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Abordagem do fumante. Marcelo Fouad Rabahi Prof. Adjunto da Faculdade de Medicina – UFG Doutor em Pneumologia - UFRJ. Por que abordar ?. Doença crônica curável (tentativas) F17.2 78% dos fumantes manifestaram desejo de parar de fumar.
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Abordagem do fumante Marcelo Fouad Rabahi Prof. Adjunto da Faculdade de Medicina – UFG Doutor em Pneumologia - UFRJ
Por que abordar ? • Doença crônica curável (tentativas) F17.2 • 78% dos fumantes manifestaram desejo de parar de fumar. • 50% com a expectativa de não estarem fumando em um intervalo de 1 ano. • 2-3% conseguem ficar sem fumar por pelo menos 1 ano. Métodos de cessação devem receber atenção e acolhimento necessários pelos médicos • Meirellles RHS, Gonçalves CMC. Abordagem cognitivo-comportamental. Diretrizes para cessação do tabagismo. J Bras Pneumol 2004;30(s2):30-35 • Aveyard P, West R. Managing smoking cessation. BMJ 2007;335:37-41
Mais motivos para abordar • A cada ano a partir dos 40, que a suspensão é prorrogada, a expectativa de vida é reduzida em 3 meses Doll R et al. Mortality in relation to smoking:50 years’ observations on male British doctors. BMJ2004;328:1519.
Antes de abordar • É um processo, mais que um evento, e envolve mudança de comportamento • Entender os três aspectos da dependência • Dependência física • Dependência psicológica • condicionamentos • Identificar preditores de sucesso ou não • Identificar o momento do fumante • Suporte profissional para aqueles que querem parar
Como abordar ? • Abordagem breve • Abordagem básica • Abordagem específica∕intensiva • Abordagem dos fumantes que tiveram lapso ou recaída • Abordagem do fumante que não deseja parar • Abordagem do não fumante
Qual o motivo do fumante ? • Alívio do stress e desejo • Dependência da nicotina • genética • Desprazeres da síndrome de abstinência
A vontade de parar pode variar de momento a momento, dependendo: • Preocupação com a saúde • Apelo familiar e social • Aversão ao cigarro • Expectativa de sucesso • Conflitos entre parar e o desejo de continuar: • Gatilhos associados • “Fome” de fumar • Identidade(prazer, sentimentos,interação social) • Sintomas desconfortáveis com a abstinência adaptado de Aveyard P, West R. Managing smoking cessation. BMJ 2007;335:37-41
Conflitos entre parar e o desejo de continuar: • Gatilhos associados • “Fome” de fumar • Identidade(prazer, sentimentos,interação social) • Sintomas desconfortáveis com a abstinência • A vontade de parar pode variar de momento a momento, dependendo: • Preocupação com a saúde • Apelo familiar e social • Aversão ao cigarro • Expectativa de sucesso adaptado de Aveyard P, West R. Managing smoking cessation. BMJ 2007;335:37-41
Necessidades X Desejos • Descartar a idéia de abandonar o tabagismo • Ter a intenção de parar no futuro • Ter a intenção de parar com uma data marcada • Decidir para imediatamente Oferecer tratamento pode mudar essa balança. Pequenas atitudes podem ter grandes efeitos. Aveyard P, West R. Managing smoking cessation. BMJ 2007;335:37-41
Momento da abordagem • Tabagismo: causa mais importante de doença evitável • Fumantes (50-70%) vão ao médico/ano • Médicos são confiáveis e persuasivos • Visita clínica é um excelente momento, inclusive durante internaçao hospitalar • Intervenção tem excelente custo-benefício Diretrizes para cessação do tabagismo. J Bras Pneumol 2004
Estágios de mudança do comportamento do fumante Pré-contemplação Informação pública fatores individuais aceitabilidade adptado de Smoking behavior change, Prochaska e DiClement,1991 genética fumantes na família campanhas na mídia tornar-se um bom exemplo orientações sobre os risco conceitos sobre dependência Imagens negativas acompanhamento Sucesso a curto prazo Contemplação manutenção doença aguda genética custo telefone normas sociais stress pressão social Restrições ambientais vício tentativas de parar restrições ao tabagismo ação orientações médicas Sucesso a longo prazo
Abordagem básica – P.A.A.P.A. • Pergunte • Avalie • Aconselhe • Prepare • Acompanhe INCA 2001 Diretrizes para cessação do tabagismo – SBPT 2004
PAAPA • Perguntar: • Você fuma? Há quanto tempo? • Avaliar: • Quantos cigarros por dia? Já parou de fumar? Teve sintomas de abstinência? Qual o motivo da recaída? O que acha de tentar de novo? Tem vontade de parar? • Aconselhar: • Reiterar os benéficos ao parar de fumar. Comprometer-se com o tratamento, motivar e incentivar os resistentes, motivar a mudar de idéia sobre continuar fumando.
PAAPA • Preparar: • Questionar se o paciente pode marcar uma data para parar de fumar, prescrever suporte farmacológico sempre que indicado. • Acompanhar • O seguimento deve ser por 1 ano. O intervalo entre as consultas deve ser semanal nas primeiras 4 semanas, quinzenal, mensal, trimestral até completar um ano. A duração mínima das consultas deve ser de 15 minutos.
Acompanhe o paciente • Programe o contato de acompanhamento, preferencialmente dentro da primeira semana após a data do abandono • O acompanhamento pode ocorrer pessoalmente ou via telefone • Ações de acompanhamento • Parabenize o sucesso • Reveja as circunstâncias de recaída – evoque a renovação do compromisso com a abstinência • Identifique e antecipe os desafios • Avalie o uso de farmacoterapia • Considere a indicação de tratamento mais intensivo Fiore MC et al. US Department of Health and Human Services. Public Health Service. June 2000.
Critérios para utilização de medicação para tratamento do tabagismo • Fumantes pesados - 20 cigarros ou mais por dia. • Fumantes que fumam o primeiro cigarro em até 30 minutos após acordar. • Fumantes com escore de Fagerström igual ou superior a 5. • Tentativas anteriores fracassadas. Diretrizes para cessação do tabagismo – SBPT 2004
Caso Clinico 1 • Homem, 49 anos, médico • Sedentário • Tabagista desde os 18 anos, inicialmente 20 cigarros por dia e atualmente 30 cigarros. • Assintomático • Veio a consulta pois a esposa (que não é medica) quer que ele use a medicação nova, vareniclina. Qual a melhor abordagem ?
Qual a melhor opção • Fazer a receita da medicação solicitada. • Pedir para ele voltar em outro momento, pois ainda não esta pronto para receber a medicação. • Convencê-lo a abandonar o tabagismo sem usar qualquer medicação. • Já iniciar a abordagem cognitiva e prepará-lo para usar a medicação. • Encaminhá-lo a um programa de abandono do tabagismo.
Meta-análise : Suporte vs. Abordagem breve • OR=1,56 (1,32-1,84) – suporte individual • OR=2,04 (1,60-2,60) – suporte em grupo • Seguimento com apoio por telefone • Meta-análise com 10 estudos • OR=1,64 (1,41-1,92) – suporte individual Já iniciar a abordagem cognitiva e prepará-lo para usar a medicação.
Caso Clínico 2 • Masculino, 56 anos • Em consulta no Posto de Saúde, com quadro clínico de DPOC, no momento estável em uso de formoterol 2x ao dia. • Tabagista 20 cigarros por dia há 30 anos. • Já tentou abandonar o tabagismo antes, mas não consegue Qual a melhor abordagem ?
PLATINO Os dados de PLATINO mostram: Conselho médico para deixar de fumar ao longo da vida em pacientes com DPOC. 55,3% dos indivíduos com diagnóstico de DPOCtinham recebido conselho médico para deixar de fumar. Nascimento AO e cols. COPD is underdiagnosed and undertreated in Sao Paulo (Brazil) results of the PLATINO study. Braz J Med Biol Res. 2007 Jul;40(7):887-95.
Aveyard P, West R. Managing smoking cessation. BMJ 2007;335:37-41
Caso Clínico 3 • Homem 55 anos, • Admitido em caráter de urgência com quadro de dispnéia , tosse produtiva com secreção amarelada e confusão mental. DPOC descompensado por infecção bacteriana • Iniciado as medidas para o controle do quadro clínico Qual a abordagem em relação ao tabagismo?
Abordagem em pacientes hospitalizados • Os fumantes hospitalizados são mais suscetíveis as medidas antitabágicas • São aconselhados a parar, independente da fase de motivação em que se encontram • Difícil diferenciação de sintomas de abstinência dos causados pela própria internação Diretrizes para cessação do tabagismo – SBPT 2004
Revisão sistematizada – 33 estudos • Seguida de suporte ambulatorial por no mínimo 1 mês, a taxa de cessação do tabagismo. OR: 1.65 (1.44-1.90) • Abordagem breve sem suporte ambulatorial, não aumentou a taxa de abandono do tabagismo. OR: 1.16, (0.80-1.67) • A associação de tratamento com reposição de nicotina ou bupropiona, também são efetivas (OR 1.47, 0.92-2.35 e OR 1.56, 0.79-3.06) Interventions for smoking cessation in hospitalised patients. Rigotti N, Munafo M, Stead L. Cochrane Database Syst Rev.2007
Conclusões • O Tabagismo é uma doença. • As complicações podem ser evitadas principalmente quando o vicio é interrompido antes dos 40 anos, depois são perdidos 3 meses por ano na expectativa de vida. • Apoio cognitivo-comportamental é eficaz no tratamento, devendo fazer parte de todo atendimento médico frente ao paciente fumante. • Recaídas podem existir, sendo necessários novos tratamentos.