FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM - DENF NÚCLEO DE SAÚDE

1. FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIADEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM - DENFNÚCLEO DE SAÚDE BULLYING: COMPORTAMENTO AGRESSIVO ENTRE ESTUDANTES EM UMA CAPITAL DA REGIÃO AMAZÔNICA TCC: Implicações das Manifestações de Violência/Bullying nas Relações Sociais e Clima Escolar, Segundo os Professores e Colaboradores. Orientandas: Renata B. de Oliveira Restier e Taís Regina de Oliveira Orientadora: Dra. Maria Inês Ferreira de Miranda Porto Velho – RO 2013

2. INTRODUÇÃO • Autores reconhecem as manifestações de violência, que se apresentam na escola como agressões graves, indisciplina e falta de civismo; • O fenômeno bullying compreende todas as atitudes agressivas, intencionais e repetitivas que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s) estudantes, causando dor, angústia, e executada dentro de uma relação desigual de poder (Lopes Neto e Saavedra, 2003).

3. INTRODUÇÃO • Para Ortega (2001) a violência escolar prejudica o relacionamento entre os membros, a qualidade do ensino, o desempenho dos estudantes e o interesse deles pelos estudos. • Miranda (2011) identificou, em estudo realizado na cidade de Porto Velho, dados significativos de manifestações de bullying. • A pergunta que levou a este estudo foi: como os professores estão percebendo e encaminhando os conflitos de bullyingentre alunos?

4. OBJETIVOS • Geral: • - Analisar as percepções dos atores sociais sobre as diversas situações debullyingocorridas no interior de escolas públicas e privadas da cidade de Porto Velho, Rondônia, Brasil.

5. OBJETIVOS • Específicos: • Identificar a presença de manifestações de bullying entre adolescentes, dentro das instituições de ensino da cidade de Porto Velho, a partir das percepções dos professores e colaboradores; • Compreender como o bullying se manifesta a partir das percepções dos professores e colaboradores.

6. METODOLOGIA • Tipo de estudo: qualitativo descritivo, baseado na teoria das Representações Sociais, que busca apreender nas falas dos atores sociais o significado do fenômeno estudado (Minayo, 1994); • Local de estudo: 2 Escolaspertencentes aamostra do trabalho de SANTOS (2012); • Sujeitos: Professores e colaboradores de duas escolas da cidade de Porto Velho – total de 19 participantes.

7. METODOLOGIA • Instrumento de coleta de dados: • Roteiro de observação participante (apêndice II) • “(...) deve focar os objetivos da investigação, a fim de fundamentar o planejamento de estratégias para o melhor desenvolvimento das ações no âmbito estudado.” (SOUZA; KANTORSKI, 2011 apud QUEIROZ et al., 2007). • Entrevistas semiestruturadas com perguntas acerca das manifestações de bullying - previamente agendadas e gravadas e, posteriormente transcritas. (apêndice I)

8. METODOLOGIA • Instrumento de coleta de dados: • Técnica de coleta de dados: • “Na observação participante, o observador coloca-se na posição dos observados, devendo inserir-se no grupo a ser estudado como se fosse um deles, pois assim tem mais condições de compreender os hábitos, atitudes, interesses, relações pessoais e características do funcionamento daquele grupo.” • (BARDIN, 1997)

9. METODOLOGIA • Análise Utilizada: • Procedimento fundamental na pesquisa – análise qualitativa – preocupa-se menos com a generalização e mais com o aprofundamento na compreensão do problema (MINAYO, 1996); • Análise de conteúdo(BARDIN, 1977); • Modalidade Análise Temática - se fundamenta no tema, o qual pode ser representado graficamente, por meio da palavra, de frase e ou resumo.

10. METODOLOGIA • Análise Utilizada: • A análise dos dados neste estudo foi organizada de modo a contemplar as três fases cronológicas de organização da análise de conteúdo propostas por Bardin (1977); • Desdobra-se na préanálise, na exploração do material e no tratamento dos resultados, buscando a inferência e a interpretação.

11. METODOLOGIA • Na pré-análise: organização do trabalho, leitura flutuante de todas as entrevistas transcritas – primeiro contato; • Exploração do material: Classificamos os textos, ordenamos os materiais de acordo com os objetivos que pretendíamos analisar. Foram destacadas nas falas dos sujeitos as palavras e expressões mais frequentes; • Tratamento dos resultados: Os dados foram confrontados com o referencial teórico para compreender e avaliar todas as informações, de forma a agrupar os depoimentos e organizá-los de acordo com o que a pesquisa propôs.

12. METODOLOGIA • Questões éticas: o projeto que deu origem a esta pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Rondônia obtendo parecer favorável ao seu desenvolvimento FR: 038/2009/CEP/NUSAU e CAAE 0012.0.047.000-09. • TCLEs: assinadospelosparticipantes da pesquisa (conformeResolução 196/96).

13. RESULTADOS FINAIS • Caracterização das Escolas: • A escola X está situada na zona Leste da cidade; • A escola Y está situada na zona Oeste da cidade; • Oferecem ensino fundamental e médio; • Estrutura (laboratórios, ar-condicionado, Datashow); • Perfil da clientela da escola; • ProjetoPolíticoPedagógico (PPP);

14. RESULTADOS FINAIS • Observação em campo: • Divisão de grupos, falta de atenção nas turmas. • A postura do professor em sala de aula deve acompanhar a realidade do aluno, sendo dever do docente procurar a melhor forma de adequar o conteúdo curricular à linguagem que os alunos estão acostumados (CUORE, 2009). • No pátio: chutes, empurrões e há também alunos isolados.

15. RESULTADOS FINAIS • Atores sociais da pesquisa: • 19 entrevistas com representantes de diversas categorias nas escolas selecionadas na cidade de Porto Velho; • O tempo de serviço nas escolas varia de 1 a 10 anos. • Formação variada entre alguns cursos, como Pedagogia, História, Letras, Física, Biologia e há também os que possuem apenas formação técnica.

16. RESULTADOS FINAIS • 3 Núcleos Temáticos: • Primeiro Núcleo Temático: Espaço Escolar e Problemas. • Subtema: Indisciplina Escolar • Subtema: Gestão Escolar • Segundo Núcleo Temático: Presença e Conceito do Bullying no Espaço Escolar. • Terceiro Núcleo Temático: Dimensão dos efeitos do Bullying sobre o Clima Escolar:

17. RESULTADOS FINAIS • Espaço Escolar e Problemas, com dois subtemas: Indisciplina Escolar e Gestão Escolar: • Magalhães (2012) diz que muitas escolas públicas do país ainda padecem com a falta de recursos pecuniários que permitam a compra de materiais didáticos, o que compromete o processo ensino aprendizagem. • Em pesquisa realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF em 2002 os entrevistados demonstraram insatisfação em relação ao espaço físico que dispõem nas escolas.

18. RESULTADOS FINAIS • Espaço Escolar e Problemas, • “Eu acho que é a estrutura física e a falta de funcionários, inspetores, falta de pessoas no corredor para controlar os alunos” (Sujeito 01). • “Temos problemas de alunos delinquentes (...) nós temos problemas de alunos desistentes, nós temos problemas de alunos que não gostam de fazer tarefa.” (Sujeito 02)

19. RESULTADOS FINAIS • Espaço Escolar e Problemas: • Indisciplina Escolar • “A família não coloca limites para a criança: saber o que é bom e mau... Hoje isto não existe e o aluno fica perdido sem esses valores que vêm da família” (Professor 02). • Estudos como o de Carvalho (2001) , Alexandre e Campos (2006) e Penna (2008) mostram que é comum a professores atribuiu à família e os problemas como a ausência dos pais e também a questão da desestrutura familiar a responsabilidade pela indisciplina na escola.

20. RESULTADOS FINAIS • Espaço Escolar e Problemas: • Indisciplina Escolar • “Eu vejo de um modo geral o principal problema é a indisciplina dos alunos, eles já vem de casa sem limites e também muito inquietos. Então você quer colocar limites mas fica muito difícil. E quais são os fatores: a ausência dos pais em casa e a questão do acesso não controlado da internet.” (Sujeito 03). • “A falta de educação desses alunos, são mal disciplinados.” (Sujeito 04).

21. RESULTADOS FINAIS • Espaço Escolar e Problemas: • Gestão Escolar • “Nós temos problemas que a gente precisa resolver a respeito de recursos humanos, falta de professor, licença de professores, substituições, questões de alunos que volta e meia, a gente precisa parar e refletir sobre questões de aprendizagem, ensino, como qualquer outro centro educacional” (Sujeito 05). • “Olha às vezes a gente encontra problema no suporte técnico, principalmente na questão do material áudio visual” (Sujeito 06).

22. RESULTADOS FINAIS • O segundo núcleo temático – Presença e Conceito do Bullying no Espaço Escolar. • “No meu ponto de vista eu acho que bullying é tudo aquilo que provoca no outro uma sensação de tristeza, de impossibilidade de defesa, de constrangimento, de humilhação” (Sujeito 07).

23. RESULTADOS FINAIS • O segundo núcleo temático – Presença e Conceito do Bullying no Espaço Escolar. • “É um tipo de racismo” (Sujeito 09). • “Bullying para mim é um preconceito que as pessoas criam (...)” (Sujeito 10).

24. RESULTADOS FINAIS • O segundo núcleo temático – Presença e Conceito do Bullying no Espaço Escolar. • Eu entendo que bullying na minha época já se fazia muito(...) Porque hoje em dia você não pode nem olhar para a cara de um menino e dizer tu é bonito né, porque já é bullying”(Sujeito 12). • O bullying é caracterizado pela intencionalidade e ininterrupção dos atos agressivos contra uma mesma vítima, sem causas aparentes, resultando em danos e sofrimentos (FANTE, 2005).  

25. RESULTADOS FINAIS • O segundo núcleo temático – Presença e Conceito do Bullying no Espaço Escolar. • Entrevistados apontam: agressão psicológica como xingamento, constrangimento, perseguição, humilhação e ofensas. • “(...) é perseguir essa pessoa, xingar, ofender, acredito que seja isso” (Sujeito 13) . • “Tenho por bullying como situações constrangedoras (...)” (Sujeito 14).

26. RESULTADOS FINAIS • O segundo núcleo temático – Presença e Conceito do Bullying no Espaço Escolar. • No estudo realizado em escolas por Esteves (2012) também foram obtidas respostas semelhantes aos resultados encontrados. • Fante (2005) também já havia constatado a pouca conscientização sobre o fenômeno bullyingnos meios educacionais, evidenciando o despreparo para lidar com a violência.

27. RESULTADOS FINAIS • Terceiro Núcleo Temático: Dimensão dos efeitos do Bullying sobre o Clima Escolar: • O Segundo Estudo Regional Comparativo e Explicativo (SERCE) coordenado pela UNESCO pesquisou a influência do clima escolar. • Consequências do bullying: desinteresse pela escola, déficit de aprendizagem, evasão escolar, absentismo, queda de rendimento (...) ocorrem a baixa na resistência imunológica e na autoestima, o stress, os sintomas psicossomáticos, transtornos psicológicos e o suicídio (LOPES NETO, 2005; OLWEUS, 2009).

28. RESULTADOS FINAIS • Terceiro Núcleo Temático: Dimensão dos efeitos do Bullying sobre o Clima Escolar: • “Num primeiro momento atinge diretamente o envolvido, porque o aluno perde o estímulo de vir para a escola, desinteresse, não quer mais fazer tarefa, não quer estudar (...) alega uma série de dificuldades para chegar até a escola, então isso é um comportamento que atinge primeiro o aluno, a escola é prejudicada no caso em que não toma providências, porque nesse caso ela é conivente com a situação.” (Sujeito 17).

29. RESULTADOS FINAIS • Terceiro Núcleo Temático: Dimensão dos efeitos do Bullying sobre o Clima Escolar: • “Afeta muitas coisas tem muitas pessoas que ficam tristes né, a pessoa não quer estudar não quer mais ir para o colégio, fica pelos cantos, não quer mais brincar, afeta demais (Sujeito 10). • É possível perceber nas falas que há um entendimento por parte de alguns dos entrevistados, para as consequências negativas que esse tipo de violência pode acarretar.

30. RESULTADOS FINAIS • Terceiro Núcleo Temático: Dimensão dos efeitos do Bullying sobre o Clima Escolar: • Ouvimos também relato de • “... no dia-a-dia escolar isso é normal”, “Eu acho assim que se não for uma coisa que vai te ofender, ferir tua imagem, eu acho que é passivo de brincadeira de chacota (...)” ou “então, assim diretamente não, agora pro lado da brincadeira acontece muito com o professor (...)

31. RESULTADOS FINAIS • Terceiro Núcleo Temático: Dimensão dos efeitos do Bullying sobre o Clima Escolar: • Autores como Miranda e Mauriz (2012) preocupam-se com intervenções efetivas contra o bullying, no ambiente escolar; • Fante (2005) apresenta estratégias de intervenção e prevenção, como: refletir sobre os valores humanos como ética, cidadania e moral; valorizar o diálogo, respeito e as relações de cooperação; criação de um serviço de denúncia de bullying; criação de um estatuto contra o fenômeno e encontros com a família.

32. CONSIDERAÇÕES FINAIS • Apreendemos que o bullying está presente nas escolas do município de Porto Velho. • Foi percebido que a não adequada estrutura física e também a carência de recursos humanos contribuem para o aumento das manifestações debullying; • A presença do bullying afeta individualmente (tristeza, faltas) e coletivamente (desinteresse);

33. CONSIDERAÇÕES FINAIS • Depreendemos a normalização, pelos atores sociais, das atitudes consideradas intimidadoras; • Percebemos que a presença do bullying afeta o clima da escola e interfere na aprendizagem; • Apesar de percebido seu significado, sua presença, consequências e a prática do bullyingnão são prevenidas e suas consequências não são tratadas.

34. REFERÊNCIAS CUORE, R. E. O processo de atenção em sala de aula. [Online]. 2009. Disponível em: http://www.artigonal.com/educacao-artigos/o-processo-de-atencao-em-sala-de-aula-945042.html. Acesso em: 04/03/2012. FERREIRA, V.; ROWER F. M.; OLIVEIRA L.A. Percepção do professor sobre o fenômeno bullying no ambiente escolar. [Online] 2010. Disponível em: http://editora.unoesc.edu.br/index.php/achs/article/viewFile/138/pdf_15. Acesso em 04/03/2012. FERRIANI, M. G. C. A criança e o adolescente alvos de atos violentos ou vítimas portenciais da violência. Ribeirão Preto: EERP/USP, 2002. Projeto Temático/FAPESP. MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 4. ed. São Paulo: HUCITEC-ABRASCO, 1996. MINAYO, M.C.S. & SOUZA, E.R. Violência e saúde como um campo interdisciplinar e de ação coletiva. História, Ciência e Saúde 1998; 4: 513-531. SPOSITO, M. P. Um breve balanço da pesquisa sobre violência escolar no Brasil. Rev. Faculdade de Educação da USP – Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 27, n. 1, p. 87-103, 2001.

35. APÊNDICE I

36. FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR OBSERVATÓRIO DE VIOLÊNCIA - OBSVI INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS DA PESQUISA (Professores, supervisores, diretores, vice-diretores, coordenadores) 1) Identificação: a. Há quanto tempo Trabalha na escola__________________________ 2) Quais as principais qualidades desta escola? 3) Quais os principais problemas dessa escola? 4) Existem casos de intimidação, xingamentos, perseguições pela internet ou mesmo pessoalmente na escola? Já ocorreram com você? 5) Você já ouviu falar de bullying - O que você entende por bullying. 6) Você já foi vítima de bullying ou sabe de alguém que praticou e ou foi vítima. E você já praticou? 7) Você acha que a prática de bullying entre os pares (adultos ou crianças) afeta o clima da escola?

37. APÊNDICE II

38. FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR OBSERVATÓRIO DE VIOLÊNCIA - OBSVI INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS DA PESQUISA – ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO Observações gerais: Bairro da escola Rua Trânsito Proximidades da escola (tipo de vizinhança) Presença de muros ou cercas Presença de segurança na portaria Estado das salas de aulas Existência de laboratórios e se houver, o estado deste. Ginásio Biblioteca Salas de leitura Pátio, corredor. Banheiros

39. m) Cantina e/ou refeitório • Sala de professores • Secretaria • Outras dependências • Observação comportamental • Como é o relacionamento dos alunos com professores em sala de aula. • Como é o relacionamento entre os alunos em sala. • Como é o relacionamento entre os alunos no pátio. • Relacionamento dos alunos com demais funcionários. • Observações finais • Qual o perfil da clientela da escola • Foi criada a partir de algum projeto ou desejo da comunidade? • Existe algum projeto pedagógico que é conhecido por todos? • Realização de reuniões.