Luiza Zitzke Oliveira - PUIC. Elisa Helena Siegel Moecke - orientadora.

1. Criação e manutenção de um banco de cultivo de microalgas isoladas da região da grande Florianópolis. Área de conhecimento: Engenharia Ambiental. Luiza Zitzke Oliveira - PUIC. Elisa Helena Siegel Moecke - orientadora. Paulo Sérgio Salomon - co-orientação. Curso: Engenharia Ambiental; Grande Florianópolis - Ponte do Imaruim. Introdução Microalgas são um componente essencial dos ecossistemas aquáticos. Elas exercem, nesses ambientes, o mesmo papel das plantas em ambientes terrestres, ou seja, são os produtores primários. Por sua importância na cadeia trófica, microalgas são usadas em testes toxicológicos e como indicadores de poluição aquática. Testes toxicológicos são uma importante ferramenta usada para monitoramento e para a avaliação da qualidade ambiental. As cianobactérias são organismos microscópicos, podem produzir toxinas nocivas a peixes e também causar graves doenças em humanos, como ocorre com a Cylindrospermopsis. Florações de algas tóxicas causam perdas econômicas para turismo e impacto para saúde humana e, por isso, pesquisas que tentam entender a ecologia dessas microalgas tornaram-se fundamentais para que se possa um dia prever a formação de florações e encontrar medidas para mitigar esse problema. Objetivos Implantar, no Laboratório de Engenharia Ambiental (LEA) da UNISUL, um banco de cultivo de microalgas isoladas de ambientes de água doce localizados na região da Grande Florianópolis para servir de fonte de material biológico a ser utilizado em testes de toxicidade e em outras atividades de pesquisa. Metodologia As atividades deste projeto consistiram da coleta de amostras no ambiente para obtenção de material biológico e posterior crescimento de microalgas em laboratório. O local de amostragem utilizado foi a Lagoa do Peri (Figura 01), localizada na Ilha de Santa Catarina, e utilizada para abastecimento público de milhares de habitantes. Figura 01 – Local de amostragem na Lagoa do Peri, Florianópolis, SC. Fonte: foto da autora. Essa lagoa apresenta elevada concentração da cianobactéria Cylindrospermopsis raciborskii, produtora de toxinas como cylindrospermospina e saxitoxina, ambas neurotoxinas que afetam seres humanos que consomem água contaminada. As coletas foram realizadas utilizando garrafas de 500 mL, previamente higienizadas. Para o crescimento da cianobactéria Cylindrospermopsis raciborskii, o meio usado foi o BG11, mantido em incubadora com temperatura, luminosidade e aeração controladas (Figura 02). Para extração da clorofila a utilizou-se o método apresentado por Golterman et. al., 1978 apud Tavares, 1994. Figura 02 – Esquema utilizado com temperatura, luminosidade e aeração controladas. Em (A) foto com a iluminação desligada e em (B) foto com a iluminação ligada. Fonte: fotos da autora. Resultados Utilizando o meio de cultivo BG11 conseguiu-se implantar no Laboratório de Engenharia Ambiental da UNISUL um banco de cultivo da cianobactéria Cylindrospermopsis raciborskii isoladas da Lagoa do Peri, localizada em Florianópolis, Santa Catarina (Figura 03). Figura 03 – Fotomicrografia da cianobactéria do gênero Cylindrospermopsis com aumento de 200x(A) e 400x (B). Fonte: fotos da autora. Os procedimentos desenvolvidos neste trabalho estão disponibilizados no LEA da UNISUL para serem utilizados no cultivo de microalgas. Um banco de cultivo de microalgas serve como fonte de alimento para Daphnia magna, as quais são usadas em testes toxicológicos, garantindo assim vários critérios de qualidade desse teste. A Cylindrospermopsis raciborskii será usada em testes ecotoxicológicos para verificar a sensibilidade da Daphnia magna frente as neurotoxinas produzidas por esta microalga. Este teste poderá ser aplicado nas aulas práticas de toxicologia e em outras atividades de pesquisa de acadêmicos do curso de Engenharia Ambiental da UNISUL (projetos de iniciação científica, trabalhos de conclusão de curso, etc.). Durante o cultivo das microalgas foram verificadas as concentrações de clorofila a. Em concentrações elevadas de clorofila a (231,48 μg/L) verificou-se o decaimento no crescimento da Cylindrospermopsis raciborskii. Em concentrações de 47,19 μg/L as microalgas estavam em perfeito desenvolvimento. Portanto, para manutenção do banco de cultivo é necessário observar a concentração de clorofila a, realizando as repicagens antes do período de decaimento do crescimento das microalgas. Conclusões Através deste projeto foi possível a criação de um banco de cultivo da cianobactéria Cylindrospermopsis raciborskii isoladas da Lagoa do Peri, Florianópolis, Santa Catarina. O fato das microalgas terem sido isoladas da região aumenta a relevância ecológica dos testes toxicológicos. A concentração de clorofila a é um fator limitante no crescimento da cianobactéria Cylindrospermopsis raciborskii. A metodologia desenvolvida neste trabalho permite o cultivo das cianobactérias em laboratório, disponibilizando assim estes microorganismos para o uso em testes ecotoxicológicos e nas demais atividades acadêmicas da UNISUL. Bibliografia ANDERSON, D.M. Turning back the harmful red tide. Nature, 1997. pp. 513-514. ANDERSEN, R. Phytoplankton culturing techniques. 1a Edição. Londres: Academic Press, 2005. 596 p. AZEVEDO, F.A. & CHASIN, A.A.M. As bases toxicológicas da toxicologia. 1a Edição. São Paulo: RIMA 2003. 340 p. BRASIL. Ministério da Saúde: Fundação Nacional da Saúde. Cianobactérias tóxicas na água para consumo humano na saúde pública e processos de remoção em água para consumo humano. Brasília: 2003. CHU S.P. 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Cylindrospermopsis raciborskii (Woloszynska) Seenayya & Subba Raju (Cyanobacteria): variação semanal e relações com fatores ambientais em um reservatório eutrófico, São Paulo, SP, Brasil. Rev. bras. Bot., Mar. 2003, vol.26, no.1, p.97-112. Apoio Financeiro: Unisul A B B A