o nascimento (ambiente hospitalar ou domiciliar)
Epidemiologia • Incidência de 1,8/1000 nascimentos vivos. • O GBS é o agente mais importante, cuja mortalidade está entre 20-50%.
FATORES DE RISCO: MATERNOS: • Corioamnionite • Rotura prematura de membranas >18hs • Mães com bacteriúria pelo GBS/Infecção do trato urinário • Febre materna • TORCH • RN previamente infectado
DO RN: • Prematuridade • Sexo masculino • Asfixia • AMBIENTAIS: • Mãos; superlotação • Procedimentos invasivos
DIAGNÓSTICO • EVOLUÇÃO CLÍNICA: • Desconforto respiratório, precoce ou não, com evolução arrastada • Sinais e sintomas comuns a outros quadros pulmonares e extrapulmonares: batimento de asas, gemido, cianose
Evolução rápida com hipotensão, necessitando de agentes vasoativos, presença de acidose metabólica, resposta ruim ao surfactante e não melhora no CPAP – é o que sugere o diagnóstico de pneumonia • Sinais indicativos de sepse: intolerância alimentar, letargia, hipotonia, hipo ou hipertermia, distensão abdominal, choro fraco, má perfusão capilar, apnéias, choque
ACHADOS RADIOLÓGICOS • Rx: áreas esparsas opalescentes, difusas em ambos campos pulmonares, com broncogramas aéreos bilaterais(semelhante a doença da membrana hialina-DMH).
OUTROS EXAMES • Hemograma: se normal não exclui infecção • Valorizar leucopenia (abaixo de 5000/mm³) e neutropenia total e relação I/T (imaturos/total de neutrófilos) alterada • Proteína C Reativa (aumenta 24-48h após o início de sepse) • Gasometria: acidose metabólica persistente
Critérios de gravidade na infecção precoce pelo GBS Peso<1500g Efusão pleural ao RX inicial 5pontos Total de neutrófilos <1500/mm³ Apnéia Hipotensão – 3 pontos Acidose – 1 ponto > 10: mortalidade 93% < 10: sobrevivência 93%
DMH X PNM • RN muito prematuros • Recebeu surfactante e ainda precisa de drogas vasoativas • Não melhorou com uma dose de surfactante, precisou de 2a ou 3a dose • História confusa • DMH que não digere dieta, que não consegue sair da VM
Tratamento • Suporte ventilatório e hemodinâmico (VM/drogas vasoativas) • Surfactante (difícil distinção com DMH) • Antibioticoterapia (Ampicilina x Gentamicina) – retirar no 4º dia de vida se PCR-, hemocultura -, hemograma normal, sem instabilidade hemodinâmica. Diretrizes brasileiras em pneumonia adquirida na comunidade em pediatria - 2007
Profilaxia Intraparto • Contra estreptococo do grupo B para mães: **gestação anterior com história de RN com infecção pelo Estreptococo do grupo B (sepse neonatal precoce) **bacteriúria com Estreptococo do grupo B em qualquer trimestre da gestação **swab vaginal-retal positivo para Estreptococo do grupo B na gestação atual **Colonização desconhecida quando mãe entra em trabalho de parto com <= 37s ou tenham ruptura de membranas amnióticas >=18h ou apresentam febre >=38ºC • Penicilina cristalina 5 milhões de unidades dose inicial; 2,5-3 milhões a cada 4 hs até o parto.
DOENÇA DA MEMBRANA HIALINA • Síndrome do desconforto respiratório do RN • Deficiência quantitativa e qualitativa do surfactante alveolar é a principal causa • Fatores de risco: * RN prematuros com menos de 28 semanas * Sexo masculino * Filhos de mãe diabética (maturação pulmonar retardada) * Asfixia perinatal
Prematuridade Fatores maternos e fetais Corticóide Deficiência de surfactante alveolar da tensão superficias na interface ar-líquido das forças de retração elástica Colapso alveolar da complacência pulmonar – pulmão rígido • V/Q Efeito shunt trabalho resp PaO2 PaCO2 MH Vasoconstrição pulmonar
Evolução Clínica • Início de desconforto respiratório logo após o nascimento ou nas primeiras 3 horas de vida • Intensificam-se nas primeiras 24 horas • Pico por volta de 48 horas • Melhora gradativa após 72 horas de vida • Sintomas: Gemido expiratório, batimento de asas do nariz, taquipnéia, retração da caixa torácica e cianose
Achados Radiológicos • Hipoaeração pulmonar decorrente de microatelactasias • Padrão retículo-granular difuso, bilateral, com broncogramasaéreos superpostos (“vidro moído”) • Até opacidade total dos pulmões
Tratamento • Surfactante precoce – INSURE (INTUBAÇÃO – SURFACTANTE – EXTUBAÇÃO): • Surfactante nas primeiras 2h de vida; e a seguir o RN é colocado em CPAP nasal para evitar o colabamento alveolar. • Indicação da ventilação mecânica: SatO2<90 ou paO2<80 em FiO2>45%
TAQUIPNÉIA TRANSITÓRIA DO RN • Retardo na absorção do líquido pulmonar após o nascimento • Fator de risco: * Cesariana eletiva sem trabalho de parto
Evolução Clínica • Início precoce de taquipnéia e em algumas vezes de dispnéia intensa já na sala de parto, que melhora com pouco O2. • Evolução benigna, com resolução do quadro habitualmente em dois a três dias.
Achados Radiológicos • Congestão para-hilar simétrica • Espessamento das cisurasinterlobulares • Hiperinsuflação • Ocasionalmente discreta cardiomegalia ou derrame pleural • Obs: hemograma normal