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Hospital Geral de Jacarepaguá Serviço de Cirurgia Geral Sessão Clínica:. Úlceras Gástricas Gigantes Raphael Prins. Doença Ulcerosa Péptica.
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Hospital Geral de JacarepaguáServiço de Cirurgia GeralSessão Clínica: Úlceras Gástricas Gigantes Raphael Prins
Doença Ulcerosa Péptica Apesar do declínio da incidência e da prevalência, a úlcera péptica ainda é um grande problema , que resulta em custos de aproximadamente 4 bilhões de dólares, anualmente, aos Estados Unidos. Cerca de meio milhão de novos casos, e quatro milhões de recorrências são diagnosticadas anualmente neste país.
Definição É um defeito escavado da mucosa gastrointestinal que se estende através da muscular da mucosa para dentro da submucosa e camadas mais profundas, decorrente da ação cáustica da secreção ácido-péptica.
Etiopatogenia • Afecção Multifatorial • Desequilíbrio entre fatores protetores e defensores • 70% das úlceras gástricas estão associadas ao Helicobacter pylori • Nos casos restantes há associação com o uso de AINES • Conclusão. Exigências absolutas são a secreção de ácido e pepsina, em conjução pela infecção pelo H.pylori ou a ingestão de AINES.
Secreção Gástrica • Acetilcolina – Liberada pela estimulação vagal do estômago, que é influenciado pela visão, olfato, paladar, mastigação, etc. • Histamina – Vem de células semelhantes aos mastócitos, localizadas na mucosa do estômago, sua ação se faz de forma parácrina (efeito em células da redondeza). • Gastrina – Produzida pelas células G do antro gástrico em resposta a diversos estímulos (alteração do pH do conteúdo gástrico e presença de proteínas dietéticas).
Fatores de Risco • AINES e H. pylori • Idade entre 55 e 65 anos • Classe sócio econômica inferior • População não-branca • Ingestão crônica de álcool • Refluxo gastroduodenal de bile • Tabagismo • Infecção • Uso crônico de corticóides • Dieta (chá, café, refrigerantes)
Causas Incomuns • Doença de Crohn • Restos pancreáticos • Sífilis • Infecção por Candida • Doenças malignas, como Sarcoma de Kaposi, linfoma ou carcinoma pancreático
Classificação de Johnson (1965) • Úlcera Gástrica Tipo 1 (60-70%) – Tipicamente, elas se localizam na curvatura menor, próxima á junção da mucosa oxíntica e antral. • Úlcera Gástrica Tipo 2 (15%) – Ocorrem na mesma localização da tipo I, mas estão associadas á uma lesão ulcerosa duodenal ativa ou crônica. • Úlcera Gástrica Tipo 3 (20%) – Tipicamente estão localizadas até 2 cm do piloro. • Úlcera Gástrica Tipo 4 (raro) – Localizada na parte proximal do estômago ou na cárdia gástrico.
Complicações Complicação mais comum na úlcera gástrica. Mortalidade de 10 a 15%, elevando-se para 15 a 35% em caso de ressangramento. Fatores de risco para ressangramento -Idade > 60 anos - Hemorragia inicial de vulto - Comorbidades pulmonares e/ou cardiovasculares - Úlcera em pequena curvatura do estômago Hemorragia
Complicações Segunda complicação mais comum. - Mortalidade de 40% - 25% dos pacientes possuem mais de 60 anos e estão em uso de AINES - 80 a 90% possuem pneumoperitôneo na rotina de abdome agudo - 5% podem ser submetidos ao tratamento conservador Perfuração
Úlcera Gástrica Gigante • Definidas como úlceras com um diâmetro de 3 cm ou mais. • Encontradas geralmente (96%) na curvatura menor. • Não é incomum que penetrem nas estruturas contíguas, como o baço, o pâncreas, o fígado ou o cólon tranverso, e sejam falsamente diagnosticadas como uma malignidade irressecável, apesar dos resultados normais da biópsia. • Incidência de malignidade de 6% para 30% e aumenta com o tamanho da úlcera.
Úlcera Gástrica Gigante • Mesma etiologia das úlceras pépticas. • Apresentam uma grande probabilidade de desenvolver complicações (perfuração e sangramento). • Risco 3 a 5 vezes maior de malignidade que as demais úlceras.
Úlcera Gástrica Gigante Número de Úlceras Estudo Ano Gástricas Gigantes Malignidade Percentual -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Lumsden 1950 15 4 27% Jenings and Richard 1954 17 1 6% Turner et al 1957 100 11 11% Cohn and Sartin 1958 35 3 9% Strange 1959 73 2 3% Elfving et al 1968 41 0 0% Lulu 1971 14 4 29% Gustavsson et al 1987 25 0 0% Barragry et al 1988 49 5 10% Chua et al 1992 62 8 13% Raju et al 1999 129 2 2%
Emergência • Pefuração • Sangramento • Hemorragia exsangüinante • Sangramento > 6 unidades de sangue • Lento e persistente durante dias • Recidiva do sangramento durante tratamento clínico ou após hemostasia endoscópica • Úlcera > 2 cm
Opções Cirúrgicas Vagotomia Interrupção da estimulação das células parietais pela acetilcolina. Antrectomia Interrupção da estimulação das células parietais pela gastrina.
Caso Clínico 15/12/06 –Emergência do HGJ • ID: NFL, 85 anos, sexo masculino, viúvo, aposentado, natural do Rio Grande do Norte. • QP: “dor na barriga” • HDA: Relato de dor abdominal epigástrica em queimação há 1 semana associado á melena, com intensa piora nas últimas 24 horas. • HPP: DM e HAS
Caso Clínico • Exame Físico: Paciente vigil, agitado e algo desorientado. Hipocorado (3+/4) e hipohidratado (2+/4). Eupneico e acianótico. Mobilizando os 4 membros. Afebril. PA = 80 x 50mmHg FC = 111bpm FR = 24irpm ACV = RCR 2T, BNF, ausência de SS AR = MVUA, s/ RA ABD = doloroso á palpação profunda em região epigástrica e mesogástrica. Peristalse débil.
Caso Clínico Laboratório de admissão: Htc: 30,5% Hb:9,7g/dL Leucograma: 5.710 (0/0/0/0/20/66/12/2) Cr: 1,8 mg/dL Uréia: 57mg/dL Glicose: 155 mg/dL Amilase: 49 U/L Sódio: 139 mEq/L Potássio: 4,8 mEq/L
Caso Clínico • Realizada Raio X torácico evidenciando pneumoperitôneo. • Realizada então EDA na urgência que evidenciou úlcera gástrica perfurada. Paciente encaminhado ao centro-cirúrgico para realização de laparotomia exploradora.
Caso Clínico Boletim Operatório (15/12/06) • Grande quantidade de secreção em cavidade, com perfuração gástrica em parede anterior de antro. • Grande lesão ulcerada que acometia cerca de 80% da circunferência do antro. • Identificada lesão tumoral no fígado, acometendo segmento IV e V. Realizado biópsia. - Realizada ressecção da borda da úlcera e rafia em 2 planos.
Caso Clínico • Resultados Histopatológicos: 10 fragmentos gástricos: - Úlcera gástrica perfurada 2 fragmentos hepáticos: - Adenocarcinoma metastático
Caso Clínico Resumo da Evolução pós-operatório 15/12/06 Internado no CTI, com score de 18 pontos na Classificação Apache II (mortalidade de 12%). Iniciado antibioticoterapia com Cipro e Metronidazol. 16/12/06 Transfusão de 02 concentrados de hemácias. Iniciada noradrenalina em baixa dose. Diurese protraída, com aumento das escórias.
Caso Clínico 17/12/06 Melhora da diurese. Cr: 2,3 K:6,7 19/12/06 D4 PO. Retirada noradrenalina. Episódios de hipoglicemia. Ausência de peristalse. Leucograma: 9.470 (0/3/0/0/12/77/5/3) Cr: 3,0 Uréia:104 K: 4,6 Na: 137 TGO: 204 TGP: 162 Glicose: 61 20/12/06 Realizado contraste pela sonda naso gástrica, que ao raio X não evidenciou extravazamento.
Caso Clínico 23/12/06D8 PO. Diurese de 1500ml/ 24hs. Afebril. Acordado e cooperativo. Dieta de prova. Encaminhado a UI Cirúrgica. 25/12/16 D10 PO. Sonolento e algo desorientado. Hemodinamicamente estável. Abdome flácido, indolor e peristáltico. FO com saída de pouca secreção. Constatada evisceração em terço inferior, sendo a mesma contida por 2 pontos donatti em pele.
Caso Clínico 26/12/06 Piora do estado geral. Sonolento. Febril (39,5° e 38,3° C). Ictérico (+4+) Htc: 21,6% Hb: 7,3 g/dL (queda de 13% em 3 dias) Leucograma: 14.700 (0/0/0/0/16/64/14/6) Cr: 1,4 Uréia: 108 K: 4,7 Na: 128 Gasometria arterial com alcalose respiratória. -realizada tranfusão e 03 concentrados de hemácias.
Caso Clínico 27/12/06 D12 PO. Realizada EDA constatando: úlcera péptica gástrica gigante com sinais de sangramento recente; úlcera péptica duodenal; cicatriz de úlcera duodenal; deformidade bulbar. 29/12/06 Apresentou 1 pico febril e momentos de desorientação, com piora do leucograma. Optou-se então pelo início de Tazocin, retirando os demais antibióticos.
Caso Clínico 31/12/06 D16 PO. Hemodinamicamente estável sem aminas. Febril (39°, 39°, 38,7° C). Htc: 28,6% Hb: 9,2 g/dL Leucograma: 8.950 (0/4/0/0/6/67/21/2) Cr: 1,1 Uréia: 37 K: 3,4 Na:137
Caso Clínico 02/01/07 D18 PO. Nova EDA que visualizou úlcera gástrica ativa sem sinais de sangramento. Imagem pulmonar compatível com pneumonia. 04/01/07 Associada Vancomicina Urinocultura (29/12/06) – Enterococos Hemocultura (29/12/06) - MRSA
Caso Clínico 07/01/07 D23 PO. Vigil. Febril (39,2° C). Algo taquipneico. Diurese satisfatória. Htc: 23,9% Hb:7,9 g/dL Leucograma: 14.200 (0/1/0/0/8/77/8/6) Cr; 1,3 Uréia: 28 K: 3,7 Na: 136 10/01/07 Novo episódio de melena.
Caso Clínico 11/01/07 Paciente encaminhado para enfermaria, fazendo uso de SNE e CVD. 15/01/07D31 PO. Realizada nova EDA, demostrando úlcera gástrica em cicatrização e cicatriz de úlcera duodenal. Htc: 28,2% Hb: 9,4 g/dL Cr: 1,1 Uréia: 22 K: 4,6 Na: 133
Caso Clínico 24/01/07 D40 PO. Vigil. Desorientado. 2 picos febris (38° C). Eupneico, respirando espontaneamente em ar ambiente. Retirado acesso venoso. Sem antibiótico. Solicitado parecer ao SAD. 27/01/07 Mantendo quadro neurológico. Ainda febril. Leucograma: 12.3000 0/1/0/0/7/70/21/1
Caso Clínico 29/01/07 D45 PO. Ausculta pulmonar com creptações bibasais. Solicitado raio X de tórax e constatado pneumonia. Iniciado Cefepime. 31/01/07 Mantendo-se febril. Algo desorientado. Abdome flácido, depressível, sem irritação peritoneal. FO cicatrizando por segunda intensão.
Caso Clínico • 01/02/0705hs D48 PO Ulcerorrafia. Midríase fixa bilateral. Constatado Óbito