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Caso Clínico. Augusta Morgado Ribeiro – 4º ano Preceptor: Marcelo Pavan Paiva . Enfermaria de Clínica Médica Feminina . Identificação.
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Caso Clínico Augusta Morgado Ribeiro – 4º ano Preceptor: Marcelo Pavan Paiva
Identificação IEB, sexo feminino, parda, 19 anos, DN:14/01/1989, natural e procedente de São Paulo, solteira, Ensino Médio incompleto, atualmente não estuda nem trabalha, não segue nenhuma religião.
Queixa e Duração Dor a deglutição desde 05/02/2008.
HPMA Paciente esteve previamente internada na enfermaria da DIPA, entre 25/01/08 e 05/02/08, com o diagnóstico de pneumocistose. Ao fim da internação refere ter notado o surgimento de múltiplas lesões, de característica vesiculosa, em lábios e mucosa jugal. Após ter recebido alta, notou o aumento do número de lesões, que agora localizavam-se na língua, inclusive.
HPMA Junto com o aumento das lesões passou a sentir intensa odinofagia, que impossibilitava o consumo de alimentos sólidos ou líquidos, piorava ao tossir e não apresentava fatores de melhora. O quadro veio acompanhado por dor retroesternal, contínua, de intensidade 8/10, sem fatores de melhora ou piora. No quarto dia após a alta hospitalar teve um episódio de febre não aferida. Procurou, então o PS do HSP, em 09/02/08. Foi internada em 10/02, fazendo, desde então, picos febris diários, atingindo temperatura máxima de 39° C.
ISDA Geral: Episódios de febrediários, desde dia 09/02, em picos, atingindo temperaturas máximas de 39°C. Nega vômitos, náusea e emagrecimento. Pele e Fâneros: Presença de manchas escurecidas nos membros superiores, que não doem ou coçam. Refere alopecia. Nega alterações em pêlos e unhas.
ISDA Cabeça e Pescoço: Nega dores ou cefaléia. Nega alterações em olhos, orelhas, nariz e orofaringe. Refere lesões em cavidade oral, em ângulo da boca, mucosa jugal e língua. Respiratório: Refere tosse produtiva , freqüente e diária, com presença de secreção mucóide e hialina, desde sua última internação. Refere episódios de dispnéia aos grandes esforços, datando do mesmo período. Nega dores e hemoptise.
ISDA Cardiovascular: Nega palpitações, síncope, edema, astenia. Gastrintestinal: Refere odinofagia, dor retroestenalconstante, de intensidade 8/10, independente de deglutição. Nega pirose, náuseas, vômitos, dispepsia. HI: evacuação uma vez ao dia, fezes de consistência pastosa, sem alterações em coloração e odor, ausência de sangue ou muco.
ISDA Genitourinário: Leucorréia de moderada quantidade, odor fétido, de características independentes do ciclo menstrual. Refere alguns episódios de disúria e polaciúria. Nega poliúria ou presença de urina espumosa. HU: 3-4 vezes ao dia, límpida, sem alterações no odor, ausência de sangue. Hemolinfopoiéico: Nega sangramentos e adenomegalias.
ISDA Neurológico: Nega cefaléia, perda de memória, alterações motoras, de sensibilidade ou do nível de consciência. Osteoarticular: Nega artralgias e presença de sinais flogísticos articulares.
Antecedentes Pessoais • Paciente HIV+, descoberto aos 14 anos, durante exames de pré-natal. Nunca fez uso regular de terapia anti-retroviral. • Nega DM, HAS e Dislipidemia. • Nega doenças típicas da infância (catapora e rubéola). • Nega antecedentes epidemiológicos positivos para D. de Chagas e esquistossomose. Nega viagens recentes para fora do estado.
Antecedentes Pessoais • Foi submetida a outras duas internações: • Aos 16 anos, pelo surgimento de lesões vesiculosas em dorso, sobre a qual não soube fornecer mais informações. • Entre 25/01/08 e 05/02/08, na enfermaria da DIPA, com diagnóstico de Pneumocistose. • Fez uma cirurgia (cesariana), nega transfusões. • Não sabe referir alergias.
Antecedentes Pessoais • Antecedentes Menstruais, Ginecológicos e Obstétricos: - Menarca: 12a, coitarca: 12a - DUM: início de janeiro/2008. Não sabendo precisar data. - Ciclos regulares de 28 dias, 5 dias de duração e intensidade moderada. Nega dismenorréia e outras alterações. -2G 1P 1ª. Gestação aos 14 anos, parto cesárea. Um aborto induzido pelo uso de chá abortivo (sic). - MAC: condon - nº de parceiros: 110 - Refere candidíase vaginal e vaginose bacteriana durante gestação. Infecção por HPV, com NIVA 2 (13/06/2003).
Antecedentes Familiares • Refere avó materna com HAS, tia com LES e irmã com vitiligo. • Nega casos de DM e dislipidemia • Mãe falecida aos 50a, por tuberculose • Não sabe informar nata sobre antecedentes paternos.
Hábitos • Etilismo social • Ex-tabagista, 3,5 anos/maço, tendo interrompido há um mês. • Refere ter feito uso regular de maconha, durante 3 anos consecutivos, usando 10-15 cigarros por dia. • Fez uso de cocaína, via aspirativa, no início da gestação.
Exame Físico REG, consciente, LOTE, eutrófica, fácies atípica, atitude ativa, sem decúbito preferencial ao leito. Hipocorada +/4+, hidratada, febril, acianótica, anictérica, eupnéica. Presença de linfonodomegalia palpável em cadeia submandibular, de 1,5cm de diâmetro, fibroelástico, indolor a palpação, não aderido a planos profundos. Pulsos palpáveis e simétricos em MMSS e MMII, (aferidos em A. radial, A. poplítea, A. dorsal do pé). Ausência de edema em MMII e circulação colateral.
Exame Físico Sinais vitais: - PA: 100x60 mmHG - FC: 100 bpm - FR: 20 ipm - T: 38°C
Exame Físico Pele e fâneros: Presença de manchas hipercrômicas em face flexora de MMSS, lesões descamativas em região perioral. Cabeça e pescoço: Crânio: sem deformidades Face: discreto edema de face Olhos: sem alterações Nariz e cavidades para-nasais: sem alterações Orelha e pavilhão auricular: sem alterações Boca: presença de uma lesão ulcerada em palato, fundo sujo Tireóide: Ausência de abaulamentos ou retrações à inspeção, tamanho normal sem nodulações à palpação.
Exame Físico • Respiratório: Expansibilidade e elasticidade preservadas. FTV+ e simétrico. Som claro pulmonar. MV+, sem RA. Ausência de pectorilóquia fônica ou áfona. • Cardiovascular: Ictuscordis palpável em 5º EIC, em linha hemiclavicular, medindo duas polpas digitais. Ausência de frêmitos palpáveis. BRNF, 2T, com sopro telessistólico, panfocal, 2+/4+, suave, sem irradiações.
Exame Físico • Abdome: Plano, sem abaulamentos ou retrações, com presença de víbices nacaradas. RHA+, normoativos e difusos. Som timpânico à percussão. Indolor à palpação superficial e profunda. Espaço de Traube livre. Sem visceromegalias. • Neurológico: Vigil, orientada no tempo e espaço. Força muscular Grau V em MMSS e MMII. Reflexos tendíneos presentes e simétricos. Sem alterações ao exame de pares cranianos e provas cerebelares. Ausência de rigidez nucal.
Exames complementares HEMOGRAMA
Exames complementares GASOMETRIA ARTERIAL
Exames complementares URINA 1, UROCULTURA, HEMOCULTURA
Urina1, Urocultura, Hemocultura • Urina1 • Uroculturas e hemoculturas: negativas (em 10/02, 11/02 e 12/02)
Exames complementares OUTROS EXAMES
Outros exames • Antigenemia para CMV: positiva • Sorologia para Toxoplasmose: IgG e IgM negativas • Sorologias para HBV e HCV: negativas • PPF: negativo • Células CD4/mm3: 9
Outros exames • Endoscopia digestiva alta: Esôfago com erosões lineares, confluentes, recobertas por fibrina, ocupando toda a circunferência do órgão. Sem sinais de hiato ou varizes. Conclusão: Esofagite erosiva intensa. • Biópsia de lesões esofágicas: Esofagite ulcerada com crosta fibrino-leucocitária. Inclusões intranucleares virais em células endoteliais capilares. • Tomografia de Abdome: Discreta hepatoesplenomegalia homogênea, linfonodomegalia periaórtica discreta, inespecífica. Nódulos esplênicos compatíveis com processo inflamatório/infeccioso, não podendo excluir linfoma.
Hipóteses • SIDA (CD4 = 9) • Antigenemia positiva para CMV: • CMV disseminado • Hepatite por CMV • MAC • Esofagite erosiva por CMV
Infecções Oportunistas na SIDA Manifestações do Sistema Digestório: • Candidíase do tubo digestivo Acometimento orofaríngeo é comum, já candidíase esofágica está associada a estado de imunosupressão mais intensos. Além da disfagia, a candidíase esofágica pode causar febre elevada.
Infecções Oportunistas na SIDA Doença esofágica - Disfagia e odinofagia são as queixas mais freqüentes, febre pode fazer parte do quadro, principalmente se relacionada a Candidasp e CMV. - Endoscopia digestiva é a abordagem diagnóstica mais objetiva, permitindo biópsia. Esofagite por CMV: encontro de alterações citopáticas no tecido biopsiado permite diagnóstico e autoriza tratamento específico. Ex: Ganciclovir Ulcerações idiopáticas: ausência de quaisquer achados na biópsia que indiquem achado infeccioso. Esofagite por Herpes-simples: ulcerações geralmente indistinguíveis das causadas por CMV
Infecções Oportunistas na SIDA Doença esofágica
Infecções Oportunistas na SIDA Citomegalovírus - Manifestações mais comuns: retinite, afecções do tubo digestivo (especialmente esofagite e colite) e do SNC (encefalite, mielite e radiculite), pneumonite e afecções de glândula supra-renal. - Diagnóstico: exame de fundo de olho, endoscopia digestiva alta - Tratamento: Ganciclovir
Infecções Oportunistas na SIDA Complexo Mycobacteriumavium-intracellulare (MAC) - Acomete indivíduos com imunodeficiência avançada e contagem de linfócitos T CD4+ < 50 ou 100 cel/mm3. - Geralmente se apresenta como infecção disseminada, cuja manifestação mais indicativa é febre elevada, em platôs. - Astenia e sintomas consuntivos estão presentes em quadros prolongados. - Pode haver manifestação localizada em linfonodos e pulmões. - Tratamento: Etambutol + Claritromicina (ou Azitromicina)
BIBLIOGRAFIA: - Guia de Medicina Ambulatorial e Hospitalar Unifesp / Escola Paulista de Medicina – Infectologia, 1ª Edição, ed. Manole