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Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)SES/DF. Caso Clínico: DOR ABDOMINAL Frederico de Paula Henrique Vieira Coordenação: Luciana Sugai 3/2/2009 www.paulomargotto.com.br. Identificação:. JCSB,7 anos, feminina, natural e procedente do Paranoá.
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Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)SES/DF Caso Clínico: DOR ABDOMINAL Frederico de Paula Henrique Vieira Coordenação: Luciana Sugai 3/2/2009 www.paulomargotto.com.br
Identificação: • JCSB,7 anos, feminina, natural e procedente do Paranoá. • Informante: Teresinha (avó) QP: Dor na barriga há uma semana.
HDA: • Criança com diagnóstico de anemia falciforme há cerca de 3 anos. Encaminhada do Hosp. Paranoá com quadro de dor abdominal difusa intensa que iniciou há uma semana, súbita e sem fatores de piora e melhora e sem irradiação. Associado a dor lombar à direita de moderada intensidade. • Nega febre, vômitos, diarréia e constipação e alterações do sistema respiratório. • Refere diurese presente e sem alterações.
RS: NDN Antecedentes Pessoais: • Nascida de parto normal, termo, sem intercorrências, peso:2340g com desenvolvimento neuropsicomotor sem alterações. LME até o 6 mês. • Vacinação em dia(inclusive meningocócica, pneumocócica e gripe). • Nega cirurgia prévias, doenças comuns da infância e alergia. • Não sabe informar sobe transfusão. • Realiza acompanhamento p/ anemia falciforme no Hosp. de Apoio há 3 anos.
Antecedentes Familiares: • Nega patologias familiares. Hábitos de vida: • Mora em casa com rede esgoto, 5 cômodos e sem animais domésticos.
Ao exame: • Ectoscopia: REG, fáceis de dor, chorosa, pouco cooperativa, hipocorada (++/4+), afebril, hidratada, acianótica, anictérica. • ACV:RCR 2T BNF com sopro sistólico pancardíaco (++/6+) • AR:MVF sem RA, sem esforço • Abdome:semi globoso, distendido, RHA algo aumentado, hipertimpânico, dor a palpação, principalmente em HCD, sem sinais de irritação peritonial. • Ext:sem edema e boa perfusão
Leuc: 24600 (seg:80%, linf:12%, bastões:3%) Hem: 3.400.000 Ht: 23,4% Hg: 7.43g/dL Plaq:248.000 MCV: 69 fL MCHC:31,7 g/dL MCH: 21,9 pg Rdw:22,5 % Hipocromia: ++ Trepanócitos: + Hemograma completo:
Na+: 137 K+: 3,7 Cl-: 104 Uréia: 21 Creatinina: 0,3 TGO: 23 TGP: 09 FAL: 380 GGT: 31 Bioquímica:
Tórax: sem alterações Abdome: distensão gasosa; nível líquido em FIE; sem sinais de obstrução Radiografias:
HD: • Anemia falciforme (Crise álgica) • Abdome agudo
Ecografia: • Vesícula biliar com parede espessa contendo vários cálculos, maior medindo 7mm. • Baço discretamente aumentado de volume.
Conduta inicial: • Dieta zero • Hidratação venosa...120% do Holliday • Ceftriaxone 950 mg EV 12/12h • Omeprazol 20 mg EV 1x/dia • Dipirona 1 mL EV ate 6/6h SOS
Evolução: Criança obteve melhora progressiva do quadro álgico.
Epidemiologia: • África negra • EUA – 8% dos negros são portadores da HbS
A dor é resultado da obstrução da microcirculação causada pelo afoiçamento das hemácias (eventos vaso-oclusivos). • A crise dolorosa abdominal está relacionada ao infarto de pequenas veias mesentéricas e das vísceras abdominais.
Síndromes Clínicas associadas a Dor abdominal • Seqüestro esplênico • Infarto Mesentérico • Apendicite aguda • Crises hepatobiliares • Pancreatite aguda • Colite isquêmica
Sequestro Esplênico • Mais grave das crises anêmicas • Letalidade: 10-15% • 6 meses a 1 ano de idade. • Vaso oclusão sinusóides acúmulo de sangue aumento esplênico hipovolemia e anemia grave.
Sequestro Esplênico Quadro Clínico Súbito mal estar Piora da palidez Dor abdominal Sudorese, taquicardia e taquipnéia Aumento das dimensões do baço
Sequestro Esplênico • Tratamento Expansão Volêmica Hemotransfusão Esplenectomia (casos graves, > 5 anos)
Apendicite • A incidência é a mesma da população geral. • Mas quando ocorre, parece ter curso mais rápido e maior incidência de gangrena e perfuração: • 66,7% nos doentes falciformes • 5% nos na população geral • É comum a suspeita apendicite no paciente falcêmico com dor abdominal devido a semelhança do quadro clínico. • Presença de peristalse na crise álgica.
Infarto Mesentérico • Diagnóstico mais frequente associado a crise álgica abdominal. • Dor abdominal intensa, desproporcional aos achados clínicos, sinais de irritação peritoneal. Pode acompanhar febre e íleo paralítico. • Difícil diagnóstico diferencial com apendicite.
Crises hepatobiliares • Crise aguda de falcização hepática • Colestase intra-hepática • Colelitíase e coledocolitíase • Hepatite viral • As mais frequentes são as hepatites virais e a obstrução do trato biliar
Crises hepatobiliares Hepatites virais • Quadro clínico semelhante à população geral • Hepatites B e C relacionadas às hemotransfusões múltiplas.
Crises hepatobiliares • Colelitíase e Coledocolitíase É a complicação digestiva + comum no paciente pediátrico. Mais frequente nos homozigotos. Prevalência aumenta com a idade. Hemólise aumento de bilirrubina colelitíase (cálculos de bilirrubinato).
Crises hepatobiliares Podem servir como focos de infecção → colecistite e colangite Clínica: • plenitude pós-prandial • Dor abdominal em QSD • Naúseas e vômitos • Intolerância a alimentos gordurosos Laboratório: leucocitose USG: acurácia de 95 a 98% Colecistectomia nos pacientes sintomáticos Colecistectomia profilática?
Conduta no paciente falcêmico com dor no QSD • Todos os pacientes devem ser submetidos aos exames: • HC, reticulócitos, TAP, TTPA, AST e ALT, bilirrubinas, uréia e creatinina • USG auxilia no diagnóstico diferencial • Todos os doentes falcêmicos politransfundidos devem ser submetidos a exames sorológicos periódicos para hepatite B e C
Tratamento da Crise Álgica Nível 1: escala de 1 a 3 • Analgésicos +/- adjuvantes Nível 2: escala de 3 a 6 • Analgésico + antiinflamatório não-esteróide em horários alternados • Opióide fraco +/- antiinfl +/ Nível 3: escala de 6 a 10 • opióide fraco + antiinf+ adj (terapia tripla) • Opióide forte +/ -antiinfl. +/- adj
Em todos os estágios, os fármacos devem ser retirados , um de cada vez, a cada 24h. • A escala deve ser utilizada até o desaparecimento do sintoma • A associação de opióides e antiinflamatórios é recomendada. • Obs: o uso de opiódes não mascara o diagnóstico de abdome agudo.
FIM Obrigado!