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INVESTIGAÇÃO EM EDUCAÇÃO. A ENTREVISTA. “ Os questionários e as entrevistas são processos para adquirir dados acerca das pessoas, sobretudo interrogando-as e não observando-as, ou recolhendo amostras do seu comportament o”. Bento, Novembro de 2011. ENTREVISTA.
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INVESTIGAÇÃO EM EDUCAÇÃO A ENTREVISTA “Os questionários e as entrevistas são processos para adquirir dados acerca das pessoas, sobretudo interrogando-as e não observando-as, ou recolhendo amostras do seu comportamento” Bento, Novembro de 2011
ENTREVISTA A realização de entrevistas constitui uma das técnicas de recolha de dados mais frequentes na investigação naturalista, e consiste numa interacção verbal entre o entrevistador e o respondente, em situação de face a face ou por intermédio do telefone. Em geral, distingue-se entre entrevistas estruturadas, não estruturadas e semi-estruturadas, em função das características do dispositivo montado para registar a informação fornecida pelo entrevistado.
ENTREVISTA • Nas entrevistas estruturadas, cada entrevistado responde a uma série de perguntas preestabelecidas dentro de um conjunto limitado de categorias de respostas. As respostas são registadas de acordo com um esquema de codificação também preestabelecido. O entrevistador controla o ritmo da entrevista utilizando o guião como um script teatral que deve ser seguido de forma padronizada e sem desvios.
ENTREVISTA Em geral, as entrevistas estruturadas utilizam-se em desenhos de investigação onde se pretende obter informação quantificável de um número elevado de entrevistados, com o objectivo de estabelecer frequências que permitam um tratamento estatístico posterior. Assim, é indispensável garantir que o contexto da entrevista e o teor das questões se mantenham inalterados em relação a todos os entrevistados.
ENTREVISTA Nas entrevistas não estruturadas, a interacção verbal entre entrevistador e entrevistado desenvolve-se à volta de temas ou grandes questões organizadoras do discurso, sem perguntas especificas e respostas codificadas. Pode-se pretender que a informação a recolher tenha um carácter extensivo, abrangendo um amplo leque de temas, num registo exploratório, ou, pelo contrário, desenvolver-se em profundidade, explorando de modo exaustivo uma questão ou problema especifico.
ENTREVISTA Por outro lado, a entrevista não estruturada pode desenvolver-se numa lógica descritiva em que se pretende recolher informação sobre os factos, ou pode ser orientada num sentido interpretativo, em que se recolhem opiniões e representações do entrevistado. Regras: • Estabelecer e garantir uma boa relação de confiança, empatia e segurança com o entrevistado. • Explicar claramente o objectivo da entrevista • Explicar as regras do anonimato e da confidencialidade em relação à identidade, grupo ou organização e à informação recolhida.
ENTREVISTA Durante a entrevista, é necessário saber ouvir, isto é, não interromper a linha de pensamento do entrevistado, aceitar as pausas, e, em geral, aceitar tudo o que é dito numa atitude de neutralidade atenta e simpática. Além disso, a estratégia de gestão da entrevista deve basear-se em perguntas abertas. As perguntas fechadas devem ser utilizadas apenas quando for necessário clarificar detalhes do discurso do entrevistado
ENTREVISTA Para a expansão e clarificação de respostas, podem ser usadas diversas técnicas: • Repetir o que o entrevistado disse, por outras palavras, para confirmar o sentido; • Pedir exemplos; • Solicitar que explicite interpretações, causas ou objectivos; • Pedir clarificação de contradições; • Pedir a elaboração de diagramas ou desenhos, se necessário (prever material de escrita para o efeito)
ENTREVISTA As entrevistas semi-estruturadas obedecem a um formato intermédio entre os dois anteriores. O modelo global é o da entrevista não estruturada, mas os temas tendem a ser mais específicos. Em geral, são conduzidas a partir de um guião que constitui o instrumento de gestão da entrevista semi-estruturada. • O guião deve ser construído a partir das questões de pesquisa e eixos de análise do projecto de investigação. • A sua estrutura típica tem um carácter matricial, em que a substância da entrevista é organizada por objectivos, questões e itens ou tópicos. A cada objectivo corresponde uma ou mais questões. A cada questão correspondem vários itens ou tópicos que serão utilizados na gestão do discurso do entrevistado em relação a cada pergunta.
ENTREVISTA Em situações ou circunstâncias específicas pode-se justificar a realização de entrevistas em grupo. É o caso da reunião de um grupo de interlocutores privilegiados numa situação de trabalho de campo. Este tipo de entrevistas colectivas pode ser realizado no âmbito da técnica de focus group. Esta técnica implica a constituição de pequenos grupos de interlocutores privilegiados que se reúnem periodicamente para debater um tema em profundidade.
ENTREVISTA Os focus groups são técnicas de investigação qualitativas que agrupam entre 7 a 10 pessoas (os grupos podem ser mais pequenos entre 4 e 6 pessoas), recrutados com base na semelhança demográfica, atitudinal, comportamental ou outra, que se envolvem numa discussão sobre um tema específico, moderada por um moderador treinado, num espaço de tempo de cerca de duas horas (Greenbaum, 2000).
TÉCNCICAS DE ENTREVISTA • Ghiglione e Matalon (1997) referem algumas técnicas usadas pelo entrevistador: • Técnica das “expressões curtas”, do tipo “compreendo”, “sim”, “estou a ver”, “hum-hum”, acompanhadas pela correspondente expressão facial e gestual, sempre de modo delicado e denotando a atenção e o interesse do entrevistador. • Técnica do “espelho” ou do “eco”, em que o entrevistador repete a palavra ou palavras finais da frase com que o entrevistado termina a sua resposta, com uma expressão que constitua um incitamento para que este continue o seu encadeamento de ideias.
TÉCNICAS DE ENTREVISTA • Técnica da “reformulação” de uma parte da conversa, de tal modo que se volte a ela para a aprofundar; • Técnica das “perguntas adicionais”, o mais neutras possível, solicitando informação adicional através do desenvolvimento da resposta dada,. São perguntas como “porquê?”, “poderia dizer-me mais sobre essa questão?”, etc.; • Técnica do “envolvimento pessoal”, que se efectua geralmente quando o sujeito apresenta algumas reticências ou quando se pretende um maior envolvimento pessoal: “qual é a sua opinião pessoal?”, “o que pensa sobre o assunto?”
TÉCNICAS DE ENTREVISTA • Técnica da “repetição do tema”, quando se está a sair do assunto em questão, mas tomando cuidado para que o entrevistado não o sinta como repreensão; • Técnica dos “silêncios”, levando à reflexão, não excedendo, porém, os cinco segundos, para não causarem um efeito negativo. Os silêncios maiores são difíceis de suportar. Os autores atrás referidos enumeram ainda uma série de técnicas, deliberadamente escolhidas pelo investigador ou surgidas numa dada situação da entrevista:
TÉCNICAS DE ENTREVISTA • Técnica dos “contra-exemplos”, muito utilizada por Piaget nas suas entrevistas. Consiste em, a seguir a uma resposta do sujeito, dar-lhe um exemplo oposto, perguntando o porquê. Por exemplo, a uma resposta como “um polícia prende ladrões”, perguntar “e não ajuda um cego a atravessar a rua?”. Porém, trata-se de uma técnica em que pode haver o risco do sujeito bloquear, quando não possui capacidades para compreender o decorrer secundário ou quando se sente numa situação de ignorância,
TÉCNICAS DE ENTREVISTA • Técnica da “autoridade”, em que o entrevistador cita alegações pretensamente proferidas sobre especialistas no assunto em questão, para verificar o grau de segurança com que o entrevistado defende os seus pontos de vista sem se intimidar. • Técnica da “incompreensão voluntária”, em que os entrevistador se coloca numa situação de não perceber ou conhecer o que o entrevistado refere, pedindo-lhe para lhe explicar melhor: “importa-se de me explicar melhor, porque não estou dentro do assunto?”.
TÉCNICAS DE ENTREVISTA - Técnica da “revisão da entrevista”, em que se lêem algumas das respostas ou se efectua uma audição parcial da gravação da entrevista, solicitando ao entrevistado que aprofunde e dê mais pormenores sobre aquelas questões. Conclusão da entrevista: Deverá terminar no mesmo ambiente de cordialidade e de amena conversa com que começou. Uma pequena revisão das respostas dadas durante a entrevista e a conclusão geral a que se chegou, pedindo-se a aprovação do entrevistado, é uma norma de delicadeza e mais uma oportunidade para eventualmente se refazerem quaisquer realces ou clarificar algumas dúvidas.
ENTREVISTAS EXPLORATÓRIAS As entrevistas exploratórias têm como função principal revelar determinados aspectos do fenómeno estudado em que o investigador não teria espontaneamente pensado por si mesmo e, assim, completar as pistas de trabalho sugeridas pelas suas leituras. As entrevistas exploratórias servem para encontrar pistas de reflexão, ideias e hipóteses de trabalho, e não para verificar hipóteses preestabelecidas. Trata-se, portanto, de descobrir novas maneiras de colocar o problema e não de testar a validade dos nossos esquemas.
INTERLOCUTORES VÁLIDOS Há três categorias de pessoas que podem ser interlocutores válidos nas entrevistas exploratórias: 1º Docentes, investigadores especializados e peritos no domínio de investigação implicado pela pergunta de partida. 2º Testemunhas privilegiadas. Trata-se de pessoas que, pela sua posição, acção ou responsabilidades, têm um bom conhecimento do problema. 3º O público a que o estudo diz directamente respeito, ou seja representantes do público alvo da investigação. É importante que as entrevistas cubram a diversidade do público envolvido.